terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Pílulas 11

Adélia Prado


Entrevista: Adélia Prado

Luiz Henrique Gurgel, 20 Dezembro 2010, Escrevendo o futuro

“Você sente que algo ‘pede’ expressão. É o momento do trabalho concreto de escrever.”
A “conversa” foi por e-mail. Depois de várias tentativas, Adélia Prado, quando soube tratar-se de uma Olimpíada de Língua Portuguesa voltada a professores e estudantes de escolas públicas, aceitou responder às nossas perguntas: “Esta entrevista me anima. Há muita gente boa preocupada em melhorar a qualidade da vida e do ensino de nossas crianças. Longa vida aos que levam a sério a tarefa de fazer do nosso país uma nação”. Mas o assunto principal foi mesmo o ofício de poeta e o ato de escrever: “Poesia é essa radiação que as coisas têm e que é percebida por meio da arte. Essa radiação é como se fosse o brilho da realidade”.

■ Poeta nasce poeta ou se constrói como poeta??
O poeta, como qualquer outro artista, nasce como nascem os cantores, já de posse do seu dom. O que se constrói nele é a vida, que segue o processo natural em toda pessoa, artista ou não, visando seu amadurecimento. Tal processo se reflete inevitavelmente na obra. Rigorosamente falando, uma oficina literária não “cria” um escritor, mas pode descobri-lo, como uma escola de música descobre um virtuoso.
A poesia não é uma descrição de alguma coisa, não é um comentário a respeito de nada. É uma expressão. Toda arte verdadeira só tem um objeto: a poesia. A obra de um artista, quando verdadeira, seja de que arte for, tem o poder de revelar a poesia contida no ser das coisas. Eu não dou conta de pegar o ser de uma rosa, de um rio, de uma passagem, de um rosto. Só quem consegue revelar esse ser das coisas é a arte, que nos mostra a beleza suprema delas.
Nesse sentido, a arte me abre para a realidade. A maravilha dela é isso. É uma epifania. Isso em qualquer tipo de arte, como o teatro, a música, o cinema, a dança, a escultura. A poesia é essa radiação que as coisas têm e que é percebida por meio da arte. Essa radiação é como se fosse o brilho da realidade.
■ Como nasceu sua vontade de escrever? É uma necessidade? Conseguiria viver sem escrever?
Ainda menina, descobri o poder e o prazer da palavra. Escrevo desde os catorze anos, quando fiz meu primeiro soneto. Tudo o que escrevi até Bagagem não tem nenhum valor literário. São coisas que têm importância, para mim, afetiva, de um bom tempo da minha vida. Agora, literatura, a entrega a um processo de escrita torrencial, eu comecei aos quarenta anos.
Eu é quem preciso do exercício de escrever. Vejo como um dever, uma fidelidade a Deus que me concede o dom. Qualquer pessoa, e infelizmente isso acontece muito, consegue viver fora de sua vocação, mas, com altíssimo custo para sua saúde e prejuízo para a comunidade humana, porque o exercício do dom é exigência desse mesmo dom.
■ Como funciona seu processo de escrita? Que tipo de sensação ou vontade vem primeiro no momento da construção de seus poemas?
Você sente que algo “pede” expressão. Então, é o momento do trabalho concreto de escrever, procurar como dizer aquilo que está pedindo expressão. Num primeiro momento, acredito na inspiração. É o estado e fruição poética que determinada coisa lhe provoca, com o desejo imediato de expressar aquilo. É uma necessidade fatal. O segundo, a escrita propriamente, considero momento de enorme prazer e alegria. É uma coisa fantástica escrever, descobrir sua própria voz. Quem escreve sabe disso.
■ Como foi o aparecimento do seu primeiro livro, Bagagem?
O livro apareceu em 1976. Eu comecei a escrevê-lo por volta de 1973. Meu primeiro livro foi feito num entusiasmo, na felicidade da descoberta. Emoções para mim inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. E os poemas praticamente irromperam, apareceram cargas e sobrecargas de poemas. Eu escrevia muito nesse período, e quando eu vi que o volume tinha uma unidade, que ele não era apenas uma coleção de poemas, pois tinha uma fala peculiar, dele próprio, entre outros títulos que me ocorreram, Bagagem era o que resumia, para mim, aquilo que não posso deixar ou esquecer em casa. A própria poesia.
■ Temas relacionados à mulher, à religiosidade, ao amor e ao desejo são predominantes em sua obra. Existem temas que são mais poéticos ou mais líricos que outros? Ou a poesia pode servir “a todas as fomes”?
A poesia não é assunto, não é enredo, não é tema. Poesia é forma, que se utiliza de tudo. Não há temas mais poéticos. O real é o grande tema. E nós temos o real no cotidiano, configurado no amor, na morte, nas virtudes e nas mais diversas paixões que nos habitam. Qualquer coisa é a casa da poesia. Ela alimenta, dá significação, sentido à vida. A poesia pousa onde lhe apraz. Tem o dom de espalhar humanidade.
■ Existe uma poesia “feminina” e outra “masculina”?
Poesia feminina é uma tristeza tão grande quanto poesia masculina. Como não tem assunto, a poesia também não tem gênero. É hermafrodita. A poesia é fraterna, solidária, chama tudo a um centro humano divino. É sempre comunhão.
■ O que dá mais trabalho, ficção ou poesia?
Os dois dão a mesma alegria. A ficção tem feitura mais trabalhosa. Se pudesse escolher, seria só poesia.
■ Quais são os autores decisivos para sua formação literária?
Dos autores do meu curso primário, cito alguns: Olavo Bilac, Cecília Meireles, Martins Fontes, Castro Alves têm minha perene gratidão. Adulta, conheci nossos grandes: Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e outros maravilhosos autores, incluindo muitos estrangeiros, foram e são importantes, porque me fazem ver o que é literatura, a diferença crucial entre versos bonitos e um poema verdadeiro.
■ Em que medida eles foram fundamentais?
Por meio das obras deles eu vi espelhada a minha humanidade. Eu falei: “Sou um igual”. Eu me vi reconhecida, me vi refletida, e eles confirmaram a minha humanidade. Gostam do que eu gosto. Minha felicidade foi imensa. Continuava a escrever, mas enfadara- me do meu próprio tom, haurido de fontes que não a minha. Até que um dia, após a morte de meu pai, começo a escrever incessantemente e percebo uma fala minha, diversa da dos autores que amava. É isso, é a minha fala. Isso me deu um descanso, me deu alegria.
■ Nossa publicação é voltada a professores de escolas públicas do Brasil. Conte-nos um pouco de sua longa experiência como professora. Sendo poeta e escritora, como lidava com o trabalho de leitura e escrita de seus alunos?
Não tem segredo. Fui professora antes de publicar meu primeiro livro. Se ofereço bons autores aos alunos e os deixo ler sem o castigo de “tirar a mensagem do autor”, descobrirão a maravilha do universo que um livro pode oferecer. A literatura trata da experiência humana. O leitor se apropria do texto porque o texto se torna dele. Se a escola parar de tratar a literatura como matéria de vestibular e incluí-la no feijão com arroz de sua atividade pedagógica, o resto acontecerá sozinho e melhor: sem esforço. E, melhor ainda, com imensa alegria. Acabei de escrever meu segundo livro infantil: Carmela vai à escola. E coincidentemente lá está a melhor resposta que poderia oferecer à sua pergunta.

 
O livro 'Carmela vai à escola'


■ Os professores que participam da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro trabalham em sala de aula com a leitura e a escrita de gêneros textuais, entre eles a poesia. Na opinião da senhora, que tipo de postura um professor pode ter na hora de trabalhar poesia com crianças e adolescentes?

A melhor postura é a de mostrar que ele mesmo, professor, ama a leitura, contagiar os alunos através da ficção e da poesia com seu entusiasmo sobre nossa maravilhosa língua portuguesa. Sem isso não tem nem como começar a falar do assunto. Não há congresso pedagógico que dê jeito nessa miséria, professores que se gabam de não gostar de ler. Mas esta entrevista me anima. Há muita gente boa preocupada em melhorar a qualidade da vida e do ensino de nossas crianças. Longa vida aos que levam a sério a tarefa de fazer do nosso país uma nação.
Adélia Luzia Prado Freitas (13/12/1935), professora, poeta, romancista e contista, nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, filha do ferroviário João do Prado Filho e da dona de casa Ana Clotilde Corrêa. Aos quinze anos, abalada pela morte da mãe, começa a escrever e em 1969 publica, em parceria com o escritor Lázaro Barreto (1934), A Lapinha de Jesus. Quatro anos depois, envia alguns de seus poemas ao poeta Affonso Romano de Sant’Anna (1937), que os submete à apreciação do escritor Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Entusiasmado, Drummond sugere a publicação do que viria ser o livro de estreia de Adélia Prado, Bagagem, em 1976. O primeiro livro de prosa, a coletânea de contos Solte os cachorros, ela lança em 1979, e, no ano seguinte, o primeiro romance, Cacos para um vitral. Em 2006, publica Quando eu era pequena, primeiro trabalho dedicado ao público infantojuvenil. Em 2010, um novo livro, A duração do dia, uma coletânea de 71 poemas inéditos. Com um estilo que contrasta a leveza das palavras com a força dos sentimentos, seu olhar único sobre as coisas aparentemente desimportantes do cotidiano revela a perplexidade e o encantamento da vida. Sua obra, que contém fortes elementos do catolicismo, remete à paisagem e ao cotidiano de Minas Gerais, com uma abordagem inovadora da sexualidade feminina. Adélia vive em sua cidade natal, dedicada a questões ligadas à educação e cultura públicas.

Após gafe de Zema sobre Adélia Prado, deputado propõe inserir história de Minas Gerais nas escolas

Romeu Zema é presenteado com livro de Adélia Prado em Divinópolis


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Caetano Veloso – Elegia vídeo 

Elegia – Indo para o Leito

"Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.

Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra à vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.

Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atlanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente

A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.

Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.
Onde, qual almofada sobre o leito,
A areia grávida inchou para apoiar
A inclinada cabeça da violeta,
Nós nos sentamos, olhar contra olhar.

Nossas mãos duramente cimentadas
No firme bálsamo que delas vem,
Nossas vistas trançadas e tecendo
Os olhos em um duplo filamento;
Enxertar mão em mão é até agora
Nossa única forma de atadura
E modelar nos olhos as figuras
A nossa única propagação.

Como entre dois exércitos iguais,
Na incerteza, o Acaso se suspende,
Nossas almas (dos corpos apartadas
Por antecipação) entre ambos pendem.

E enquanto alma com alma negocia,
Estátuas sepulcrais ali quedamos
Todo o dia na mesma posição,
Sem mínima palavra, todo o dia.
Se alguém – pelo amor tão refinado
Que entendesse das almas a linguagem,
E por virtude desse amor tornado
Só pensamento – a elas se chegasse,

Pudera (sem saber que alma falava
Pois ambas eram uma só palavras),
Nova sublimação tomar do instante
E retornar mais puro do que antes.

Nosso Êxtase – dizemos – nos dá nexo
E nos mostra do amor o objectivo,
Vemos agora que não foi o sexo,
Vemos que não soubemos o motivo.
Mas que assim como as almas são misturas
Ignoradas, o amor reamalgama
A misturada alma de quem ama,
Compondo duas numa e uma em duas.

Transplanta a violeta solitária:
A força, a cor, a forma, tudo o que era
Até aqui degenerado e raro
Ora se multiplica e regenera.

Pois quando o amor assim uma na outra
Interanimou duas almas,
A alma melhor que dessas duas brota
A magra solidão derrota,

E nós que somos essa alma jovem,
Nossa composição já conhecemos
Por isto: os átomos de que nascemos
São almas que não mais se movem.

Mas que distância e distracção as nossas!
Aos corpos não convém fazermos guerra:
Não sendo nós, não convém fazermos guerra:
Inteligências, eles as esferas.
Ao contrário, devemos ser-lhes gratas
Por nos (a nós) haverem atraído,
Emprestando-nos forças e sentidos.
Escória, não, mas liga que nos ata.

A influência dos céus em nós atua
Só depois de se ter impresso no ar.
Também é lei de amor que alma não flua
Em alma sem os corpos transpassar.

Como o sangue trabalha para dar
Espíritos, que às almas são conformes,
Pois tais dedos carecem de apertar
Esse invisível nó que nos faz homens,

Assim as almas dos amantes devem
Descer às afeições e às faculdades
Que os sentidos atingem e percebem,
Senão um Príncipe jaz aprisionado.

Aos corpos, finalmente, retornemos,
Descortinando o amor a toda a gente;
Os mistérios do amor, a alma os sente,
Porém o corpo é as páginas que lemos.
Se alguém – amante como nós – tiver
Esse diálogo a um ouvido a ambos,
Que observe ainda e não verá qualquer
Mudança quando aos corpos nos mudamos."
John Donne (1572-1631), tradução: Augusto de Campos

Disse Donne: 'nenhum homem é uma ilha'; e ele era um arquipélago, Mario Sergio Conti

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SARAMAGO
A mim parece-me bem. Privatize-se Machu Picchu,
privatize-se Chan Chan,
privatize-se a Capela Sixtina,
privatize-se o Pártenon,
privatize-se o Nuno Gonçalves,
privatize-se a Catedral de Chartres,
privatize-se o Descimento da Cruz de Antonio da
Crestalcore,
privatize-se o Pórtico da Glória de Santiago de Compostela,
privatize-se a cordilheira dos Andes,
privatize-se tudo,
privatize-se o mar e o céu,
privatize-se a água e o ar,
privatize-se a justiça e a lei,
privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for o diurno e de olhos
abertos.
E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar,
privatizem-se os Estados,
entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo...
E, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.

(SARAMAGO, José. Cadernos de Lanzarote. p. 436 São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 672 p.)
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Precisamos conversar sobre Laurindo Almeida


Laurindo Almeida foi um baita violonista conhecido no mundo. E pouco conhecido no Brasil hoje. Assisti ontem (12/02/2023) ao filme "Os imperdoáveis" (Unforgiven) de 1992 (HBO). O violão da trilha sonora deste filme é de Laurindo. Conheça, aqui, os filmes em que ele esteve presente.

Laurindo Almeida : dos trilhos de Miracatu às trilhas em Hollywood, Alexandre Francischini. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2009. Editora UNESP 

Documentário Laurindo Almeida - Muito Prazer (2001, Brasil)

Laurindo Almeida, Bud Shank × Brazilliance Vol I
1. Atabaque (Radamés Gnattali), 2. Amor Flamenco (Laurindo Almeida), 3. Stairway to the Stars (Malneck/Parish/Signorelli), 4. Acércate Más (Osvaldo Farrés), 5. Terra Seca (Ary Barroso), 6. Speak Low (Weill/Nash), 7. Inquietaçªo (Ary Barroso), 8. Baa-Too-Kee (Laurindo Almeida/Dante Varela), 9. Carinhoso (Pixinguinha/João deBarro), 10. Tocata (Radamés Gnattali), 11. Hazardous (R. Hazard), 12. Nono (Romualdo Peixoto), 13. Noctambulism (H. Babasin), 14. Blue Baião (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
Credits: Alto Saxophone – Bud Shank, Guitar – Laurindo Almeida, Bass – Harry Babasin, Drums – Roy Harte. Recorded in 1953

Lauri̲n̲d̲o̲ ̲A̲l̲m̲e̲i̲d̲a̲,̲ Bud S̲h̲a̲n̲k̲ – ̲B̲r̲a̲z̲i̲l̲l̲i̲a̲n̲c̲e̲ ̲V̲o̲l̲.̲ ̲2̲
1. Speak Low (Kurt Weill/Ogden Nash), 2. Atabaque (Gnattali), 3. Acércate Más (Osvaldo Farrés), 4. Amor Flamenco (Laurindo Almeida), 5. Terra Seca (Ary Barroso), 6. Baa-Too-Kee (Laurindo Almeida), 6. Inquietação (Ary Barroso), 7. Tocata (Gnattali), 8. Carinhoso (Pixinguinha/João deBarro), 9. Noctambulism (Harry Babasin), 10. Nonó (Ricardo Peixoto), 11. Hazardous (Richard P. Hazard), 12. Blue Baiªo (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira), 13. Stairway to the Stars (Malneck/Parish/Signorelli)

Laurindo de Almeida Discografia

Laurindo Almeida Guitar Music Of Latin America 1955

Laurindo Almeida live in Germany , 1992

Laurindo Almeida - Chamber Jazz (1978) Full Álbum

Fuga Em La Menor (J. S. Bach) - The Modern Jazz Quartet & Laurindo Almenida
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Carlos Saura (1932 - 2023) morreu no dia 10 de fevereiro de 23.
No dia 18 de fevereiro assisti ao filme (pouco conhecido) "El Dorado" de 1988. Grandioso e ao mesmo tempo intimista El Dorado, é uma resposta a "Aguirre, a Cólera dos Deuses", longa que desagradou Saura, realizado por Werner Herzog em 1972. O tema, nos dois filmes, diz sobre a figura insana de Lope de Aguirre (1510 - 1561). E a perene e nefasta peleja por ouro na Amazônia. Depois revi Aguirre, a Cólera dos Deuses. O filme de Saura dá de 7 a 1 no de Herzog. 

A quem interessar recomendo a leitura do artigo abaixo:

DOS VISIONES DE LOPE DE AGUIRRE A TRAVÉS DEL CINE EUROPEO: WERNER HERZOG Y CARLOS SAURA

"Crie corvos e eles comerão seus olhos", o provérbio é tão popular na Espanha que quase ninguém o diz inteiro, basta pronunciar as duas primeiras palavras. Usa-se para se queixar ante a ingratidão e também se pode aplicar a atitudes que, em longo prazo, têm consequências nefastas. Neste último sentido o empregou Carlos Saura em seu filme mais célebre, Cría Cuervos (1976), embora o título pudesse servir para boa parte de sua filmografia. Saura faleceu sexta-feira passada aos 91 anos. Nasceu em Huesca, cidade próxima aos Pirineus, em um frio janeiro de 1932, menos de um ano após o início da Segunda República Espanhola. Como toda sua geração, viveu uma infância marcada pela violência fratricida da Guerra Civil (1936-1939) e, depois, causada pelo revanchismo e a mediocridade intelectual dos vencedores. Cresceu sob o discurso nacionalista e ultracatólico do franquismo, enquanto a Espanha afundava em uma cotidianidade cinza, isolada da Europa. Esse é o trauma pessoal e coletivo cujas consequências explorou em seus filmes dos anos 1960 e 1970, com uma agudeza que escapou da censura. (...) Julián Fuks 

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The last of us

De novo uma distopia. Agora o começo do fim do mundo não está num vírus ou numa bactéria. Está num fungo voraz e destruidor. Numa entrevista de Rita von Hunt para Bruno Altman ele diz, brincando, que obras com tema distopia deviam ser censuradas. Elas como ficção mais tarde se tornaram realidade.  Vide 1984, O conto da aia etc. Será que estamos no começo do fim do mundo?
“Quanto tempo tem o futuro? Debater nossa finitude lança luz sobre possibilidade de extinção da humanidade em função de dinâmicas já em curso. O mundo parece surgir da nossa existência individual e compartilhada, e isso ajuda a entender por que falamos tão pouco sobre o desaparecimento da espécie humana. Acontece que mais de 99% das espécies que um dia habitaram o planeta desapareceram, incluindo os outros oito tipos de hominídeos que já passaram por aqui.” (O fim)




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