De passagem pelo Rio
Loyola Brandão, Adolescência, Livraria Calil, J.S.Bach e Chico Science
Gerações Beta(2025-2039), Alpha (2010-2024), Geração Z (1995-2009), Geração Y (Millennials) (1984-1994), Geração X (1964-1983), Baby boomers (1947-1963), Geração Silenciosa (1925-1944)
Ladybower
Idosos abandonados
Sem Chão (No other land): diretor sequestrado
Enxame de satélites
George Foreman
O intraduzível Grande sertão: veredas
A primeira greve que abalou o Brasil
No Other Land
Livraria Berinjela
Sertão coroado – HQ
Araya 1959 – filme
Ensino técnico
Sermões – Pe Antônio Vieira
10 Westerns Recommended By Tarantino
A razão da idade
Feminicídio fez mais de mil vítimas por ano no Brasil desde 2015
Reels: Belluzo, Adoniran, Hospital psiquiátrico, Antônio Fagundes, Zezé Mota, Edson Cordeiro, Wes Montgomery, Zelia Duncan, Belchior, Léa Garcia
De passagem pelo Rio (de 15 a 21/03/2025)
Rua do Flamengo, 180
Rua Almirante Tamandaré - Largo do Machado
Rua Almirante Tamandaré - Largo do Machado
Rua do Catete, 347 (arvore torta)
Rua do Catete 311
Rua do Catete x Rua Machado de Assis
Caetano, meu neto, morador da Rua Almirante Tamandaré
Pirulita, gata da Chiquinha gateira - Barra da Tijuca
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Loyola Brandão, Adolescência, Livraria Calil, J.S.Bach e Chico Science
Ignácio de Loyola Brandão critica livro de García Márquez, mostra seus favoritos e diz qual obra jamais leria
ADOLESCÊNCIA - Incrível em técnica e conteúdo | Crítica - PH
ADOLESCÊNCIA: Como a série da Netflix aborda a cultura incel? Aline Andrade
LIVRARIA CALIL - A Livraria (de Livros usados) mais antiga de São Paulo
J.S. Bach: Cantata "Wachet auf", BWV 140 (complete) - Makris Symphony Orchestra and Choir
Chico Science - Raridades!
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Gerações Beta(2025-2039), Alpha (2010-2024), Geração Z (1995-2009), Geração Y (Millennials) (1984-1994), Geração X (1964-1983), Baby boomers (1947-1963), Geração Silenciosa (1925-1944)
Millenial, Z, Beta e mais: saiba qual é sua geração e entenda as características de cada uma
Gerações ajudam a entender mudanças de valores, visões de mundo e comportamentos no trabalho e de consumo.
Por Redação g1, 04/01/2025
Os bebês que nasceram a partir do dia 1º de janeiro de 2025 fazem parte de uma nova geração: a Beta. Segundo especialistas, esse grupo será formado por pessoas que nasceram entre os anos de 2025 a 2039.
A geração Beta substitui a Alpha, que é composta por todos que nasceram entre 2010 e 2024.
Basicamente, cada uma das gerações possui comportamentos e valores próprios. Nos últimos anos, cada novo grupo veio ao mundo em um ambiente mais conectado e digital que o anterior. Esse fator, inclusive, tem um impacto muito significativo na definição de cada geração.
No caso da Beta, por exemplo, a geração terá uma vivência maior com a Inteligência Artificial, enquanto a geração Z tem um perfil de interação mais voltado às redes sociais.
Confira abaixo as características de cada geração e identifique a qual grupo você pertence.
BABY BOOMERS - 1947-1963
Contexto histórico: Pós-Segunda Guerra
Características: Buscam por estabilidade no trabalho e na vida pessoal. Se sentem desafiados pelas mudanças constantes na tecnologia.
Tecnologia: Adotaram tecnologia mais tarde e tendem a se informar por veículos mais tradicionais, como a TV.
GERAÇÃO X - 1964-1983
Contexto histórico: Guerra Fria e consolidação da Era Digital
Características: Procuram por independência e mais equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, sendo mais apegados à profissão do que ao emprego em si. Se adaptam bem às mudanças e aceitam o empreendedorismo como carreira.
Tecnologia: Vivenciaram os primeiros videogames, tocadores de músicas e computadores pessoais
MILLENNIALS - 1984-1994
Contexto histórico: Expansão da internet e globalização
Características: Início da familiarização com a tecnologia e busca por experiências que ofereçam significados pessoais. Valorizam flexibilidade, curiosidade e inovação no trabalho. Também gostam de empreendedorismo. Focam no alinhamento de valores pessoais e profissionais como um propósito.
Tecnologia: Nasceram em um ambiente com mais aparelhos eletrônicos e recursos, como computadores, celulares e popularização da TV a cabo.
GERAÇÃO Z - 1995-2009
Contexto histórico: Aumento da tecnologia e uso de redes sociais
Características: Nativos digitais que cresceram com acesso à internet e mídias digitais. Usa as redes sociais para se expressar sobre assuntos como política e cultura. Defende trabalhos flexíveis e híbridos e nem sempre busca por estabilidade em um único emprego. Prefere trabalhar por projetos, de acordo com seus valores. Também levanta bandeiras sobre saúde mental, diversidade e autenticidade.
Tecnologia: Viram a popularização dos celulares e do acesso à internet. Vivenciaram o início da transição para o uso de smartphones.
GERAÇÃO ALPHA - 2010-2024
Contexto histórico: Uso de equipamentos inteligentes e pandemia
Características: Superconectados, com foco em tecnologia. Ainda não chegaram ao mercado de trabalho, mas já tiveram a experiência de atividades de forma remota por causa da pandemia. É uma geração extremamente antenada, que possui mais familiaridade com assistentes virtuais para tarefas do dia a dia. Têm maior capacidade para lidar com um fluxo grande de informações.
Tecnologia: Cresceram em um ambiente com o uso de equipamentos inteligentes, como celulares, relógios e assistentes pessoais.
GERAÇÃO BETA - 2025-2039
Contexto histórico: Pós-pandemia, desafios climáticos e conflitos globais
Características: Será a primeira geração a nascer depois da pandemia de Covid-19. Crescerá em um ambiente onde a inteligência artificial ganha mais espaço, ao mesmo tempo em que o mundo enfrenta desafios na questão climática. Devem viver a virada para o século 22.
Tecnologia: Nasceram em um mundo de expansão da Inteligência Artificial e devem acompanhar a evolução dessa tecnologia para um nível muito avançado.
Baby Boomer: origem do termo e características da geração
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Ladybower
Reservatório de Ladybower em Derbyshire, Inglaterra
Como a maioria das barragens, o reservatório Ladybower usa vertedouros (ou escoadouros) para drenar o excesso de água que, do contrário, poderia transbordar e danificar a estrutura ou o entorno. Embora quase sempre permaneçam acima da linha d'água, seus dois vertedouros em forma de boca de sino têm quase 25 metros de diâmetro e controlam os níveis de água durante enchentes e chuvas fortes.Mas Ladybower é famoso por algo que geralmente não se vê: as ruínas de Derwent, vila inundada quando o reservatório foi inaugurado, na década de 1940. Durante períodos mais longos de estiagem, quando o nível da água baixa muito, essas ruínas ficam expostas. Em 2018, quando aconteceu pela última vez, isso atraiu multidões de curiosos e, infelizmente, o lugar sofreu danos. As autoridades do Parque Nacional de Peak District, local onde fica o reservatório, pedem aos visitantes que não toquem em nada do que resta da antiga vila.
The Ultimate Reservoir Plughole Explore: Overflowing
O vilarejo perdido revelado por uma seca na Inglaterra
Reservatório Ladybower
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Idosos abandonados
CRESCE O NÚMERO DE IDOSOS ABANDONADOS NO MUNDO TODO - vídeo
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Proprietária de abrigo para idosos é presa suspeita de maus-tratos e de comprar carro no nome de interno, em Fortaleza
A casa de repouso já havia sido interditada pela Justiça e não podia mais receber nenhum novo interno.
Por Redação g1 CE, 18/02/2025
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'Tenho 90 anos e meu plano de saúde foi cancelado': O que diz a lei sobre rescisão de convênios de idosos
Relatos de clientes que tiveram o convênio suspenso aumentaram consideravelmente nos últimos meses, apontam especialistas. Muitas vezes, as pessoas são idosas ou realizam tratamentos para doenças graves, como o câncer. Entenda quais são os direitos do consumidor numa situação dessas.
Por André Biernath, 17/04/2022
Família denuncia asilo de cometer abusos contra idosa em Salvador; vítima foi encontrada com hematomas
Caso aconteceu no bairro de Cajazeiras, em Salvador.
Por g1 BA e TV Bahia, 27/07/2023 10h59 Atualizado há um ano
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Asilos suspeitos de lesão corporal, exploração financeira e violência psicológica contra idosos são alvos de operação na Grande Vitória
10 instituições foram alvos de operação realizada pela polícia em Cariacica, Vila Velha e Serra nesta quarta-feira (21).
Por Fabiana Oliveira, g1 ES, 21/06/2023 10h24 Atualizado há um ano
https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2023/06/21/asilos-suspeitos-de-lesao-corporal-exploracao-financeira-e-violencia-psicologica-contra-idosos-sao-alvo-de-operacao-na-grande-vitoria.ghtml
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Denúncias de abandono de idosos crescem 855% em 2023, aponta Ministério dos Direitos Humanos
Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania obtidos com exclusividade pela GloboNews.
Por g1, 19/06/2023
Abandono de idosos:
janeiro a maio de 2022: 2.092
janeiro a maio de 2023: 19.987
aumento de 855%
Violência física:
janeiro a maio de 2022: 62.758
janeiro a maio de 2023: 129.501
aumento de 106%
Violência psicológica:
janeiro a maio de 2022: 85.932
janeiro a maio de 2023: 120.351
aumento de 40%
Violência financeira ou material:
janeiro a maio de 2022: 8.816
janeiro a maio de 2023: 15.211
aumento de 73%
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Como o caso do falecimento do ator Gene Hackman alerta sobre o crescente abandono de idosos
A colunista Adri Coelho reflete sobre o ator norte-americano e sua esposa, Betsy Arakawa, que foram encontrados após morrerem dias antes, e como a solidão é ainda mais prejudicial ao envelhecermos
Por Adri Coelho, 11/03/2025 18h25 Atualizado há 4 dias
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Sem Chão (No other land): diretor sequestrado
Diretor de 'Sem Chão' é sequestrado por soldados israelenses, diz codiretor
Hamdan Ballal conduziu o documentário vencedor do Oscar junto ao jornalista Yuval Abraham, que denunciou suposto caso
fsp, 24/03/2025
O codiretor do documentário "Sem Chão", vencedor do Oscar de melhor documentário no último mês de março, Hamdan Ballal, teria sido agredido por um grupo de colonos. Em seguida, soldados israelenses teriam sequestrado a ambulância requisitada pelo palestino e o levado para um lugar desconhecido.
A informação foi compartilhada por Yuval Abraham, jornalista israelense que aparece nas filmagens e também esteve à frente da produção, em seu perfil no X.
"Um grupo de colonos acaba de linchar Hamdan Ballal, co-diretor do nosso filme 'Sem Chão', escreveu Yuval em sua publicação. "Eles o espancaram e ele está com ferimentos na cabeça e no estômago, sangrando. Soldados invadiram a ambulância que ele chamou e o levaram. Não há sinal dele desde então."
O jornalista também publicou um vídeo de um suposto ataque de colonos realizado contra um grupo de ativistas. Na gravação, é possível ver um homem mascarado jogando pedras e ameaçando diferentes pessoas.
O filme acompanha a rotina do palestino Basel Adra, que vive em Masafar Yatta desde o seu nascimento, e Abraham, um jornalista israelense, judeu, que chega em à região junto da cinegrafista israelense Rachel Szor.
Eles registram a destruição e a violência das forças israelenses e compartilha os vídeos em redes sociais, além de promover manifestações pacíficas contra a demolição das casas e as tentativas de expulsar os palestinos desses territórios.
Veja cenas do documentário 'Sem Chão', indicado ao Oscar de melhor documentário em 2025
O filme venceu dois prêmios no Festival de Berlim do ano passado e Abraham recebeu ameaças de morte após o seu discurso de agradecimento, em que condenou a "situação de apartheid" em Gaza e clamou pelo cessar-fogo.
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Enxame de satélites
Enxame de satélites de Musk aflige astronomia
Starlink multiplica objetos em órbita que atrapalham telescópios como o Vera C. Rubin
Marcelo Leite, fsp, 23/03/2025
A cada enxadada, uma minhoca. Basta voltar atenção a qualquer coisa bolada por Elon Musk para topar com coisa ruim. Além de exterminar o serviço público nos EUA, o Doge de Trump também está no encalço da astronomia.
Neste caso é o empresário, e não o mandachuva sul-africano não eleito, que põe em risco todo um setor de pesquisa. Sua empresa Starlink pôs em órbita uma muvuca de satélites que prejudica a visão dos maiores telescópios do mundo.
O enxame de artefatos em torno da Terra teve crescimento exponencial em cinco anos, chegando a 11 mil. Desses, 7.000 abastecem com terabits as pequenas antenas da Starlink, que levam cobertura a lugares remotos como a amazônia. A firma de Musk e outras têm planos para lançar dezenas de milhares de satélites.
Toda tecnologia benéfica tem efeitos não pretendidos. Conexão à internet é uma dádiva para comunidades indígenas ou ribeirinhas isoladas, mas também facilita a vida de garimpeiros, madeireiros, traficantes e grileiros.
Os satélites da Starlink e outras empresas riscam o céu noturno com quantidade crescente de pontos mais, ou menos, brilhantes, a depender de tamanho, formato e distância. Em 2017, o reflexo de um fragmento de satélite foi confundido com uma rajada de raios gama, informa Alexandra Witze na Nature.
Satellite streaks appear in a photograph taken above the Pinnacles in Nambung National Park, Western Australia. Credit: Joshua Rozells
Não é brincadeira: satélites obrigam astrônomos a monitorar seus percursos, de modo a evitar observações quando os objetos estão passando. Existem bancos de dados para mapear trajetórias, mas não são ultraprecisos, porque elas podem mudar pelo atrito com a atmosfera ou por manobras de posicionamento.
Um dos focos de preocupação está no topo de uma montanha no Chile, o Observatório Vera C. Rubin, que custou US$ 810 milhões (R$ 4,6 bilhões). Dotado de telescópio com espelho de 8,4 m, pode registrar um milhar de instantâneos detalhados por noite, para compor um levantamento do céu austral em dez anos e, por exemplo, captar asteroides na rota da Terra.
Observatório no Chile abrigará maior câmera digital do mundo
Nesse período, estima-se que até 40 mil satélites poderão estar circulando sobre o Rubin. Caso isso se concretize, cerca de um décimo das imagens geradas flagrarão a passagem de pelo menos um desses aparelhos.
O desenvolvimento das tecnologias de telecomunicação pode criar outros problemas. Novas versões de satélites precisarão ser lançadas, e os obsoletos passarão a integrar o lixo espacial em órbita.
Há mais. Além de refletirem luz, alguns artefatos emitem radiação eletromagnética que atrapalha estudos por radiotelescópios. A interferência tende a piorar com o advento de satélites que se comunicam direto com celulares, como fazem antenas em terra.
Não bastasse, a explosão populacional de satélites também gera poluição química, não só radiante. Além do monóxido de carbono e do CO2 emitidos em sua produção e por foguetes de lançamento, a reentrada dos aparatos aposentados pulveriza e espalha um monte de compostos pela atmosfera, como metais.
Mais uma razão para regular internacionalmente o lançamento de satélites. Só que não: estamos em pleno retrocesso na concertação de esforços para resolver problema muito mais grave, a crise do clima. Se não mantemos nem a casa terrena limpa, é vão esperar disciplina do capitalismo da porta para fora –no espaço.
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George Foreman
O maior livro da história do esporte e a morte de George Foreman
Paulo Vinicius Coelho, UOL, 22/03/2025
A morte de George Foreman é a notícia mais importante do esporte, neste fim de semana. Ninguém precisa gostar de boxe, todo cidadão deveria compreender a relevância de um fato.
George Foreman ofereceu declarações magníficas, algumas reproduzidas no programa Bola da Vez, da ESPN, reprisado na noite de sexta-feira.
A lembrança de sua prima Rita, dizendo que não seria ninguém, e ninguém de sua família chegaria a lugar nenhum, porque não gostava e fugia da escola...
Como se lembrou das frases de Rita ao se tornar assaltante, ser perseguido por policiais e cachorros... E de ter mudado sua vida a partir do esporte...
Se você não viu, veja.
Se não leu, leia "A Luta", de Norman Mailer. O melhor livro sobre esporte de todos os tempos. O direito à discordância é todo seu.
Mas o texto de Norman Mailer faz ver.
Os treinos de Foreman no Zaire ou Muhammad Ali mandando seu sparring, Larry Holmes, socá-lo, enquanto resistia envolvido entre as cordas.
Ali sabia que iria receber muitos golpes, porque Foreman era fenomenal. Tinha de treinar apanhar.
"A Luta" foi disputada em Kinshasa, atual República Demonstra do Congo, chamada de "The Rumble in the Jungle" (A luta na selva).
Foreman era o campeão mundial dos pesos pesados, título perdido por Ali judicialmente, após ter se recusado a lutar pelo Exército dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.
Ali venceu Foreman no oitavo round, por nocaute.
George Foreman vs Muhammad Ali - Oct. 30, 1974
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O intraduzível Grande sertão: veredas
Nonada em inglês? A saga de uma década para traduzir o 'intraduzível' 'Grande Sertão: Veredas'
Clássico escrito por João Guimarães Rosa só teve uma edição em inglês, publicada em 1963 e considerada como um fracasso
Camilla Veras Mota, fsp, 14/03/2025
"Grande Sertão: Veredas" é o Monte Everest do mundo da tradução. Como verter para outro idioma um romance experimental de 600 páginas sem divisão por capítulos, narrado por um jagunço que conta uma epopeia no sertão de Minas Gerais com neologismos, onomatopeias, paranomásias, aliterações e assonâncias?
Foi essa a pergunta que a australiana Alison Entrekin se fez em 2014, quando aceitou tocar um projeto para traduzir o clássico de Guimarães Rosa para o inglês.
Além de Guimarães Rosa, Alison Entrekin também traduziu autores como Clarice Lispector e Chico Buarque - Arquivo pessoal
Ela sabia que o trabalho seria hercúleo, mas não imaginou que duraria uma década.
No fim de 2023, entregou uma primeira versão a seu agente literário, encarregado de apresentá-la ao mercado editorial. O livro foi arrematado em um leilão pela editora americana Simon & Schuster em meados de 2024 e tem publicação prevista para 2026.
Promete ser um acontecimento: a outra única edição em inglês de "Grande Sertão", lançada em 1963, não passou da primeira tiragem e ficou conhecida como uma versão desidratada que não está à altura do original.
O próprio Guimarães Rosa chegou a se queixar, em trocas de cartas com seu tradutor para o alemão, de que o texto não capturava a singularidade de sua obra.
Se um dos problemas apontados para o fracasso daquela época foi o conhecimento limitado do português da tradutora americana Harriet de Onís, que acabou largando o trabalho no meio do caminho, desta vez a situação não podia ser mais distinta.
Entrekin vive no Brasil desde 1996, quando, vindo de Perth, na costa australiana, desembarcou em Santos (SP), a cidade-natal do marido. Na época em que aceitou a proposta de preparar uma versão em inglês de "Grande Sertão", que chegou pela agência que representava os herdeiros do escritor, já tinha traduzido "Budapeste", de Chico Buarque, e trabalhava em uma obra de Daniel Galera.
Em uma década, foi completamente absorvida pelo universo roseano. A discussão que teve recentemente com a editora que arrematou a tradução para definir o título dá uma ideia: foram quatro longos meses de chamadas de vídeo, reuniões e e-mails para chegar a "Vastlands: The Crossing".
"Você não imagina quanto tempo a gente gastou debatendo esses dois pontos no título", conta Entrekin à reportagem da BBC News Brasil em um café em São Paulo.
Inicialmente, os editores argumentaram que os dois pontos causariam estranhamento. Mas a ideia era justamente essa, rebateu a tradutora.
"Quando o livro saiu em português, também tinha esse estranhamento. Hoje não tem mais porque os leitores tiveram sete décadas pra se acostumar com os dois pontos."
Ela também reparou que, nas trocas de cartas entre o escritor e a tradutora americana da primeira versão, no meio de um grande vai e vem de sugestões de combinações para o título, a única constante eram os dois pontos. Guimarães Rosa provavelmente era apegado aos dois pontos, pensou ela. Melhor deixar.
Dez anos traduzindo um livro
As correspondências do autor foram parte do arsenal de fontes que Entrekin usou em sua "travessia", como ela chama, pegando emprestada a última palavra de Grande Sertão.
Trabalhos como "O Léxico de Guimarães Rosa", que reúne praticamente todos os neologismos de sua obra, "Universo e Vocabulário do Grande Sertão" e "Para Ler Grande Sertão: Veredas" ajudaram-na a navegar, além de dezenas de dicionários, glossários e pesquisas de mestrado e de doutorado.
A "fortuna crítica" ainda não existia na época de Harriet de Onís, razão pela qual ela releva as críticas mais cruéis ao trabalho da tradutora e de James Taylor, a quem coube concluir a tradução no início dos anos 1960.
Para Entrekin, foi um instrumento fundamental na busca por soluções para os neologismos que singularizam a obra de Guimarães Rosa, que a ajudou a desvendar as ferramentas que o autor usava em seu constante exercício de recriação da linguagem.
Uma delas eram as "palavras-valise", a junção de duas palavras conhecidas para dar à luz uma terceira (como "turbulindo", por exemplo, que vem de "turbilhão" e "bulir"; ou "constragar", da união de "constringir" e "tragar").
Rosa também gostava de usar a sufixação, como em "prostitutriz", combinação de prostituta com o sufixo "-triz", de "atriz", "meretriz".
Recorria com frequência às onomatopeias ("burumdum", que remete ao barulho de um corpo caindo no chão, ou "delém", do cantar dos sinos) e criava neologismos por analogia, com uma palavra nova que lembra outra que já existe ("demorão", que vem de "temporão"; "sofreúdo", criado a partir da "manteúdo", ou "pormiúdo", em analogia a "pormenor").
A partir desse mapa, ela criou então o próprio laboratório literário, desmembrando, por exemplo, palavras-valise para entender suas "árvores genealógicas", e, na sequência, experimentando com sufixos, sinônimos e versões arcaicas de palavras em inglês até encontrar uma combinação que "pegasse".
"É brincar de Frankenstein", ela descreveu em uma palestra no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB - USP).
Foi assim que "turbulindo" virou "awhirmoil", uma palavra-valise que une "whir" (zumbir), "awhirl" (girando) e "turmoil" (turbilhão, agitação, tumulto), "prostitutriz" foi traduzida como "prostitutress" ("prostitute" com o sufixo "ress") e "uivando lobúm" se transformou em "howling woliferously" (analogia com "vociferously", vociferantemente, a partir da palavra "wolf", lobo).
Todo esse processo de excisões, enxertos e suturas significava, claro, que o trabalho ficava mais lento.
Profissionais traduzem, em média, algo entre 1,5 mil e 2 mil vocábulos por dia. "Eu ficava feliz quando fazia 500", ela conta.
Nessa rotina, dezenas de palavras iam ficando pelo caminho. Nomes do Diabo (em uma sequência famosa o protagonista Riobaldo enumera 23), descrições de flora e fauna e topônimos (lugares geográficos), por exemplo, ela deixava em português no meio do texto como uma marcação para voltar depois.
"E essas palavras esdrúxulas que o Ribaldo fala e que não têm significado, não são dicionarizadas e na verdade são marcas de oralidade", acrescenta.
A estratégia era olhar para a obra de forma sistêmica, para dar mais fluidez ao trabalho. Caso contrário, ia ficar tropeçando nas expressões menos óbvias.
Muitas dessas palavras estão anotadas em um calendário de aniversário que está pendurado na parede em frente à escrivaninha da tradutora, que também virou repositório de uma lista de inspirações, termos em inglês que lhe ocorriam nas mais diversas ocasiões e que ela achava que poderiam ser úteis em algum momento da travessia.
"Eu tenho uma lista de 'conjunções esdrúxulas', por exemplo, outra de palavras arcaicas... Vasculhava dicionários de palavras arcaicas em inglês para ver se tinha alguma gracinha ali que merecia ser lembrada depois", ela conta.
Travessia
Por dez anos, de segunda a sexta, a australiana acordou cedo, levou a filha para a escola, voltou para casa e sentou na frente do computador para reconstruir em inglês o sertão de Minas Gerais. A ideia inicial era fazer o trabalho caber em três anos, que era o período que o Itaú Cultural, que entrou como apoiador do projeto, concordou em pagar-lhe um salário.
O prazo acabou sendo dilatado, e Entrekin ficou mergulhada nessa rotina de reinvenção da linguagem até a pandemia, em 2020, quando o prazo colocado pelos incentivadores se esgotou.
Mas ainda havia um terço da obra a ser traduzida, e a australiana decidiu então trabalhar por conta própria: "Não concebia largar naquele momento, já tendo feito tanta coisa."
E tinha sido muito. Em vez, por exemplo, de transpor a história de Riobaldo e Diadorim para um universo mais próximo do outback australiano ou do sul dos Estados Unidos, em um processo conhecido na tradução como "domesticação", Entrekin tentou "levar o leitor para o mundo do livro", a chamada "estrangeirização".
Para fazer jus à "energia poética" da obra, por vezes ela também intercambiou as ferramentas roseanas, traduzindo um neologismo que em português era uma palavra-valise, por exemplo, usando uma sufixação.
"Um neologismo pode ser traduzido de várias maneiras, é uma questão de criatividade. Fiquei experimentando até chegar num resultado que me agradasse, mas outra pessoa poderia fazer outra coisa", ela diz à BBC News Brasil.
No fim, criou uma nova língua, um inglês a partir do português, como ela define.
Em uma maratona de aulas que ministrou como convidada e webinars no fim de 2024, chegou a ser parabenizada por traduzir um livro "intraduzível".
Não é assim que ela enxerga "Grande Sertão": "Acho um livro altamente 'traduzível'", diz, dando risada. "É trabalhoso, mas não é intraduzível."
O fato de Guimarães Rosa brincar com as palavras dá liberdade ao tradutor de fazer o mesmo, ela reflete, desde que "dentro das regras do jogo".
Isso de certa forma aparece nas cartas que o autor trocou com o primeiro tradutor para o italiano, Edoardo Bizzarri. Em uma nota de agradecimento pela tradução de "Duelo", um dos contos de "Sagarana", ele chama o texto de "nosso".
"Ele viu que o italiano entendeu a brincadeira, que podia dar mais liberdade para ele ir fundo na recriação da obra dele", comenta.
Ela também pegou gosto. Quer agora traduzir "Corpo de Baile", lançado no mesmo ano de "Grande Sertão: Veredas", o único livro de Guimarães Rosa ainda não vertido para o inglês.
No momento, a tradutora está na revisão final de "Vastlands: The Crossing".
"E essa revisão vai até quando, até arrancarem o livro da sua mão?", pergunta a reportagem, agarrando um livro imaginário na frente da tradutora.
"Mais uma menos isso", responde, fazendo então uma brincadeira com a palavra possivelmente mais desafiadora da obra: "Deixa eu só rever 'Nonada'!", diz, dando risada, enquanto puxa o livro imaginário de volta em sua direção.
Em uma década, ela foi e voltou várias vezes nela, uma aglutinação de "non" e "nada", que remete a uma versão de "não é nada" da oralidade sertaneja, que abre Grande Sertão: Veredas e que é um símbolo para qualquer leitor de Guimarães Rosa.
Nos últimos meses, por onde Alison Entrekin passou para falar sobre sua travessia, alguém perguntou como "Nonada" tinha ficado em inglês.
"É surpresa", ela rebate. Vai ficar para quando sair o livro.
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A primeira greve que abalou o Brasil
Movimento iniciado no Cotonifício Crespi em 1917 mobilizou 50 mil operários
Vicente Vilardaga, fsp, 14/03/2025
O prédio está localizado na confluência das ruas dos Trilhos, Taquari, Javari e Visconde de Laguna, na Mooca. Sua parte externa está preservada e o interior se tornou um supermercado Assaí Atacadista. Ele é feito de tijolos e tem janelas amplas. É uma construção portentosa que se destaca na região
Nesse lugar funcionou o poderoso Cotonifício Crespi, do empresário Rodolfo Crespi, fundador do Juventus. Ali também eclodiu a primeira greve geral de que se tem notícia no Brasil quando 400 funcionários e funcionárias da empresa cruzaram as mãos e dispararam uma reação em cadeia.
Foi uma greve de verdade que se espalhou por todos os bairros operários, como o Brás e o Cambuci, e interrompeu as atividades das fábricas da cidade. Mobilizou dezenas de milhares de trabalhadores. Espalhou-se por combustão espontânea e foi incentivada por anarquistas e comunistas, que ganhavam cada vez mais força no movimento operário local. Em geral, esses militantes eram italianos e espanhóis.
Prédio do antigo cotonifício Crespi: epicentro da greve que se alastrou pela cidade em 1917
Os trabalhadores reivindicavam maiores salários, e extinção do trabalho noturno e benefícios básicos, como o atendimento à saúde. Também exigiam o fim do trabalho infantil, que era contratado em condições aviltantes e concorria com o emprego do pai de família. Mas os patrões permaneciam inflexíveis. O trabalho de menores de 14 anos só foi proibido no país em 1934.
O fato detonador da greve geral foi a morte do jovem anarquista espanhol José Martinez. Já havia grande insatisfação popular e só faltava um pretexto. O sapateiro protestava com outros operários na porta da tecelagem Mariângela, no Brás, quando foi assassinado pela polícia.
No dia seguinte houve um enterro com grande comoção pública no cemitério do Araçá e a greve tinha sido deflagrada. A partir do Cotonifício Crespi, onde havia uma maioria de mão de obra feminina, o movimento tomou a cidade durante vários dias, fala-se até em um mês. As multidões ocupavam as ruas. Houve um grande comício no antigo hipódromo da Mooca que abriu o movimento.
Janelas do prédio do Cotonifício Crespi: condições de trabalho degradantes
Houve também violência: estabelecimentos comerciais saqueados, incêndios de bondes e outros veículos e colocação de barricadas para conter a polícia. As massas enfrentaram as forças de segurança em pé de igualdade.
A greve de 1917 foi muito traumática para os patrões. Nenhum deles esperava uma adesão maciça capaz de parar a cidade e deixar as fábricas vazias.
Como resultado do movimento, os empresários deram um aumento imediato de salário para os trabalhadores e prometeram estudar as demais exigências. Nessa greve, o movimento operário foi reconhecido pela primeira vez como instância de negociação através do Comitê de Defesa Proletária. Por outro lado, começou uma perseguição policial implacável aos anarquistas e outros contestadores.
Fachada do prédio hoje convertido em loja do Assaí Atacadista na esquina da rua Javari
As notícias da greve em São Paulo se espalharam pelo Brasil e provocaram paralisações em vários estados, especialmente no Rio Grande do Sul, no mesmo ano, e no Rio de Janeiro, em 1918. O clima entre os operários, principalmente entre os comunistas, era de grande euforia por causa da Revolução Russa.
O prédio do Cotonifício Crespi tem longa história. Inaugurado em 1897, ele foi bombardeado em 1924 na Revolta Paulista e teve suas atividades interrompidas. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, o maquinário e a mão de obra da fábrica foram usados para fazer as roupas dos soldados. O cotonifício também abasteceu o exército italiano de roupas na Segunda Guerra Mundial.
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No other land - filme
‘Sem Chão’ (‘No Other Land’) vence Oscar de melhor documentário e diretores denunciam genocídio palestino
‘Tática de guerrilha’ permitiu que filme sobre limpeza étnica na Cisjordânia, rejeitado por distribuidores nos EUA, disputasse premiação
Haroldo Ceravolo Sereza, OperaMundi, 2 de março de 2025
O documentário Sem Chão (No Other Land) venceu o Oscar 2025 na categoria de Melhor Documentário, levando a questão do genocídio palestino a uma posição de destaque na principal premiação estadunidense de cinema. Dois dos diretores do filme, o palestino Basel Adra e o israelense Yuval Abraham (os outros dois são Rachel Szor e Hamdan Ballal), na entrega do prêmio, discursaram e fizeram uma forte denúncia das ações militares israelenses em Gaza e na Cisjordânia.
“Há cerca de dois meses, me tornei pai, e minha esperança para minha filha é que ela não precise viver a mesma vida que vivo agora — sempre temendo a violência dos colonos, as demolições de casas e os deslocamentos forçados que minha comunidade, Masafer Yatta, enfrenta todos os dias sob a ocupação israelense”, disse Adra.
No Olher Land conta, justamente, a história das dificuldades que Adra enfrenta enquanto documenta a destruição de Masafer Yatta na Cisjordânia ocupada. A história também mostra sua amizade crescente com um segundo diretor do filme, o jornalista israelense Yuval Abraham, que passa, neste processo, a compreender as restrições, a discriminação que Adra enfrenta e a importância da resistência palestina.
O filme já havia conquistado outros importantes prêmios. Foi escolhido o melhor documentário no Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2024, e Melhor Filme Não-Ficcional do Círculo de Críticos de Cinema de Nova York.
Para disputar o Oscar, os cineastas tiveram de adotar uma “tática de guerrilha”. Não houve nenhum distribuidor que aceitasse distribuir o filme nos Estados Unidos. Como o Oscar exige que a obra estreie no país para disputar a premiação, os cineastas organizaram uma exibição de uma semana no Lincoln Center, em novembro.
“Sem Chão reflete a dura realidade que temos suportado por décadas”, disse também Adra. “Pedimos ao mundo que tome ações concretas para acabar com essa injustiça e interromper a limpeza étnica do povo palestino”, completou o cineasta palestino.
Yuval Abraham também se manifestou na entrega do prêmio e aludiu a sua relação com Abraham. “Fizemos este filme, palestinos e israelenses, porque juntos nossas vozes são mais fortes. Vemos uns e outros a destruição atroz de Gaza e de seu povo, que deve acabar”. Abraham também pediu a liberação dos israelenses feitos prisioneiros pelas ações da resistência palestina em 7 de outubro de 2023.
Abraham ainda teve tempo de criticar o apoio dos Estados Unidos a Israel. “A política externa deste país está ajudando a bloquear esse caminho [da paz]”, disse, entre aplausos. “Vocês não percebem que estamos interligados? Meu povo só estará verdadeiramente seguro se o povo de Basel for verdadeiramente livre e seguro”, disse, antes de completar: “Não há outro caminho.”
Discurso durante a cerimônia do Oscar – Mídia NINJA
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Livraria Berinjela
Doação de João Cabral pôs Berinjela no mapa dos sebos no Rio de Janeiro
Estabelecimento fundado nos anos 1990 bancou revista de poesia que revelou Angélica Freitas e Marília Garcia
Álvaro Costa e Silva, fsp, 07/03/2025
Em 1999, a Berinjela tinha quatro anos de vida e caminhava para se tornar um dos melhores sebos do Rio de Janeiro. Daniel, o dono, depois de um dia cansativo de trabalho, ia baixar as portas quando o telefone tocou: "Gostaria de vender uns livros que estão no último andar do prédio, que antes era destinado aos empregados".
Daniel perguntou se poderia passar no dia seguinte: "Preciso que seja hoje, vamos entregar o apartamento amanhã". Pediu o endereço e o nome da pessoa a quem procurar e, ao ouvi-los –rua 2 de Dezembro, no Flamengo, e João Cabral –, saiu correndo.
A livraria e sebo Berinjela, no centro do Rio de Janeiro - Divulgação
Ao comprar das mãos de seu filho parte do acervo do poeta João Cabral de Melo Neto, morto naquele ano, Daniel acredita que fez o que um comerciante de livros de segunda mão necessita para se estabelecer na praça e definir um perfil para sua loja. Uma operação que mistura escolha deliberada de exemplares, pesquisa, faro e sorte. "O sebo do momento é aquele que consegue comprar a melhor biblioteca", define.
"A família havia feito uma seleção de livros destinados a leilão, deixando outros espalhados no chão, cerca de 4.000, muitos assinados por João Cabral ou com dedicatórias para ele, inclusive de Carlos Drummond de Andrade", conta.
Junto com o lote, veio o fardão da ABL (Academia Brasileira de Letras). "Consegui vender no dia seguinte, graças a Deus, porque dá azar."
Livraria Berinjela, no Rio de Janeiro, tem estoque renovado praticamente todo dia
Filho de argentinos e neto de poloneses, Daniel Chomski nasceu no Brasil por acaso, quando a família veio acompanhar o pai no trabalho. Com sobrenome quase igual ao de Noam Chomsky, ele supõe ser primo distante do linguista. Os dois até se parecem um pouco.
Aos 17 anos, decidiu morar sozinho no Rio. Estudou jornalismo, escreveu resenhas para o Jornal do Brasil. Virou sócio de duas livrarias. A By The Book, no segundo andar de um mercadinho na praça Mauá, era visitada por duas ou três pessoas por dia. Na Brumário, a sociedade não funcionou, e ele saiu para abrir a Berinjela em 1994.
História de Livraria
Série de reportagens série mostra como cultura de livros usados resiste ao tempo e às transformações do mercado editorial
Praça do Sebo luta para manter relevância em centro do Recife cada vez mais vazio
Cadeia de sebos em Porto Alegre garimpa autores gaúchos pelo país
Sebo mais antigo de Joinville tem gerações de famílias entre seus clientes
Como ex-dona de lanchonete se tornou uma das maiores vendedoras de livros raros
Como a Livraria Calil, mais antiga de São Paulo, virou uma 'salvadora de livros'
Como um sebo no subúrbio do Rio superou um incêndio e transformou um bairro
Como funciona o Sebo do Messias, com milhões de livros e operação de guerra
Queria um nome inusitado. Ter uma loja moderna, meio de tribo. E limpa. Na época, a maioria dos sebos no centro do Rio lembrava depósitos, com livros em mau estado e cheios de poeira e bolor.
O primeiro nome de batismo –Berinjela, Nabo e Jiló– felizmente foi descartado. O espaço é amplo, no subsolo do Marquês do Herval, na avenida Rio Branco, 185, um prédio-monstro com 21 andares, oito elevadores e 630 salas.
O importante era que ficava em frente à livraria Leonardo da Vinci, uma das mais conceituadas da cidade. Com Silvia, irmã e sócia, Daniel deu asas à imaginação para atrair a clientela, promovendo shows de rock e campeonatos de botão. A especialização em ciências humanas e sociais e literatura de ficção, além da oferta de vinis, CDs e DVDs, trouxe o reconhecimento.
À esquerda de quem entra, a primeira estante é dedicada à poesia. Apreciador do gênero, o livreiro bancou a revista Modos de Usar, que revelou Angélica Freitas e Marília Garcia, e abrigou os lançamentos da Inimigo Rumor, do amigo Carlito Azevedo.
Daniel compra livros todos os dias. Diz que 80% do trabalho é braçal, 20% intelectual. "Quando saio daqui, não tenho tempo para ler, vou fazer ginástica."
O segredo do negócio é manter o estoque sempre renovado. O freguês que chega ao sebo pela terceira vez e encontra as mesmas ofertas não costuma voltar.
O estoque vai de 10 mil a 12 mil livros. Guardados numa sala do sétimo andar do edifício estão mais 24 mil exemplares. O site Berinjela, que é independente da loja, oferece cerca de 8.000 volumes. Todo primeiro sábado do mês acontece a Feirinha do Subsolo, com descontos, sucesso entre o público jovem; nessas datas, os livros vendidos podem chegar a 500, cinco vezes mais que um dia normal.
Mesmo antes da pandemia, Daniel apostou nas redes sociais para incentivar as vendas. No Instagram, diariamente são postadas pilhas de livros. "Devo ter sido o primeiro a fazer. Permite uma interação grande com o cliente."
Ele se orgulha de ter formado novos profissionais. Ivan Costa, do sebo Belle Époque, no Méier, e Felippe Marchiori, da livraria Alento, aberta recentemente no Flamengo, aprenderam o ofício na Berinjela.
No mais, é aguardar outra sorte grande do tipo Cabral.
Livraria Berinjela
Quando Seg. a sex., de 9h às 18h
Onde av. Rio Branco, 185, loja A, Rio de Janeiro
Telefone (21) 2215-3528; (21) 2532-3646; (21) 99490-3166
Link: https://www.livrariaberinjela.com.br/
Como doar ou vender Pessoalmente, de seg. a sex., de 12h às 14h; para grandes quantidades, agendar visita por telefone
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Sertão coroado – HQ
Lançamento da HQ "O Sertão Coroado" de Bernardo Vieira na UERJ campus Petrópolis-RJ
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Araya 1959 - Filme
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Com poucas matrículas, ensino técnico esbarra em 'cultura de bacharéis'
UOL, Rodrigo Ratier e Rafael Burgos, 12/03/2025
Com somente 11% de seu alunado entre 15 e 19 anos matriculado no ensino técnico profissionalizante, o Brasil caminha a passos lentos em sua trajetória para criar alternativas de formação aos jovens e, ao mesmo tempo, fortalecer setores estratégicos de sua indústria —um dos objetivos centrais dessa modalidade de ensino.
A que se deve esse baixo percentual, considerando a média de quase 37% dos países da OCDE, clube das nações mais ricas do mundo?
Para Ricardo Tonassi, presidente do Foncede (Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação) e professor na UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), um dos fatores é a chamada "cultura do bacharelismo" —ou seja, o valor simbólico socialmente atribuído a um diploma universitário.
Segundo Tonassi, essa tendência contribui para o desemprego dos jovens ao afastá-los de carreiras alternativas ao ensino superior. Em entrevista à coluna, ele defende uma ideia polêmica: a inclusão do magistério do ensino médio no catálogo nacional de cursos técnicos. Ressalta, ainda, a necessidade de ressuscitar o prestígio dessa modalidade.
"São mais de 600 mil vagas necessitando de pessoas qualificadas. Mas nossa cultura do bacharelismo leva os estudantes a acreditarem que o mais importante é portar um anel no dedo e ser chamado de doutor", afirma.
O que é a "cultura do bacharelismo" e de que modo ela contribui para travar o desenvolvimento?
Ricardo Tonassi: Há uma tradição no Brasil, que remete à nossa colonização portuguesa, que leva as pessoas ao seguinte raciocínio: eu só serei respeitado socialmente se eu tiver um anel no dedo --o mais importante é ser um "doutor". No Brasil, certas profissões, como advogado, médico, entre outras, são chamadas assim como forma de distinção. Nossa cultura leva as classes menos abastadas a entenderem que esse "doutor" é quem manda, é quem tem dinheiro. A consequência disso é que se dá uma competição extremamente desigual entre jovens que fazem uma refeição por dia, que gastam horas no transporte público para ir e voltar, diante de muitos outros que têm todas as refeições, tempo de sobra para estudar e boas condições financeiras.
Você fala numa diferença de prestígio entre o bacharel e o técnico?
Enquanto sustentarmos essa cultura do bacharelismo, continuaremos a enxergar o ensino técnico como um "gueto" dos mais pobres, o que é uma mentira. O ensino técnico, muitas vezes, é a boia que permite ter uma renda para sustentar sua família. Vimos um exemplo disso na pandemia: um técnico de enfermagem dificilmente ficou desempregado. O mesmo acontece na área de segurança do trabalho ou em transações imobiliárias —há espaço no mercado para essas pessoas.
Nos países da OCDE, quase metade dos estudantes de ensino médio estão na modalidade técnica, enquanto no Brasil essa média é de 11%.
Pois é. Esses países sabem que precisam de trabalhadores qualificados para a industrialização. Se pegarmos a Alemanha, por exemplo, há uma bifurcação no ciclo do ensino básico em que se separam os estudantes que têm boas notas e querem ir à universidade daqueles que querem ir ao ensino técnico.
A mesma Alemanha é um dos maiores exportadores de café do mundo, sem produzir um pé, pois possui a maior rede ferroviária da Europa. Então, eles compram e transformam uma cápsula em sacas de café para exportação, um procedimento puramente tecnológico. Já no Brasil, nossas maiores commodities continuam a ser soja e gado, o que atende a uma parcela diminuta que ganha muito dinheiro com a alta do dólar, enquanto quem compra cesta básica vive uma tragédia.
Como mudar esse cenário?
O orçamento da educação precisa dedicar mais recursos ao ensino técnico, tomando cuidado para não reproduzir maus exemplos, como a educação a distância (EAD) do ensino superior, que é um ensino mais barato, porém de baixa qualidade. Na outra ponta, precisamos informar os nossos jovens de que eles têm opções. Não se trata de obrigá-los, mas é um pecado não mostrar alternativas. Atualmente, um mergulhador, técnico em soldagem, ganha cerca de R$ 20 mil numa plataforma de petróleo no Rio de Janeiro, enquanto um advogado de uma empresa de telecomunicações ganha R$ 3.000 —mas ele tem um "anel" de doutor e anda de terno. Isso não faz sentido. Se olhamos para os professores, por exemplo, eles não escolhem mais sua profissão —em vez disso, acabam sendo "escolhidos" por não terem nota no Enem para outra coisa. No futuro, parcela desses jovens se tornará um burocrata da educação, cumprindo tabela para a aposentadoria.
Como você vê a formação de professores nesse contexto? Você defende o magistério do ensino médio como alternativa a alguns cursos de licenciatura.
A LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional] prevê, como formação mínima do professor, a educação superior. Trata-se de uma lei escandinava para um país subdesenvolvido. Se são 5.600 municípios no Brasil, como aplicar essa lei? Começamos a aceitar, passivamente, uma EAD de R$ 49 em pedagogia, na modalidade licenciatura, com turmas de 5.000 alunos para um professor. Isso resulta de um contexto econômico: grandes grupos educacionais vão à Bolsa para garantir o seu próprio lucro, o que nos leva ao atual cenário, em que vemos um alto número de pedidos de fechamento de faculdades no país.
E como entra o magistério do ensino médio nesse cenário?
Infelizmente, o MEC ainda não colocou o magistério do ensino médio no catálogo nacional de cursos técnicos, algo pelo qual venho lutando há muito tempo. Quem é professor e passou pelo ensino médio sabe que é lá que se aprende a dar aula.
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Sermões – Pe Antônio Vieira 10/03/2025
SERMÕES SELECIONADOS | Padre Antonio Vieira | Resumo + Análise
BARROCO | ENEM | 6 Pontos Essenciais | Escolas Literárias
O brado de Lima Duarte em memória do Padre Antônio Vieira
Sermões de Quarta-feira de Cinza (Padre Antonio Vieira) | Tatiana Feltrin
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10 Westerns Recommended By Tarantino - vídeo
0:24 - The Grand Duel
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9:22 - One-Eyed Jacks
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A razão da idade
Durante alguns minutos, os idosos voltaram a ser de meia-idade e os de meia-idade, jovens. Mas era fake
Ruy Castro, fsp, 09/03/2025
Em 1970, assisti a uma cena hilariante envolvendo o querido caricaturista Alvarus (1904-85), contemporâneo de J. Carlos e uma lenda do desenho nacional. Alvarus abrira um jornal na revista onde trabalhávamos e vira a manchete: "Ancião de 65 anos é mordido no nariz por seu papagaio". Tomou aquilo como um insulto pessoal e saiu aos brados pela Redação. "Olhem pra mim! Tenho 65 anos! Sou ancião???". E, de fato, elegantérrimo em seu terno azul, peito da camisa impecável, gravata borboleta de bolinhas e bastos bigodes à Barão do Rio Branco, Alvarus era tudo, menos ancião. "E ainda dou uma por semana!", gabou-se.
Mas, no Brasil de 1970, em que a expectativa de vida era de 55 anos, Alvarus, vendendo humor, saúde e vitalidade, já estava na prorrogação. Eu, com meros 22, ouvia-o fascinado contar que o primeiro presidente que caricaturara fora o pré-diluviano Washington Luís. Talvez Alvarus fosse uma exceção. O normal no país de então, e ainda por muito tempo, era que as pessoas envelhecessem a olhos vistos e mesmo assim não chegassem aos 70.
Nelson Rodrigues morreu aos 68 anos; Tom Jobim, aos 67; Vinicius de Moraes, aos 66; Villa-Lobos, aos 62; Ary Barroso, aos 61; Guimarães Rosa, aos 59; Portinari, aos 58; Clarice Lispector, aos 57; Olavo Bilac, aos 53; Garrincha, aos 49; Cacilda Becker, aos 48; Glauber Rocha, aos 42; Lima Barreto, aos 41; João do Rio, aos 40; Elis Regina, aos 36; Noel Rosa, aos 26. É incrível que nos tenham deixado tanto em tão pouco tempo de vida.
Hoje, como boa parte se cuida melhor, faz exercícios, não fuma e a medicina evoluiu, a expectativa de vida cresceu. Daí, vibrei quando me disseram que a OMS (Organização Mundial da Saúde) reclassificara as pessoas: até os 17 anos, menores; de 18 a 65, jovens; de 66 a 79, de meia-idade; de 80 a 99, idosos; e, maiores de 100, idosos de longa vida. O que me disparava de volta à meia-idade.
Mas logo me avisaram que essa notícia era fake. Puxa, que chato. Ah, tudo bem –continuo a pagar meia no teatro.
O caricaturista Alvaro Cotrim (1904-1985), o Alvarus - Divulgação/Manchete
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Feminicídio fez mais de mil vítimas por ano no Brasil desde 2015
Lei que alterou o Código Penal para tipificar esse crime deu mais visibilidade a casos; especialistas apontam subnotificação e necessidade de ampliar proteção
Raquel Lopes, fsp, 09/03/2025
Desde a aprovação da lei que criou o crime de feminicídio, há dez anos, o Brasil registrou ao menos 11.859 vítimas, segundo dados até janeiro deste ano do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em 2024, o Brasil registrou o maior número de casos da série histórica, com 1.459 vítimas, superando os 1.448 registros do período anterior. Piauí, Maranhão, Paraná e Amazonas tiveram o maior aumento de casos por 100 mil habitantes de um ano para o outro.
Conhecida como Lei do Feminicídio, a norma alterou o Código Penal e passou a tipificar esse crime no Brasil em 9 de março de 2015. A legislação abrange assassinatos de mulheres em contextos de violência doméstica, familiar ou motivados por misoginia.
Para fins de comparação, em 2024 o Brasil registrou 35.397 vítimas de homicídio doloso (intencional), sendo 32.547 homens, 2.425 mulheres e 425 pessoas não identificadas, segundo o Sinesp. Esses números não incluem as vítimas de feminicídios.
Delegada no Distrito Federal e doutora em sociologia, Cyntia Carvalho e Silva afirma que a lei trouxe visibilidade a casos que sempre existiram, permitindo um acompanhamento mais preciso e a criação de políticas públicas.
Ela atribui o aumento dos casos nos últimos anos tanto ao crescimento da violência quanto à melhoria na investigação e classificação desses crimes pelos estados. No Distrito Federal, por exemplo, um protocolo exige que toda morte violenta de mulher seja inicialmente tratada como feminicídio.
Os investigadores partem do princípio de que a motivação pode estar relacionada à violência doméstica, ao menosprezo ou à discriminação de gênero. Se a apuração indicar outra causa, o crime é reclassificado.
Uma das vítimas de feminicídio no Brasil foi Géssica Moreira de Sousa, 17. Ela foi assassinada com um tiro na cabeça no DF. O principal suspeito é seu ex-companheiro, Vandiel Próspero da Silva, 24.
Segundo a Polícia Civil, o crime ocorreu em uma igreja, na presença da filha do casal, de apenas dois anos. Vandiel foi até lá para buscar a criança e Géssica teria recusado a entregá-la. Ele foi preso na Bahia. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.
No ano passado, o crime cometido contra mulheres por razões de gênero deixou de ser uma qualificadora do homicídio e passou a ser tipificado como um crime autônomo, com penas que variam de 20 a 40 anos de prisão. Quando há agravantes, a pena pode chegar a 60 anos, tornando o feminicídio o crime com a maior punição prevista atualmente no Brasil.
Conhecida como Pacote Antifeminicídio, a lei aumenta as penas para crimes cometidos em contexto de violência contra a mulher motivado por questões de gênero, promovendo mudanças na Lei Maria da Penha, no Código de Processo Penal e na Lei de Execução Penal.
Juliana Brandão, pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, avalia que a nova lei é positiva, principalmente ao reconhecer o feminicídio como um crime autônomo, passando a ter uma dinâmica processual própria. Ela destaca que esse ponto, além do aumento da pena, carrega uma simbologia, mostrando que o país está levando a sério o tema.
Apesar dos avanços, a promotora de Justiça de São Paulo e professora da PUC Valéria Scarance aponta que ainda há subnotificação nos dados, e muitos casos de feminicídio tentado e consumado são tipificados como outros crimes.
"É muito comum, por exemplo, que feminicídios tentados sejam registrados como lesão corporal, como se o agente não tivesse a intenção de matar. Há alguns casos, ainda, em que feminicidas jogam suas parceiras de prédios e os fatos são apurados como suicídio ou queda acidental."
Ela defende ser fundamental melhorar os dados para que as políticas públicas de prevenção sejam mais eficazes, com estratégias sendo constantemente aprimoradas e reavaliadas. E diz que, enquanto as mulheres se tornaram mais independentes e conscientes, os homens, como reação, se tornaram ainda mais violentos.
Manifestantes protestam contra violência e por direitos no Dia da Mulher
A delegada Dannyella Pinheiro, da 3ª Delegacia de Defesa da Mulher Oeste de São Paulo, destaca que, nos últimos dez anos, também foram tomadas outras medidas importantes, como a decisão de 2023 do STF (Supremo Tribunal Federal) que declarou inconstitucional o uso da tese da defesa da honra em casos de feminicídio ou agressão contra mulheres.
Ela reforça a necessidade de medidas preventivas, como ampliar campanhas de conscientização, tanto para incentivar mulheres a denunciar quanto para alertar os homens sobre o endurecimento das leis.
"A violência doméstica ainda é um grande desafio, pois muitas mulheres acreditam que o agressor pode mudar, que conhece a pessoa por estar ao seu lado dez, 20 anos. Além disso, hesitam em denunciar devido aos filhos ou de dificuldades financeiras. Por isso, é essencial que o Estado ofereça uma rede de apoio para acolhê-las antes que o caso evolua para o feminicídio", destaca.
Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública
Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública
Estados e governo federal
A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão informou que, em 2024, conta com 23 Delegacias da Mulher e está implantando Núcleos de Combate à Violência contra a Mulher em novas delegacias.
Já o Paraná atribui os dados ao aumento das investigações e da repressão qualificada. Destaca ainda a operação Mulher Segura nas 20 cidades com os piores índices de violência, com um conjunto de ações que vão de aumento do policiamento a palestras comunitárias.
O Amazonas disse que tem fortalecido as ações repressivas, ostensivas e investigativas contra o feminicídio, além de fortalecer as ações educativas a partir das ações da Ronda Maria da Penha e da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou, em nota, que em 2024, destinou R$ 116 milhões para ações de defesa da população feminina nos estados e no Distrito Federal. Além disso, por meio do Pronasci 2, iniciou o financiamento para a construção de 12 Casas da Mulher Brasileira, que até 2027 chegarão a 40.
No ano passado, a pasta coordenou as operações Átria e Shamar, focadas no combate à violência contra mulheres. Já na área preventiva, destacou o programa "Antes que Aconteça", que busca garantir a segurança e proteção das mulheres.
O Ministério das Mulheres não respondeu, assim como o estado do Piauí.
ENTENDA AS PRINCIPAIS MUDANÇAS NA LEI EM 2024
Código Penal
Crime Autônomo
Antes: O feminicídio era uma qualificadora do homicídio, com pena de 12 a 30 anos de reclusão.
Depois: Tornou-se crime autônomo, com pena de 20 a 40 anos de reclusão.
Agravantes
Antes: A pena era aumentada nos seguintes casos: crime praticado durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto; contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos; na presença dos pais ou dos filhos da vítima.
Depois: O feminicídio tem pena agravada quando cometido durante a gestação, nos três meses posteriores ao parto ou se a vítima for mãe ou responsável por criança; contra menor de 14 anos, maior de 60 anos, mulher com deficiência ou doença degenerativa; quando cometido na presença física ou virtual dos pais ou dos filhos da vítima; em descumprimento de medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha; ou quando houver emprego de veneno, tortura, emboscada ou arma de uso restrito.
Perda de Cargo
Antes: A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo dependia de previsão na sentença.
Depois: A pessoa condenada por crime praticado contra a mulher por razões de gênero fica vedada nomeação, designação ou diplomação em qualquer cargo, função pública ou mandato eletivo entre o trânsito em julgado da condenação até o cumprimento da pena.
Aumento de Penas
Antes: As penas para lesão corporal, crimes contra a honra e ameaça seguiam as previsões gerais do Código Penal.
Depois: As penas são dobradas quando os crimes são cometidos contra a mulher por razões da condição de sexo feminino nos casos de lesão corporal, crime contra a honra e ameaça.
Lei de Execução Penal
Visita Íntima
Antes: Não havia previsão na lei para monitoramento eletrônico ou restrição de visitas íntimas para condenados por crimes contra a mulher.
Depois: Condenados por crimes contra a mulher devem ser monitorados eletronicamente durante saídas temporárias, perdem o direito a visitas íntimas e podem ser transferidos para estabelecimentos penais distantes da residência da vítima.
Progressão de Pena
Antes: O condenado pelo crime de feminicídio só poderia ter direito à progressão de regime após cumprir, no mínimo, 55% da pena.
Depois: O condenado por feminicídio só poderá ter direito à progressão de regime após cumprir 50% da pena se for primário e 70% se for reincidente.
Código de Processo Penal
Prioridade Processual
Antes: Não havia prioridade específica para crimes de violência contra a mulher.
Depois: Processos que apurem crimes hediondos ou violência contra a mulher têm prioridade de tramitação em todas as instâncias, além da isenção de custas processuais.
Lei dos Crimes Hediondos
Classificação como Crime Hediondo
Antes: O feminicídio era considerado crime hediondo apenas como qualificadora do homicídio.
Depois:O feminicídio está explicitamente listado como crime hediondo.
Lei Maria da Penha
Medida Protetiva
Antes: A pena para descumprimento de medidas protetivas era de detenção de 3 meses a 2 anos.
Depois: A pena foi aumentada para detenção de 2 a 5 anos.
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Reels - 08/03/2025
Luiz Gonzaga Belluzzo
Adoniran Barbosa
Hospital psiquiátrico
Antônio Fagundes
Zezé Mota & Marieta Severo
Edson Cordeiro em 'Saudades da minha terra'
Wes Montgomery
Zélia Duncan
Belchior
Lea Garcia