Os 10 maiores segundo 2022
Mero palpite: 'Um Corpo que Cai' continua na frente; 'Kane' cai mais
Ruy Castro, FSP, 05/11/2022
Em 2012, quando o British Film Institute e a revista Sight and Sound se preparavam para anunciar o resultado da enquete daquele ano sobre os maiores filmes da história do cinema, atrevi-me a palpitar neste espaço sobre alguns que estariam entre os 10 primeiros. Desde 1952, de 10 em 10 anos e sempre no ano terminado em 2, o BFI pergunta isso a 800 entendidos. Dez anos de intervalo dão uma boa ideia de como os filmes resistem ao tempo e das tendências dos críticos e historiadores.
Meu palpite mais ousado era o de que, em 2012, "Um Corpo que Cai" (1958), de Hitchcock, acabaria com o reinado de "Cidadão Kane" (1941), de Orson Welles, como o maior filme da história — desde que entrara em 1º, em 1962, "Kane" nunca mais caíra do topo e muitos juravam que não cairia nunca. Mas eu estava observando a escalada de "Um Corpo que Cai": 7º lugar em 1982, 4º lugar em 1992, 2º lugar em 2002. Quando se está subindo, o que resta a um 2º lugar senão transformar-se em 1º?
A lista de 2022 está para sair e arrisco dizer que não apenas "Um Corpo que Cai" continuará em 1º, como "Kane" cairá mais alguns degraus. Parece que, depois de décadas de fanática admiração por "Kane" (minha, inclusive), cansamo-nos um pouco dele, assim como, incrivelmente, os críticos mais antigos se cansaram de admirar e amar Carlitos — duas de suas obras-primas, "Luzes da Cidade" (1930) e "Em Busca do Ouro" (1925), empatados em 2º lugar em 1952, foram logo varridas dos 10 mais e nunca mais voltaram. Em 2012, "Luzes da Cidade" mal pegou um 50º lugar na lista.
Mas, e se Chaplin voltar este ano? E se "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968), de Stanley Kubrick, continuar subindo? (11º lugar em 1982, 10º em 92, 6º lugar em 2002 e 2012.) E se de repente surgirem filmes nunca cogitados, que tratam de racismo, homofobia ou feminicídio?
Palpitar não ofende. E tenho palpitado certo ultimamente.
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