quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Pele de vidro

Filme lembra um marco arquitetônico paulistano que veio abaixo em chamas  

Projeto do modernista Roger Zmekhol, no largo do Paissandu, queimou num incêndio em 2018 e agora é retratado em longa 

Naief Haddad, fsp, 22/10/2024

A cineasta brasileira Denise Zmekhol tinha acabado de acordar no dia 1º de maio de 2018 em Berkeley, nos EUA, quando seu irmão, Ivan, ligou. "O prédio do nosso pai pegou fogo e desmoronou. Não sobrou nada."

Ivan se referia ao edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu, no centro de São Paulo. Considerado o principal projeto do arquiteto Roger Zmekhol, o prédio ocupado por centenas de sem-teto foi tomado pelo fogo e, uma hora e meia hora depois, desabou.

Interior do edifício Wilton Paes de Almeida, principal projeto de Roger Zmekhol, meses antes do desabamento; prédio no centro de SP é tema do documentário "Pele de Vidro", dirigido por Denise Zmekhol, filha do arquiteto - Plinio Hokama/Divulgação 

Denise ficou desnorteada com a tragédia, que matou sete pessoas, deixou quase 300 famílias desabrigadas e destruiu completamente a mais elogiada das criações do seu pai. Amigos mandavam novas imagens do incêndio e dos escombros, e jornalistas a procuravam para comentar o episódio.

Àquela altura, a diretora preparava havia alguns meses um documentário justamente sobre aquele edifício de Zmekhol, um filho de imigrantes sírios que nasceu em Paris e veio para o Brasil ainda criança. Em São Paulo, tornou-se professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e morreu em 1976.

Atordoada com o desastre, a cineasta já não sabia mais qual filme fazer. Cogitou até mesmo abandonar o projeto.

Pouco mais de seis anos depois desse impasse, o documentário de Denise tem as primeiras exibições públicas no Brasil. "Pele de Vidro", nome do filme que faz referência à expressão pela qual o edifício ficou conhecido, foi apresentado no Festival do Rio e ganha nos próximos dias três projeções na Mostra de Cinema de São Paulo.

Depois de participar de dezenas de festivais na América do Norte, na Europa e na Ásia, um percurso que lhe rendeu sete prêmios, o documentário chega à cidade onde tudo começou, a São Paulo que, nas últimas décadas, desprezou o marco do modernismo que é tema da produção.

Naquela época, "curtain wall" entrava definitivamente no glossário da arquitetura internacional. São, grosso modo, as paredes das fachadas que não possuem função estrutural no edifício. Livre do encargo de sustentar o prédio, o "curtain wall" pode ser feito de materiais leves, como o vidro.

Concluído em 1968, o arranha-céu foi uma das primeiras construções brasileiras a lançar mão desse recurso, com vidros do térreo ao 24º andar. "Essa fachada de puro vidro impunha uma diferença estética em relação a outros edifícios corporativos", diz o arquiteto e crítico de arquitetura Francesco Perrotta-Bosch.

Veja imagens do edifício Pele de Vidro nos anos 1960

Chamavam a atenção ainda a escadaria circular no térreo e as lajes de fina espessura. "O desenho do Pele de Vidro é de uma sofisticação que, com uma ou outra exceção, põe os projetos corporativos da Faria Lima no chinelo", afirma.

A arquitetura brasileira vendia ao mundo a imagem de um país promissor, aberto a inovações, e o Pele de Vidro era um dos símbolos dessa fase inspiradora. "Não é que tinha esperança, o Brasil tinha certeza do seu futuro", diz no filme a arquiteta e urbanista Regina Meyer sobre as décadas de 1950 e 1960.

No entanto, na mesma toada do país, o edifício logo entrou em decadência. As empresas proprietárias acumularam dívidas com a Receita e tiveram que transferir o prédio para o governo federal. Anos depois, o Pele de Vidro virou sede da Polícia Federal, que deixou o espaço em 2003. O processo de degradação era cada vez mais evidente.

Morando nos EUA há quase três décadas, Denise soube da ocupação dos sem-teto em 2016 por meio de uma conhecida que preparava um trabalho de conclusão de curso. Pensou inicialmente em escrever um livro sobre o assunto e, depois, resolveu fazer um filme.

Durante três meses do ano seguinte, ela e uma pequena equipe começaram a ouvir arquitetos que tinham convivido com Roger Zmekhol, como Paulo Mendes da Rocha, e a filmar o Pele de Vidro, mas só do lado de fora.

Denise Zmekhol, diretora do documentário "Pele de Vidro"; brasileira, ela vive nos EUA desde 1998 - Divulgação 

A cineasta insistiu em conhecer o interior do edifício, mas os coordenadores da ocupação proibiram que ela entrasse. Mais tarde, as investigações mostraram que os líderes do movimento LMD (Luta por Moradia Digna) exploravam os moradores e praticavam as mais diversas irregularidades no prédio.

Denise voltou para os EUA em dezembro de 2016 e, cinco meses depois, o Pele de Vidro virou entulho e pó. Passado o choque inicial, quando quase desistiu de seguir com a produção, a diretora retornou a São Paulo e começou a entrevistar adultos e crianças que tinham vivido no prédio e agora estavam acampados no largo do Paissandu

Além disso, a equipe obteve imagens surpreendentes do desastre –mesmo para um evento ostensivamente registrado pelas câmeras. Por coincidência, um drone que sobrevoava o centro de São Paulo naquela madrugada para as filmagens de um curta de ficção chegou bem perto do prédio em chamas. Esses registros foram cedidos pelo produtor Denis Feijão e pelo diretor Pedro von Krüger.

Denise também conseguiu imagens do momento em que o prédio desmoronou, feitas pelo cinegrafista Gutemberg Gonçalves.

A tragédia deu outro rumo ao documentário. Antes seria um filme sobre o principal edifício de um arquiteto e as histórias dos moradores que o ocuparam. A partir do desabamento, esses aspectos foram mantidos, mas "Pele de Vidro" ganhou um tom muito mais pessoal.

"Ao decidir fazer esse filme, eu queria conhecer as pessoas que viviam no prédio, mas também tinha uma vontade incrível de entender melhor o meu pai como artista. Seria uma maneira de me reconectar com ele", conta Denise, que tinha apenas 14 anos quando o pai morreu em decorrência de um infarto, aos 48.

O arquiteto Roger Zmekhol e sua filha, Denise, no início da década de 1970 - Acervo pessoal 

"Quando o prédio caiu, eu senti que havia perdido a última oportunidade de conhecê-lo. Foi como se ele tivesse morrido de novo", ela diz.

A partir daí, às duas figuras centrais do filme, Roger Zmekhol e o edifício Pele de Vidro, juntou-se outra, a própria Denise. Depois de alguma hesitação, ela assumiu a narração em primeira pessoa e lembra ao longo de "Pele de Vidro" os gestos afetuosos do pai e também os desencontros entre eles.

Para Perrotta-Bosch, o documentário representa uma oportunidade para que o trabalho de Zmekhol seja, enfim, reconhecido na cidade onde trabalhou intensamente.

O arquiteto franco-brasileiro é autor de cerca de 285 projetos, dos quais cem foram construídos, a maioria na capital paulista. Além do Pele de Vidro, desenhou edifícios como o Conde Andrea Matarazzo –no cruzamento da avenida Paulista com a alameda Casa Branca, na esquina oposta ao Masp– e o Barão de Itatiaya –na esquina da Paulista com a rua Padre João Manuel, ao lado do Conjunto Nacional.

Perrota-Bosch lembra que Zmekhol foi muito influenciado pelo racionalismo de Mies van der Rohe, arquiteto alemão que cultuava a simplicidade das formas e a luz natural. "Uma marca constante da obra do Zmekhol é o impressionante apuro do detalhe. Ele tinha um rigor matemático na busca do equilíbrio, da simetria."

Ao lado de Denise, o crítico prepara um livro sobre o arquiteto, que deve ser lançado no ano que vem ou em 2026.

Pele de Vidro

Quando: três sessões na Mostra de SP: no Museu da Língua Portuguesa no dia 25/10, às 19h; no Espaço Augusta (sala 2) no dia 26/10, às 18h30; na Cinemateca (sala Grande Otelo) no dia 28/10, às 15h40. Sessões especiais nos dias seguintes: no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no dia 31/10, às 19h; e na Ocupação Nove de Julho no dia 1º/11 às 19h30 Classificação livre Direção Denise Zmekhol

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Espaços históricos do centro da cidade passam anos no esquecimento, esperando algum uso público ou privado

Raul Juste Lores, Eduardo Knapp e Thiago Almeida, fsp, 20/01/2017

Introdução

Raul Juste Lores 

Apesar dos 463 anos mais ou menos bem vividos, São Paulo tem curta memória para o que aconteceu há poucas décadas. Vários lugares que contam sua transformação em maior cidade brasileira ou que estão no estratégico Vale do Anhangabaú se encontram vazios ou subutilizados.

São prédios públicos, alguns em estado precário de conservação, outros com obras empacadas, onde o dinheiro dos impostos continua sustentando gastos com segurança, manutenção e IPTU, mas que hibernam em alguma burocracia relacionada ao patrimônio imobiliário.

Concessões públicas e parcerias público-privadas ainda engatinham. Não há nada parecido com o programa da prefeitura de Paris de leiloar propriedades municipais a consórcios privados, seguindo um programa definido pela prefeitura (o que pode ser residencial, comercial, entretenimento) e projetos arquitetônicos escolhidos por concurso. Em comum, houve planos ambiciosos para todos, há muito engavetados. Aqui, lembramos alguns deles.

Praça das Artes

Com obra inacabada há quatro anos, é mais “Artes” que “Praça”

24/01/2017 

Obra inacabada há mais de quatro anos da Praça das Artes (Eduardo Knapp/Folhapress)

Aberta em dezembro de 2012 para abrigar as orquestras, os corpos estáveis e as escolas de música e dança do Theatro Municipal, o enorme complexo de 29 mil m² jamais virou a praça do nome.

Criada para ser praça, sua ligação com o Anhangabaú continua isolada por tapumes (Eduardo Knapp/Folhapress)

O acesso ao Anhangabaú não ficou pronto e até hoje é cercado por tapumes. O prefeito Gilberto Kassab contratou o escritório Brasil Arquitetura (não houve concurso) para projetar a obra de R$ 136 milhões. Kassab deixou o cargo semanas depois da inauguração do conjunto incompleto. Nos quatro anos da gestão Haddad, a obra empacou.


Espaço com bancos para o publico no vão-livre da Praça das Artes no centro de SP; Espaço com bancos para o publico no vão-livre da Praça das Artes no centro de SP (Eduardo Knapp/Folhapress)

No projeto original, seus grandes espaços abertos no térreo promoveriam a ligação entre Anhangabaú, avenida São João e rua Conselheiro Crispiniano, como faziam as galerias dos anos 60 (como a do Rock e a Nova Barão). Haveria uma “Travessa das artes”, com espaço para lojas, serviços e restaurantes. A promessa era de “revitalizar” a área com a praça.


Corredor do 5º andar que da para a sala de dança;Vista dá escada de vidro para obras no vale do Anhangabaú; Vista da obra inacabada (Eduardo Knapp/Folhapress)

Nos últimos anos, quase todos os prédios vizinhos ao centro cultural foram invadidos por sem-teto. Ocupando o miolo da quadra, na soma de pequenos lotes desapropriados pela prefeitura, a Praça ainda é invisível para muitos paulistanos.


Espaço de convivência; Sala de conservatório (Eduardo Knapp/Folhapress)

Galeria Prestes Maia

Galeria favorita dos artistas está ociosa há mais de 20 anos

24/10/2017

Acesso da Galeria Prestes Maia no Anhangabaú, embaixo do Viaduto do Chá (Eduardo Knapp/Folhapress)

Com 6 mil m² _ maior que o fechado Museu da Língua Portuguesa _, está sem uso continuado desde 1995. Quando aberta pelo prefeito Prestes Maia, em 1940, aproveitando os vazios e a estrutura do recém-construído “novo” Viaduto do Chá, era ponto de encontro de artistas. Com paredes e colunas revestidas de mármore, e duas esculturas de Victor Brecheret dando as boas-vindas, recebia exposições e salões de artes.



Revestimento de mármore e traços art déco da galeria que já abrigou vários salões das artes (Eduardo Knapp/Folhapress)

Em 1º de março de 1955 ganhou o primeiro “lance” da primeira escada rolante pública da cidade (já existia outra no prédio da Bienal, no Ibirapuera, mas que só era acessível durante os eventos ali). O frisson foi tanto que havia filas de transeuntes para usar a engenhoca. Houve briga na Câmara Municipal por conta da placa comemorativa do feito _ vereadores achavam injusto que William Salem, um ex-colega que virou prefeito um mês antes graças à renúncia de Jânio Quadros, tivesse seu nome eternizado ali.


Prestes Maia ainda abriga duas esculturas de Victor Brecheret, Graça 1 e Graça 2 (Eduardo Knapp/Folhapress)

A partir dos anos 70, abrigou repartições públicas, da Cohab a um pioneiro centro de atendimento para soropositivos na epidemia de Aids no final dos anos 80. Nos anos 90, a gestão do prefeito Paulo Maluf até cogitou a abertura de um shopping no lugar, mas acabou cedendo a galeria para o Masp. O presidente do museu, Julio Neves, prometeu uma filial do Masp, que nunca aconteceu.

As primeiras escadas rolantes de acesso público na cidade, abertas em março de 1955, no acesso à praça do Patriarca (Eduardo Knapp/Folhapress)

Algumas poucas exposições e desfiles de moda aconteceram até 2004. Marta Suplicy reformou a praça do Patriarca. O arquiteto Paulo Mendes da Rocha projetou uma cobertura monumental branca para a entrada da galeria (que continuava sem uso). A marquise branca foi instalada e virou portal a lugar nenhum. A ideia de transformá-la em Museu da Cidade não vingou. Em 2011, depois de uma pendenga jurídica para tirar a concessão do Masp, o prefeito Gilberto Kassab anunciou que viraria um anexo da prefeitura, com auditório. A galeria continua vazia.

Correios

Filial paulistana do Centro Cultural dos Correios é versão minúscula do projeto original

24/012017

Palácio dos Correios, a maior agência postal do Brasil, obra do escritório Ramos de Azevedo (Eduardo Knapp/Folhapress)

Com apenas duas salas de exposição e esse saguão majestoso (e vazio), o Centro Cultural dos Correios é uma versão bastante modesta do que a estatal prometia para São Paulo. Em 1997, foi feito até concurso para o projeto de arquitetura, vencido pelo escritorio paulistano Una. Teria um teatro, dois cinemas, um restaurante-bar com vista para o Mosteiro de São Bento, uma casa de chá e um café no último andar, com a bela vista do Anhangabaú com a avenida São João.

Saguão central tem piso de granito brilhante, típico de shoppings antigos, que não estava no projeto original (Eduardo Knapp/Folhapress)

No palácio desenhado pelo escritório Ramos de Azevedo, em estilo eclético, em uma área maior que a do Teatro Municipal, resta hoje uma agência postal e o pequeno centro de 1280 m² (contando o saguão). A estatal abriu em 1993 seu primeiro centro cultural no Rio de Janeiro, com duas vezes e meia o tamanho da filial paulista, que só foi inaugurada em 2013. A gerência de comunicação da estatal avisa que a criação dos restaurantes, teatro e cinema estão “em fase de planejamento”, mas sem data para concluir o projeto feito há 20 anos.

Entrada dos Correios no Anhangabaú; projeto de restaurantes, bares, teatro e cinemas ficou na promessa (Eduardo Knapp/Folhapress)

Cia. Comercial Vidros do Brasil

Ninguém apareceu no leilão da torre de vidro que foi símbolo de modernidade

24/01/2017

Torre de vidro no Largo do Paissandu; governo federal tentou leiloá-lo em 2015, mas não surgiram interessados (Eduardo Knapp/Folhapress)

Vista da torre a partir da Galeria do Rock; prédio de 24 pavimentos está vazio desde 2003 (Eduardo Knapp/Folhapress)

Vazio há 16 anos, o prédio de 24 andares e 11 mil m² no Largo do Paissandu pertence ao governo federal. Em 2015, ainda no governo Dilma, com o PIB descendo a ladeira, o ministro Nelson Barbosa autorizou que a propriedade fosse a leilão. Mas não houve nenhum interessado em pagar os R$ 21,5 milhões pedidos (a reforma consumiria outros muitos milhões).

Uma agência do INSS ocupou apenas o térreo até 2009. No ano seguinte, foi anunciada uma parceria entre o Sesc, uma organização francesa e o governo federal para transformá-lo em polo cultural. Ficou no anúncio.

Em 2012, a Secretaria de Patrimônio da União cedeu o prédio para a Unifesp, que instalaria ali o Instituto de Ciências Jurídicas. O projeto não vingou e o prédio foi invadido diversas vezes por movimentos de sem-teto.

O prédio já foi um endereço concorrido, especialmente nos anos 80. Por 23 anos, a torre de vidro hospedou a sede da Polícia Federal na cidade. Ali, o delegado Romeu Tuma anunciou a prisão do mafioso italiano Tommaso Buscetta e a descoberta da ossada do nazista Josef Mengele.

Antiga Sede da Companhia de Vidros já foi invadida diversas vezes (Eduardo Knapp/Folhapress)

Quando ficou pronto, no início de 1966, para abrigar a Cia. Comercial Vidros do Brasil (CVB), era um dos edifícios mais modernos de São Paulo. É a maior obra do arquiteto Roger Zmekhol, nascido em Paris, filho de refugiados cristãos da Síria, que chegou ao Brasil aos três anos de idade e se formou na primeira turma de arquitetura da FAU-USP.

Inspirado no minimalismo do alemão Mies van der Rohe, um dos mestres da escola de design Bauhaus, foi um dos primeiros a ter as esquadrias revestindo todo a construção. Também foi um dos pioneiros no sistema de ar-condicionado embutido. Tinha pisos de ipê e divisórias móveis nos escritórios, e um hall de mármore e aço inoxidável, materiais presentes na belíssima escada caracol, que foi publicada em revistas de arquitetura nos anos 60.

Vista da calçada pela rua Antonio de Godoy; lugar abrigou a sede da Polícia Federal em São Paulo (Eduardo Knapp/Folhapress)

Palacete de Higienópolis

Vazio há 14 anos, palacete de Higienópolis é remanescente do início do bairro


Palacete da família do ex-presidente Rodrigues Alves, em Higienópolis, está sem uso desde 2003 (Eduardo Knapp/Folhapress)

Um palacete em estilo art nouveau, que pertenceu à família do presidente Rodrigues Alves, está desocupado desde 2003. Construído há exatos 100 anos, quando o ex-presidente tinha voltado a ser governador do Estado, é um raro remanescente da primeira ocupação do bairro de Higienópolis, quando era endereço dos barões do café, antes do surgimento de qualquer edifício.

Raro casarão art nouveau, remanescente do início do bairro, abrigou custódia da Polícia Federal (Eduardo Knapp/Folhapress)

Pertencente ao INSS, ele abrigou a sede do Dops (Departamento de Ordem Política e Social, a polícia de repressão política, muito ativa no Estado Novo de Vargas e na última ditadura militar). Também serviu de custódia da Polícia Federal. Do mafioso italiano Tommaso Buscetta ao ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido por “Lalau”, passaram temporadas ali.


Em 2004, foi anunciado um futuro museu da arquitetura ali, que nunca se concretizou (Eduardo Knapp/Folhapress)

O INSS até vendeu o imóvel em 1990 para a construtora Encol, que o retomou em razão de dívidas. Um projeto para transformá-lo em museu da arquitetura nunca saiu da prancheta. Moradores das imediações da esquina das ruas Piauí com Itacolomi, onde fica o casarão, reclamam de assaltos no lugar, ao longo das calçadas do imóvel vazio. O INSS está negociando a transferência do imóvel com a prefeitura, segundo sua assessoria, por meio de compensação previdenciária.

Detalhe do casarão abandonado que pertence ao INSS; Detalhe do casarao abandonado que pertence ao INSS (Eduardo Knapp/Folhapress)

Textos: Raul Juste Lores / Fotos: Eduardo Knapp / Edição de Foto: Thiago Almeida / Design e desenvolvimento: Angelo Dias, Pilker, Rubens Alencar e Thiago Almeida


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