segunda-feira, 21 de março de 2022

Bolsonaro com a Globo

Globo defende desmonte da Petrobras em "10 empresas, todas privadas" em editorial

Alinhada a Bolsonaro - que já disse mais de uma vez que quer "se ver livre da Petrobras" - família Marinho manda recado aos candidatos: só vai apoiar quem defender a privatização da estatal do petróleo

Por Plinio Teodoro, MÍDIA, 19/3/2022 

Alinhada ao objetivo de Jair Bolsonaro (PL) - que já disse mais de uma vez que quer "se ver livre da Petrobras" -, o jornal O Globo dedicou seu editorial deste sábado (19) para defender a ideia de um desmonte da estatal petrolífera "em pelo menos dez empresas, todas privadas" cunhado pelo diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, em artigo no mesmo jornal.

"Trata-se de uma sugestão que deveria ser examinada com toda a seriedade", diz O Globo com certo ar de sarcasmo ao emendar que a medida "não teria, obviamente, o condão de eliminar o impacto da flutuação do preço internacional no mercado brasileiro", imposta pelo governo golpista de Michel Temer (MDB) e mantido por Bolsonaro.

De forma surreal, o jornal, porta-voz político da família Marinho, diz que "o domínio da Petrobras sobre o mercado de refino no Brasil" é "um elefante atrapalhando a discussão a respeito do preço dos combustíveis".

No entanto, a própria empresa cita que o monopólio do beneficiamento do petróleo foi quebrado em 1997. Mas, esquece de dizer que o país não vive crises de desabastecimento justamente por causa do refino feito pela Petrobras, responsável por 13 das 17 refinarias existente no Brasil.

De forma confusa, O Globo retoma a questão da precificação dizendo que "implantar a concorrência" teria como "efeito mais óbvio tornar mais justos os preços ao consumidor", contrariando a informação anterior, de que o que determina o preço dos combustíveis atualmente é justamente a política de dolarização adotada pela Petrobras.

Mostrando seu total alinhamento à política econômica do governo - e os motivos de se colocar radicalmente contra Lula (PT) -, o jornal da família Marinho diz que "para que isso se torne realidade, é preciso mais que o presidente Jair Bolsonaro se dizer disposto a privatizar a Petrobras amanhã".

"A classe política tem de entender que a melhor forma de impor limites aos poderes da estatal sobre os preços é criar um mercado competitivo para valer", prega a Globo, mandando recado aos candidatos à Presidência em forma de ameaça velada.


Petrobrás omite que paridade de importação é o que mais pesa no preço dos combustíveis, diz Observatório

Observatório Social da Petrobrás aponta que desde o segundo semestre do ano passado o brasileiro já vem pagando os maiores valores de combustíveis da história

18 de março de 2022

A Petrobrás divulgou nesta sexta-feira (18) nota para justificar o reajuste da gasolina, diesel e gás de cozinha. A empresa afirmou que não pode antecipar decisões sobre preços dos combustíveis e não esclarece que o principal responsável pela explosão dos preços é o Preço de Paridade de Importação (PPI), a política definida pelo governo federal desde o Golpe de 2016 para calcular o valor dos combustíveis no país. 

Segundo o Observatório Social da Petrobrás (OSP), ao contrário do que sugere a nota da companhia, não foi a guerra entre Rússia e Ucrânia que gerou preços impagáveis no Brasil. "Esse episódio apenas piorou a situação, pois desde o segundo semestre do ano passado o brasileiro já vem pagando os maiores valores de combustíveis da história", diz o OSP, organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

Segundo levantamento do OSP, o custo da estatal para extrair petróleo, somado ao de refinar um barril equivalente de petróleo, caiu 3 centavos entre o 4º trimestre de 2021 e o mesmo período do ano anterior. Isso representa uma variação negativa de custo de 0,3% (essa estimativa não leva em consideração as participações governamentais, que variam junto ao preço do barril, o que fez a companhia ter que pagar mais por barril ao Estado).

Nesse mesmo período, o “Preço derivados básicos ‐ no Brasil (R$/bbl)” calculado pela empresa subiu 81%. Já o valor do barril de petróleo em reais aumentou 86%. Ou seja, mesmo não variando o seu custo de produção, e apenas tendo que pagar mais royalties, a empresa teve um reajuste no preço dos derivados superior a 80%. Esses valores elevadíssimos foram os responsáveis por um lucro recorde, distribuído aos acionistas da estatal. 

Segundo o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), a Petrobrás pagou R$ 7,77 de dividendos por ação. “Isso significa que quem comprou uma ação da companhia ao preço do início de 2021 recebeu o equivalente a 28% do seu valor em um único ano. Tudo isso às custas do consumidor brasileiro”, afirma.

A nota da companhia destaca ainda que a “A Petrobrás tem sensibilidade quanto aos impactos dos preços na sociedade...”. Para o Observatório, se realmente existisse essa “sensibilidade” a gestão da estatal certamente já teria mudado a política de preços dos combustíveis. 

“Quase a metade da inflação de 2021 foi gerada unicamente pelos combustíveis, que têm a Petrobrás como seu principal agente de produção e comercialização no país. Se o governo quiser, ele pode cobrar preços mais baratos para a população, baseando o cálculo da gasolina, do diesel e do botijão de gás em custos nacionais. Isso é possível porque o Brasil é o 9º maior produtor de petróleo do mundo e detém um grande parque de refino, que dá conta de 80% da demanda nacional”, argumenta o economista. 


Boletim 247 - Bolsonaro ataca a Petrobrás: "privatizaria hoje"

Petrobras defende sua política de preços e novas altas da gasolina

Preços de combustíveis sobem até 14,4% na bomba, após reajuste da Petrobras

Gabriela Bulhões  21/03/2022

Os preços dos combustíveis nas bombas dos postos de gasolina registraram mais um aumento, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A alta foi calculada no período base entre os dias 13 e 19 de março e demostra o reflexo do reajuste anunciado pela Petrobras no dia 11 de março, que foi de de 18,77% para gasolina, 24,9% para diesel e 16,06% para o gás de botijão.


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