Em testes, 5G é mais rápido, porém celular consome mais bateria que 4G
Aurélio Araújo, Colaboração para Tilt, em São Paulo, 27/03/2022
O 5G, última novidade em tecnologia de internet móvel, pode ser até 20 vezes mais rápido que o 4G, https://www.uol.com.br/tilt/faq/o-que-e-5g-tire-suas-duvidas-sobre-a-quinta-geracao-da-telefonia.htm mas essa velocidade toda não vem de graça: ele também consome bem mais bateria. A repórter Nicole Nguyen, do jornal americano "The Wall Street Journal", conduziu alguns testes utilizando iPhones para mostrar as diferenças de gasto de energia.
Se, no Brasil, as frequências de rádio para o serviço de 5G foram leiloadas no ano passado e só devem chegar ao público em geral daqui a alguns meses (e ainda assim, em locais muito restritos), nos Estados Unidos, já é possível usar essa tecnologia. Mas, segundo Nguyen, mesmo lá ela ainda não está disponível em todo lugar.
Antes de tudo, é preciso lembrar que, para navegar no 5G, é preciso ter um smartphone ou tablet que ofereça o suporte para a tecnologia. Já há vários desses modelos no Brasil, e eles são predominantes entre os novos lançamentos.
O 5G é mesmo muito rápido
A repórter afirma que, ao andar pela cidade de San Francisco, na Califórnia, ela encontrou diferentes velocidades de 5G para download, que variam entre 160 e 361 Mbps (sigla para "megabits por segundo", unidade de medida de velocidade de internet). As velocidades estão muito acima do que Nguyen encontrou quando fez downloads em 4G, quando elas ficaram em torno de 55 a 144 Mbps. A rapidez é ainda mais impressionante quando se considera que a velocidade média da internet de todos os EUA foi de 99,3 Mbps ao longo de 2021.
Um detalhe: a variação na velocidade atestada pela jornalista se dá porque, ao andar, passamos por prédios altos, árvores e outros obstáculos que interferem no oferecimento do sinal. Todos nós já sentimos isso ao tentar usar o 4G, por exemplo, numa garagem subterrânea, onde o sinal chega de forma muito menos intensa.
Mas a bateria sofre
A repórter então fez uma comparação entre o 5G e o 4G usando dispositivos diferentes, cada um configurado para utilizar uma dessas tecnologias de internet móvel. Para isso, colocou ambos para reproduzirem um vídeo longo no YouTube, de imagens relaxantes do oceano, com a qualidade de vídeo configurada em "Auto" no player. Esse é um detalhe importante: ao configurar a qualidade de vídeo para "Auto", o player do YouTube busca alguns fatores (como tipo de conexão e tamanho de tela) para encontrar a qualidade ideal de transmissão de vídeo ininterrupta, ou seja, sem ter que parar para carregar.
Os aparelhos escolhidos por Nguyen foram todos da Apple: no novo iPhone SE (2022) e no iPhone 13 Pro, ela fez o teste utilizando 4G e 5G oferecidos pela operadora T-Mobile. Já no iPhone 13 Mini e no novo iPad Air, ela fez o teste usando 4G e 5G de outra operadora, a Verizon. Assim, o iPhone SE durou uma hora a mais no 4G do que no 5G, enquanto o iPad Air e o iPhone 13 Mini duraram uma hora e meia a mais no 4G.
Mas fica uma ressalva: esse tipo de teste, como a própria Nguyen admite, não diz tanto sobre o tempo de duração da bateria, já que ninguém fica por horas com a tela ligada assistindo um único vídeo. Ele ajuda a evidenciar, porém, como o desempenho da bateria é mais exigida pelo 5G do que pelo 4G.
O que fazer?
É claro que, para nós brasileiros, a preocupação com consumo de bateria no 5G ainda é uma questão de luxo — por aqui há apenas conexões 5G DSS, considerado um "5G de transição". Mas existe uma maneira de fazer com que seu telefone use menos bateria, alterando suas configurações. No menu sobre uso de dados móveis do smartphone, é possível colocá-lo para alternar entre 4G e 5G, dependendo da tarefa a ser executada. Nos aparelhos da Apple, por exemplo, isso é conhecido como "Smart Data Mode" (modo de dados inteligente). Assim, para baixar um filme, ou seja, uma tarefa pesada, o smartphone usará o 5G.
Mas, para tarefas mais leves do dia a dia, como o envio de uma mensagem ou a checagem de um e-mail, o smartphone automaticamente busca usar o sinal 4G, que resolve o problema sem muito gasto de energia. Agora, é claro, existe uma opção muito mais simples: desligar o 5G por conta própria e só ativá-lo quando for necessário. Seja como for, por enquanto, essa ainda não é uma preocupação em nosso país.
5G vem aí: entenda por que o leilão do Brasil foi o maior do mundo
De Tilt, em São Paulo* 07/11/2021
O leilão para a exploração e oferta do 5G no Brasil terminou na sexta-feira (5) definindo quais empresas poderão levar a internet móvel de última geração aos brasileiros a partir de 2022. Ao todo, o certame rendeu R$ 46,790 bilhões. Trata-se do maior leilão de faixas de frequência da história do país —para se ter uma ideia, a venda das faixas do 3G rendeu R$ 7 bilhões; do 4G movimentou R$ 12 bi; e a privatização da Telebras, R$ 22 bi. Para analistas, incluindo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento) foi também o maior leilão de 5G do mundo.
O motivo para esse sucesso tem a ver com a quantidade de faixas de radiofrequência e o tamanho de cada uma. Foram vendidas quatro bandas: 700 MHz; 2,3 GHz; 26 GHz e 3,5 GHz —esta última, que é a mais usada pelo 5G no mundo, teve mais de 400 Mhz de largura de espectro em oferta.
O bolo do 5G
Calma que a gente explica. Pense no 5G como um bolo, em que cada uma dessas faixas de frequência é representada por uma camada de recheio. A Claro, por exemplo, abocanhou uma fatia com três camadas: a de 3,5 GHz; a de 2,3 GHz; e a de 26 GHz. Já a novata Brisanet pegou uma fatia só com 3,5 GHz e 2,3 GHz. Embora as duas tenham levado para casa um pedaço da camada de 3,5 GHz, o tamanho da fatia foi menor para cada uma. A Claro levou uma fatia larga, de 100 Mhz, enquanto a Brisanet ficou só com um corte de 80 Mhz, destinado especificamente ao Nordeste e ao Centro-Oeste do Brasil.
O que importa, porém, é o tamanho do bolo, que permitiu não só que empresas mais tradicionais como Claro, Vivo e Tim participassem, mas deu espaço também para a entrada de novas operadoras que até agora não forneciam internet móvel para tantas regiões do país.
Ao todo, o "bolo" do 5G tinha 3,7 GHz em diâmetro de capacidade espectral: 400 MHz nos 3,5 GHz; 20 MHz nos 700 MHz; 90 MHz nos 2,3 GHz; 3,26 GHz nos 26 GHz.
"Nunca vi tanto espectro sendo leiloado assim de uma única vez", comentou Francisco Soares, então vice-presidente de relações governamentais da Qualcomm, maior fabricante de processadores para celulares do mundo, em entrevista concedida a Tilt em 2020.
"Se você somar as frequências que as operadoras têm em uso com 2G, 3G e 4G dá uns 600 MHz. O leilão trará mais de seis vezes o que a gente tem em operação hoje", acrescentou Tiago Machado, então diretor de relações institucionais da Ericsson, que fabrica equipamentos de telecomunicação, na mesma ocasião.
Serão ofertadas 4 faixas de frequência:
Quatro leilões em um Vale lembrar que o leilão do 5G não foi só do 5G. Segundo Leonardo Euler Morais, que terminou seu mandato como presidente da Anatel no primeiro dia do leilão, foram "quatro leilões em um", considerando o número de faixas disponíveis. Além disso, partes das frequências que foram vendidas serão usadas, a princípio, para o 4G e são uma espécie de "sobra" de outra licitação. É o caso da faixa de 700 MHz. Em 2014, Tim, Claro e Vivo arremataram porções do espectro que já estão sendo usadas para oferecer 4G com maior alcance —o modelo inicial adotado no país era o que operava na faixa dos 2,5 GHz. Dessa vez, quem levou os 700 MHz foi a startup Winity, de São.
Para o 5G comercial serão usadas as faixas do 3,5 GHz e do 26 GHz. Esta última é chamada de faixa milimétrica e oferece alta capacidade de transmissão, o que inclui também maior velocidade. Vivo e Claro, que arremataram a parcela nacional do 26 GHz, em contrapartida terão que levar internet de qualidade para escolas públicas. Mas muitos lotes dessa faixa não chegaram a ser vendidos para ninguém. Segundo Abraão Balbino, presidente da Comissão de Licitação do Leilão das frequências do 5G, isso aconteceu porque a faixa se refere a uma iniciativa exploratória. Com isso, existem incertezas por parte das empresas de como a tecnologia poderá ser implementada.
"A gente disponibilizou muito espectro para ver até onde ia. Obviamente há incertezas e eu entendo que isso faz com que haja um desejo um pouco menor nessa faixa do que em outras. Mas isso é esperado. Todo leilão tem sobras de espectro", explicou durante entrevista coletiva após o leilão, na sexta.
*Com reportagens de Helton Simões Gomes, Abinoan Santiago e Letícia Naísa.
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