segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Eleições municipais em São Paulo e noutros lugares

Nunes, Boulos e Marçal dividiram as periferias em SP; confira desempenho de cada candidato. Prefeito foi melhor na zona sul, enquanto Boulos liderou nos extremos e Marçal na zona leste 

Bruno Xavier, fsp, 07/10/2024


As regiões periféricas da cidade de São Paulo ficaram divididas entre os três principais candidatos na disputa à prefeitura. Ricardo Nunes (MDB) foi melhor na zona sul da capital paulista, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) liderou a votação nas áreas centrais e nos extremos leste e noroeste, além de partes da zona sul. Pablo Marçal (PRTB) ganhou na maior parte da zona leste e também em alguns distritos da zona norte.

No total, Nunes teve 29,48%, Boulos, 29,07% e Marçal, 28,14% dos votos válidos. Os dois primeiros passaram ao segundo turno. Apenas 1,3 ponto percentual separou o primeiro e o terceiro colocados, a menor margem da capital desde a redemocratização.

Nunes teve mais votos na zona sul da capital, especialmente nas regiões de Pedreira e Santo Amaro. Já Boulos conquistou a dianteira nas regiões da Bela Vista e Cidade Tiradentes. Pablo Marçal foi melhor na Vila Formosa e Tatuapé.

Os votos de Tabata Amaral (PSB) se concentraram mais área central e na zona oeste da cidade, com algumas entradas na zona sul. Os melhores resultados da candidata foram nas regiões de Pinheiros e Jardim Paulista. Tabata conseguiu ampliar o alcance de seus votos em relação a eleição de 2022, em que se elegeu deputada federal.

Nunes e Boulos foram os candidatos que mais realizaram agendas de campanha na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ambos focaram nas periferias, mas Boulos foi para bairros em regiões mais no extremo do mapa, como Perus, Brasilândia e Tremembé, que Nunes, que ficou pela Penha, Jd. São Luís e Santana.

Partido mais rico, PL de Bolsonaro promete mil prefeitos, mas elege 510

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Centrão domina metade das cidades; PL e Republicanos sobem e PT fica em 9º

Amanda Rossi, UOL 07/10/2024

O PSD, o MDB, o PP e o União Brasil, que compõem o Centrão, dominaram as eleições municipais, conquistando juntos mais da metade das prefeituras do país. O PL e o Republicanos tiveram os maiores crescimentos e ficaram em quinto e sexto. O PT também cresceu, mas terminou em nono.

Centrão eleito em mais de 50% das cidades

Juntos, PSD, MDB, PP e União Brasil elegeram mais de 3 mil prefeitos no primeiro turno. Isso corresponde a 54% das cidades do país. Os dados estão atualizados até 01h desta segunda-feira (7) e ainda podem mudar, mas não o suficiente para alterar os rankings partidários.

Os quatro principais partidos do Centrão cresceram em número de prefeituras. O maior aumento foi do PSD, de 35%. O MDB e o PP subiram 8%. Já o União Brasil disputou sua primeira eleição este ano. Foi criado em 2021 pela junção do DEM com o PSL. Considerando o resultado desses dois partidos nas eleições 2020, a alta do União Brasil em 2024 foi de 4%.

Em alguns estados do país, a presença do Centrão passa de 80% das cidades. Em Alagoas, chega a 90%. Só o MDB venceu em 65 das 102 prefeituras alagoanas.

PSD se torna principal força municipal

O destaque no Centrão é o PSD, que elegeu o maior número de prefeitos no país e desbancou o MDB pela primeira vez em mais de duas décadas. De 2000 a 2020, o MDB (antes PMDB) ocupou a liderança. Este ano, lançou o maior número de candidatos a prefeito. Mas não conseguiu manter o posto e caiu para o segundo lugar.

O partido de Kassab está crescendo de forma contínua desde sua fundação, em 2011. Nas suas primeiras eleições municipais, em 2012, elegeu quase 500 prefeitos. Nas eleições seguintes, cresceu 8%, chegando a quase 540 prefeituras. Em 2020, subiu mais 18% e fechou em cerca de 650 prefeituras. Em 2024, subiu ainda mais, 35%, atingindo 878 prefeituras — até 01h desta segunda-feira.

A alta do PSD tem uma particularidade: 70% das prefeituras estão em só quatro estados: SP, PR, MG e BA. O PSD é hoje o principal partido de São Paulo, desbancando o PSDB. Também é o principal partido de Minas, superando o MDB. Já no Paraná e na Bahia, o PSD já tinha se sagrado líder em 2020 e manteve o posto este ano. O MDB e o PP, por outro lado, tem uma presença mais distribuída pelos estados brasileiros.

Fonte: TSE / Dados levantados pelo UOL / Números de 2024 atualizados até 01h de 07/10/2024 Em 2016, o Republicanos se chamava PRB; o PL era PR. O União Brasil surgiu em 2021 da junção do DEM e do PSL; os dados de 2020 e 2016 no gráfico são a soma desses dois partidos.

PL e Republicanos são os que mais cresceram

O PL, partido de Jair Bolsonaro, cresceu 49% em número de prefeitos. Este ano, elegeu 510 pessoas para o comando das prefeituras. Em 2020, pouco mais de 340. Apesar do crescimento, a sigla passou longe da meta que tinha estabelecido para si própria, de eleger mil prefeitos. Era um plano ambicioso. O partido lançou 1,4 mil candidatos. Seria preciso que sete de cada dez vencessem.

O resultado colocou o PL como a quinta maior força municipal do país. Seu melhor resultado no primeiro turno foi a reeleição do prefeito de Maceió. O partido também é o que mais vai disputar o segundo turno, em 23 cidades. Entre elas: Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Belém, Goiânia, Cuiabá, Aracaju, João Pessoa e Palmas.

São Paulo e Santa Catarina são os principais redutos do PL. Em São Paulo, o partido conseguiu 102 prefeituras. Em Santa Catarina, 90.

O crescimento do PL nos municípios ocorre após a ida de Bolsonaro para a sigla. O ex-presidente se filiou ao partido em 2021, levando consigo outros candidatos bolsonaristas. Em 2022, concorreu à reeleição pelo partido e foi derrotado. Mas naquele ano o PL elegeu a maior bancada para a Câmara dos Deputados. Isso rendeu ao partido a maior fatia do Fundo Eleitoral para as eleições deste ano.

Já o Republicanos dobrou de tamanho (alta de 106%) e se tornou o sexto principal partido municipal. Elegeu 430 prefeitos no primeiro turno, contra pouco mais de 200 em 2020. De cada dez eleitos pelo Republicanos este ano, seis estão em quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Paraíba.

Ligado à Igreja Universal, o Republicanos já tinha dobrado de tamanho em 2020. Em 2022, o partido filiou Tarcísio de Freitas, eleito governador de São Paulo nas eleições daquele ano.

PT também cresceu, mas ficou em nono lugar

O PT aumentou seu número de prefeitos em 39%, revertendo parte da queda que registrava desde a Lava Jato. Em 2012, no primeiro mandato de governo de Dilma Rousseff, o partido conseguiu seu melhor resultado no primeiro turno: mais de 620 prefeituras. Já em 2016, sofreu um tombo de quase 60% e ficou com só 245 cidades. Em 2020, caiu mais 30%, chegando a menos de 180 prefeituras.

Foram eleitos 252 prefeitos petistas no primeiro turno de 2024, colocando a sigla em nono no ranking de partidos. As vitórias mais importantes da sigla foram em Contagem e Juiz de Fora, ambas em Minas. O PT também vai disputar 13 segundos turnos — o segundo maior número, só atrás do PL. Entre as cidades, Fortaleza, Porto Alegre, Natal e Cuiabá.

PSDB tem seu pior resultado

O PSDB perdeu 48% das cadeiras e elegeu prefeito em apenas 276 cidades. É o pior número do partido. De 2004 a 2016, o PSDB foi a segunda maior sigla do país em número de prefeitos. Seu auge foi em 2016, com quase 790 vagas no primeiro turno — cerca de 240 delas só em São Paulo.

Foi em 2020 que o partido começou a afundar, mas ainda encontrou sobrevida em São Paulo. Metade dos votos tucanos naquele ano foram no estado. O partido conseguiu colocar Bruno Covas no segundo turno da capital e eleger quase 180 prefeitos em outras cidades paulistas.

Já 2024 marcou a derrocada do PSDB também em São Paulo: passou de primeiro para oitavo lugar no estado. Além do resultado pífio na capital (1,84% de José Luiz Datena), elegeu apenas 21 prefeitos nas demais cidades paulistas. Viu a liderança paulista ser assumida pelo PSD, seguida pelo PL. Juntos, os dois partidos tem 50% das prefeituras do estado. Em seguida, está o Republicanos. Depois, MDB, PP, União, Podemos. E só então o PSDB.

PDT é o partido que mais caiu

O PDT teve uma queda ainda maior que a do PSDB, reduzindo sua presença municipal pela metade. Em 2020, elegeu cerca de 310 prefeitos. Em 2024, 148. Foi a maior queda entre os dez maiores partidos.

A derrocada do PDT ocorre após o rompimento entre os irmãos Ciro e Cid Gomes. A briga, ocorrida no ano passado, fez o partido implodir no seu principal reduto, o Ceará. Cid saiu do partido e levou consigo um grupo de prefeitos. Este ano, se filiou ao PSB.

O principal símbolo da derrota do PDT é o resultado da eleição em Fortaleza. O prefeito José Sarto (PDT), apoiado por Ciro, ficou em terceiro lugar. Teve menos de 12% dos votos. Foram para o segundo turno os candidatos do PL e do PT.

Também no interior do Ceará, o PDT mingou: só elegeu 5 prefeitos. Em 2020, foram 65, o que fez do partido o principal do estado. O espaço perdido pelo PDT foi ocupado neste ano pelo PSB — passou de 8 para 65 prefeituras cearenses no primeiro turno.


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