sábado, 21 de maio de 2022

A mãe do Freud

Mães Judias

Diz que quatro mães judias se encontraram no céu. Como não podia deixar de ser, a conversa toda é sobre os filhos.

- Não posso me queixar - diz a primeira. - Meu filho, até hoje, só me deu felicidade. Um santo. E na Terra, por causa dele, todo mundo só fala em caridade, em virtude, em bons sentimentos.

- Seu filho é. . . ? - pergunta a segunda.

- Jesus Cristo! - diz a primeira. E, inclinando-se para frente, em tom confidencial e com um gesto que indica tudo em volta: - O dono disto aqui.

- Não é do pai dele?

- Bem. . . É da família.

Agora, alegria, alegria, quem me dá é o meu filho - diz a Segunda mãe. - Ach, como eu me orgulho dele. Na Terra, por casa dele, todo mundo só fala em justiça, em mudanças sociais, em solidariedade humana.

- Como é o nome dele?

- Karl. Karl Marx.

- Hmmm - fazem as outras, apertando a boca.

- O Shnuga - suspira a mãe de Marx, lembrando o seu apelido de bebê.

- E o meu filho? - diz a terceira - Um professor. Este sim é para uma mãe se orgulhar. Inteligeeeeeente! Um crânio. Na Terra, por causa dele, todo mundo só fala no Universo, na relatividade, nos buracos negros. . .

- Quem é ele?

- O Beto.

- Beto?

- Einstein.

- Ah.

Falta falar a quarta mãe e as outras três se viram para ela.

- Eu nem quero falar porque vocês vão ficar com inveja de mim - diz ela.

- Fala.

- Que filho!

- Quem é?

- Um doutor.

- O que foi que ele fez?

- Por causa dele, na Terra, todo mundo só fala na mãe.

E a mãe de Freud fica sorrindo, deixando-se admirar pelas outras três.

Filho era aquele!

(Luís Fernando Veríssimo)

In A mãe do Freud, Luis Fernando Veríssimo, 13ª edição, L&PM, 1987

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