sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Lévi-Srauss e o cinema

 (...) Na taxonomia estética do antropólogo, ou bem um artista seguia a linha Ingres ("mensagem" encarnadas e cores e nas formas, "falando diretamente uma linguagem plástica") ou a linha Rembrandt ("mensagens" sobressalentes, agregadas à pintura). Hitchcock era Ingres; Bergman, um Rembrandt manqué. Mas fazia sérias ressalvas a Os pássaros, de caráter etnográfico, inclusive. Considerava-o uma alegoria demasiado mecânica, artificial, e seus vilões alados sem o mistério e as ambiguidades dos pássaros de verdade...

(...) Precoce entusiasta de óperas e concertos, acreditava que Wagner e outros gênios operísticos "sonhavam com o cinema e o anteciparam". Dizia-se frustrado pela inexistência de filmes francamente operísticos, feericamente realizados e explorando ao máximo as potencialidades do espetáculo cinematográfico, com Siegfrieds escalando arco-iris ou galopando corcéis sobre as nuvens, a caminho de castelos celestes. Há quem acredite que o visualmente delirante Os anos de fogo. (Os anos de fogo no iutubi aqui), da viúva de Aleksandr Dovjenko, Yuliya Solntseva, prêmio de direção no Festival de Cannes de 1961, lhe teria enchido os olhos... (Sérgio Augusto, A cinefilia de Levi-Strauss, In Vai começar a sessão, ensaios sobre cinema, pp. 259-262, Objetiva, 2019).

NB1: os links inseridos no texto copiado são de autoria deste que vos fala.


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