sexta-feira, 15 de abril de 2022

Escola cara para que?

Qual é o problema de a escola de R$ 14 mil por mês ter palestra com líder do PSOL?

O que podemos aprender com o alvoroço causado pela participação, em um evento da Avenues, de uma pré-candidata a deputada de esquerda

Laura Mattos, FSP, 14/04/2022

Foi um alvoroço nas redes sociais dos ricos. Tudo porque a líder indígena Sonia Guajajara, que é pré-candidata a deputada federal pelo PSOL, foi convidada a participar de um evento da Avenues São Paulo, a escola com origem norte-americana que ficou famosa pelo alto valor das mensalidades, agora em torno de R$ 14 mil.

O episódio se deu em 28 de março, mas, nos tribunais online, parece longe do fim a gritaria de pais e mães de escolas de elite. É tanto ódio nos comentários que, nesse julgamento, é difícil outro veredito que não o da pena de morte para a esperança na humanidade.

A líder indígena Sonia Guajajara, pré-candidata à deputada federal pelo PSOL - Adriano Machado/Reuters

Segue um resumo do que se passou: Um professor convidou Guajajara para uma palestra na Avenues. A líder indígena, ao defender a reforma agrária, foi criticada por um estudante, que disse: "Desculpe eu te falar isso. Isso é roubo de propriedade privada. Por favor, melhore". O professor perdeu a linha na reação à fala do aluno: "Quando você entender o que é ser uma pessoa desse tamanho, vai se lembrar desse dia com muita vergonha. Eu sou especialista por Harvard. Isso é ciência, não é discussão. No dia que você quiser discutir com a gente, traga seu diploma."

Até aí, o que temos além de um conflito no qual, conforme a nota da Avenues, um aluno discordou de modo desrespeitoso de uma convidada e o professor teve uma reação inapropriada? Seria uma oportunidade de aprendizado para todos, independentemente da opinião sobre a reforma agrária ou o PSOL. Só que não.

A cena foi gravada por outro aluno, caiu na rede e aí... fogo no parquinho, ou fire at the playground, que na Avenues se fala inglês. De pronto se exigiu a demissão do professor –por bem menos, pais e mães se mobilizam para pedir a cabeça de profissionais de escolas, como se essa fosse uma relação de consumo simplesmente.


ESCOLA CARA PARA FILHO DE RICO BURRO. [O caso de palestra de Sônia Guajajara]


Nenhum comentário:

Postar um comentário