segunda-feira, 29 de abril de 2024

IA e as profissões no limbo

Meus colegas de limbo

Uma lista autorizada de profissões condenadas à morte juntamente com a dos escritores e jornalistas 

Ruy Castro, FSP, 28/04/2024

Todo dia alguém especula sobre quais profissões estão condenadas à extinção pela inteligência artificial. Em coluna recente ("A vida começa aos 500", 22/4), eu próprio arrisquei algumas: médico clínico, psicanalista, juiz (inclusive de futebol), piloto de aviação, engenheiro, professor, fotógrafo, ator. Todo mundo palpita, mas ninguém pode garantir que sua previsão se confirmará. O certo é que, seja qual for a previsão, por mais pessimista do ponto de vista dos candidatos à extinção, a realidade será ainda pior. Só a própria inteligência artificial é capaz de prever os seus próprios limites, se é que ela os tem.

Meu amigo Cristiano Grimaldi, engenheiro de software, resolveu ir direto à fonte. Perguntou à inteligência artificial que profissões se extinguirão por causa dela. E ela, sem pestanejar — por falta de pestanas, a IA ainda não consegue pestanejar —, listou 100 profissionais que em breve farão companhia no mercado aos pterodáctilos e tigres-de-dente-de-sabre. Eis alguns.

Operador de telemarketing. Auxiliar de escritório. Operador de máquinas de impressão. Digitador de dados. Assistente de Recursos Humanos. Assistente administrativo. Assistente jurídico. Assistente social. Analista de crédito. Analista de marketing. Analista de sistemas. Técnico em radiologia. Técnico em eletrônica. Técnico de laboratório. Técnico em eletricidade. Técnico em telecomunicações.

Recepcionista de hotel. Contador. Secretária. Agente de viagens. Corretor de imóveis. Artista plástico. Designer gráfico. Porteiro de prédio. Fisioterapeuta. Instrutor de academia. Auxiliar de farmácia. Motorista de táxi. Mecânico de automóveis. Vendedor de automóveis. Manobrista. Caixa de banco. Caixa de restaurante. Pizzaiolo (não me pergunte por quê). Etc.

Rapazes, foi bom trabalhar com vocês. Nos vemos no limbo — https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/01/ia-afetara-cerca-de-40-dos-empregos-do-mundo-diz-fmi.shtml porque jornalistas e escritores também se extinguirão.

Ilustração de Catarina Pignato 

A vida começa aos 500  

Mas não 500 anos à frente, como quer a inteligência artificial, e sim o contrário, muito melhor 

Ruy Castro, FSP, 21/04/2024

Ouvi dizer que, em 2045, a inteligência artificial fará com que uma pessoa viva até os 500 anos. É horripilante, mas não duvido. O que me pergunto é de que adiantará um sujeito viver até os 500 anos se, com a inteligência artificial, não lhe restará quase nada para fazer. Pelo que me contam, profissões como escritor, jornalista, psicanalista, juiz (inclusive de futebol), piloto de aviação, engenheiro, médico, bancário, professor, fotógrafo, ator e umas mil outras em breve estarão extintas por causa dela.

E, se vamos viver até os 500 anos, quando começarão as delícias da "melhor idade", como calvície, diabetes, impotência, artrose e demência? Aos 300 ou 350 anos? Sendo assim, ainda nos sobrarão 150 ou 200 para precisar de acompanhante, usar fralda e esquecer o próprio nome? Mal podemos esperar.

Se a inteligência artificial fosse mesmo a nosso favor, ela nos propiciaria, ao contrário, renascer 500 anos atrás e voltar aos poucos ao nosso tempo, presenciando o surgimento de muitas maravilhas. Eu, por exemplo, recuaria a 1448, ainda a tempo de pegar a invenção dos tipos móveis por Gutenberg, em 1450. Testemunharia a invenção do jornal, em 1605, dos óculos bifocais, em 1784, do apontador de lápis, em 1828, do daguerreótipo, pai da fotografia, em 1839, e da máquina de escrever, em 1843. Todos, artigos de primeira necessidade, pelo menos para mim.

E que anos, aqueles: 1844, do código Morse; 1846, das rotativas; 1867, dos clipes de papel. O ano de 1791 também foi incrível: são dele o sistema métrico, a guilhotina e, olha só, as dentaduras. E seria pândego ver a chegada da camisinha, em 1560, do saca-rolha, em 1795, dos fósforos, em 1844, e do chiclete, em 1848.

Infelizmente, veria também a do revólver, em 1835, do rifle automático, em 1860, e da dinamite, em 1866. Instrumentos da morte, eu sei, embora menos letais que a inteligência artificial.

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IA afetará cerca de 40% dos empregos do mundo, diz FMI

Relatório do Fundo indica que metade dos empregos afetados pela IA será prejudicada, enquanto o restante pode se beneficiar 

14.jan.2024, FSP, Washington | AFP

A inteligência artificial (IA) afetará 60% dos empregos nas economias avançadas, afirmou a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, pouco antes de partir para o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

"As economias avançadas e alguns mercados emergentes verão 60% de seus empregos afetados", disse em uma entrevista em Washington, citando um novo relatório do Fundo Monetário Internacional sobre o assunto.

"E depois diminui para 40% para os mercados emergentes, 26% para os países de baixa renda", acrescentou, referindo-se ao relatório do FMI, que aponta que, globalmente, quase 40% do emprego mundial está exposto à IA.

O relatório indica que metade dos empregos afetados pela IA será prejudicada, enquanto o restante pode se beneficiar do aumento da produtividade devido à IA.

"Seu trabalho pode desaparecer completamente, o que não é bom, ou a inteligência artificial pode aprimorar seu trabalho, tornando-o mais produtivo e aumentando sua renda", explicou Georgieva à AFP.

Embora inicialmente a IA tenha um impacto menor nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, também é menos provável que se beneficiem das vantagens dessa nova tecnologia, de acordo com o FMI.

"Isso poderia agravar a lacuna digital e a disparidade de renda entre os países", continuou o relatório, acrescentando que os trabalhadores mais velhos provavelmente serão mais vulneráveis às mudanças causadas pela IA.

O FMI vê uma oportunidade significativa para as políticas abordarem essas preocupações, disse Georgieva à AFP.

"Devemos nos concentrar em ajudar os países de baixa renda, em particular, a agir mais rapidamente para aproveitar as oportunidades que a inteligência artificial apresentará", disse.

"Em outras palavras, abracem-na, está chegando", acrescentou. "Então, a inteligência artificial, sim, assusta um pouco. Mas também é uma tremenda oportunidade para todos".

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ChatGPT: Veja profissões que vão bombar com inteligência artificial 

Vitoria Pereira, 23/02/2023, FSP

Sabe o ChatGPT, do qual todo mundo está falando? Ele pode ser seu colega de firma.

Isso mesmo, o sistema, que é baseado em inteligência artificial, permite conversar com um robô em um formato de chat em texto: a pessoa envia uma mensagem e ele responde.

A ferramenta ficou famosa por ser capaz de responder perguntas, conversar, organizar, resumir e escrever textos e por aí vai. Além disso, a qualidade de sua escrita parece humana.

Mas o que é inteligência artificial?

É a área da computação baseada em algoritmos que busca imitar e reproduzir o pensamento e o aprendizado humano para fazer tarefas complexas, podendo até tomar decisões.

Como ela aparece no dia a dia... em assistentes virtuais como Siri e Alexa, jogos eletrônicos, aplicativos de transporte como o Waze, e outra infinidade de coisas.

Quais profissões vão bombar usando inteligência artificial?

Desenvolvedor de software para usar a tecnologia em aplicativos ou sistemas;

Cientista de dados e engenheiro de dados para analisar e extrair informações;

Engenheiro de prompt para operar sistemas de inteligência artificial;

Profissionais híbridos, aqueles que entendem da sua área de formação e unem esse conhecimento com ciência de dados e inteligência artificial, afirma Arnóbio Morelix, CEO da Faculdade Sirius, especializada em tecnologia e focada em inteligência artificial.

Exemplo: profissional de finanças que faz modelos financeiros usando algoritmos ou profissional de vendas que usa a ciência de dados para melhorar seu desempenho.

Fiz essa mesma pergunta para o ChatGPT e ele acrescentou outras ocupações como:

Especialista em robótica para atuar em programação de robôs e integração de sistemas;

Especialista em desenvolver chatbots como o ChatGPT;

Especialista em segurança cibernética para detectar e prevenir ataques virtuais.

Dicas para ingressar nesse mercado:

Saber inglês é fundamental.

Ter raciocínio lógico. "É preciso fazer as perguntas corretas para conseguir as respostas que está procurando com a tecnologia", diz Guilherme Silveira, cofundador da Alura, ecossistema de aprendizado em tecnologia do Brasil.

Ter formação em matemática, engenharia da computação, ciência da computação ou física são alguns dos caminhos;

Há especializações ou pós-graduações focadas em inteligência artificial como na PUCRS, Alura, Faculdade Sirius e FIAP.

Entender fundamentos da computação como programação e sistemas operacionais, aconselha Michael da Costa Móra, professor da Escola Politécnica e coordenador do Centro de Inovação da PUC-RS. (...)



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