TRABALHO, A ESCOLA UNITÁRIA E OS INTELECTUAIS: FUNDAMENTOS PARA A PESQUISA HISTÓRICA EM TRABALHO E EDUCAÇÃO
RBBA, Revista Binacional Brasil Argentina, Vitória da Conquista, V.5, nº1, Julho/2016
Eraldo Leme Batista e Ângela Mara de Barros Lara
Neste artigo científico realiza-se uma análise sobre a concepção marxista do trabalho. Partimos inicialmente do pressuposto de que o trabalho se constitui na categoria fundante do homem e da sociedade. Apresentamos, mesmo que de forma sucinta, o trabalho como vital para o desenvolvimento do homem e da sociedade, sendo que o homem se realiza e humaniza-se no trabalho, ao mesmo tempo em que se aliena e se empobrece no trabalho, principalmente, na sociedade capitalista. Após essas assertivas, discorremos sobre a concepção de educação presente na obra do filósofo marxista italiano, Antônio Gramsci (1891-1937), principalmente sobre escola unitária, por entendermos a sua relevância na discussão sobre escola para o trabalho. Gramsci não analisa a escola descolada da história, portanto, é um autor que nos instiga a pensar o trabalho e a educação no atual período histórico. Para tanto, analisamos os estudos deste autor presente nos Cadernos do Cárcere, focando no caderno 12, onde o mesmo desenvolve suas ideias sobre escola unitária. Assim, este trabalho está elaborado nos fundamentos do Materialismo Histórico Dialético, por entendermos que somente este método de estudos e análise contribui para desvendarmos as diversas artimanhas políticas e ideológicas construídas pela classe dominante.
1. Introdução
Este artigo científico apresenta discussão sobre o pensamento do Filósofo Marxista Italiano, Antônio Gramsci (1891-1937) (i) articulando suas ideias a partir de três tópicos que utilizamos para o desenvolvimento do mesmo. Primeiramente, trabalhamos com o fundamento marxista referente a discussão sobre Trabalho e Alienação presentes nas obras de Marx e Engels e desenvolvidas por diversos marxistas, dentre eles, Gramsci. No segundo momento, discorremos sobre a proposta de Gramsci sobre escola unitária, buscando entender os pressupostos que contribuem com nossa reflexão e aponte possibilidades para a organização e luta da classe que vende sua força de trabalho. Neste sentido, é que recorremos aos estudos de Gramsci presentes nos Cadernos do Cárcere, especialmente no caderno 12 (ii), no qual este discorreu suas ideias sobre a escola unitária.
No último tópico do texto, versamos sobre os fundamentos presentes em Gramsci referentes ao papel dos intelectuais no processo de formação do ser humano, pois para ele, os intelectuais comprometidos com o processo se emancipação social são fundamentais na constituição de um ser social, crítico, emancipado da alienação do sistema capitalista. Para tanto, entende que a escola tem um papel importante neste processo, desde que os intelectuais tenham o compromisso de formar novas gerações conscientes do seu papel histórico na sociedade de classes. Importante salientar que Gramsci não pensa a educação a partir dela mesma, mas articulada com o contexto histórico de sua época, destacando a importância da mesma para a formação omnilateral do ser humano, no entanto, não deixa de discorrer sobre o papel central no trabalho neste processo de formação. O Trabalho é vital para a formação deste ser e a educação pensada em perspectiva da totalidade, contribuirá para que este desenvolva todas as suas potencialidades na sociedade.
2. O Trabalho e a Alienação
Entendemos que o indivíduo se desenvolve socialmente a partir da sua relação com o meio, com outros seres humanos e com a natureza. “[...] São os seres humanos em sociedade que produzem as condições que se expressam no seu modo de pensar, sentir, de ser” (MARX, 2004, p. 80). Na relação com outros seres sociais, o homem se desenvolve, aprende, sendo que o trabalho é vital para este desenvolvimento, onde ele “[...] produz e se reproduz a si mesmo” (iii).
O trabalho surge para satisfazer as necessidades humanas, mas para garantir essas necessidades o homem intervém na natureza e ao fazê-lo, buscou formas para esta intervenção, criando instrumentos de caça, pesca, bem como ferramentas para as atividades laborais no cultivo da terra, arando, plantando, colhendo e também criou ferramentas de defesa, de proteção contra animais perigosos que viviam no meio.
Com o tempo o homem foi aperfeiçoando estes instrumentos, ou seja, foi aprendendo, educando, melhorando assim suas atividades cotidianas a partir de novos instrumentos de trabalho. Neste sentido, entendemos que o homem a partir da sua ação, da sua relação com a natureza e intervenção na mesma, aprende, educa e educa os demais seres ao demonstrar para eles, seus inventos, suas descobertas e novas formas de caçar, pescar, arar a terra, de plantar. Isso posto, entendemos que o homem cria trabalho, necessita dele para sobreviver, se transforma ao transforma-lo, transformando também a natureza. Aprende com as mudanças que realiza no próprio trabalho.
A partir do exposto, entendemos que o trabalho é o ponto de partida do processo de humanização do ser social, também é verdade que, tal como se objetiva na sociedade capitalista, o trabalho é degradado e aviltado. Torna-se estranhado. O que deveria se constituir na finalidade básica do ser social -a sua realização no e pelo trabalho –é pervertido e depauperado. O processo de trabalho se converte em meio de subsistência. A força de trabalho torna-se, como tudo, uma mercadoria, cuja finalidade vem a ser a produção de mercadorias. O que deveria ser a forma humana de realização do indivíduo reduz-se à única possibilidade de subsistência do despossuído. Esta é a radical constatação de Marx: a precariedade e perversidade do trabalho na sociedade capitalista. Desfigurado, o trabalho torna-se meio e não “primeira necessidade” de realização humana. Na formulação contida nos Manuscritos,“[...] o trabalhador baixa à condição de mercadoria e a mais miserável do trabalhador põe-se em relação inversa à potência”. (iv)
Ao realizar o trabalho, o homem opera uma transformação, com determinado fim, que se extingue ao fim da realização de tal produto. O trabalho esta incorporado neste produto, nesta mercadoria, que de forma planejada, foi pensada para ser produzida, para a necessidade do ser humano.
Pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade (MARX, 1989, p. 211-212).
O Homem é o autor principal do movimento histórico e o realiza por meio do trabalho, entendido aqui como ação consciente de transformação da natureza. Para garantir sua subsistência, o homem intervém, interfere na natureza. Neste processo ocorre a formação do próprio homem, tornando-se um processo educativo. Ao discorrer sobre essas questões, Saviani assevera que
Se a existência humana não é garantida pela natureza, não é uma dádiva natural, mas tem de ser produzida pelos próprios homens, sendo, pois, um produto do trabalho, isso significa que o homem não nasce homem. Ele forma-se homem. Ele não nasce sabendo produzir-se como homem. Ele necessita aprender a ser homem, precisa aprender a produzir sua própria existência. Portanto, a produção do homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem, isto é, um processo educativo. A origem da educação coincide, então, com a origem do homem mesmo (SAVIANI, 2007, p. 154).
No trabalho, o ser humano quer saber antes de fazer, ele planeja, idealiza seu trabalho, diferente dos animais. Em sua obra, O Capital, Marx (2001), explicita o que vem a ser este processo de trabalho. Para o referido pensador, o processo de trabalho:
[...] deve ser considerado de inicio independentemente de qualquer forma social determinada. Antes de tudo,o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobra a Natureza externa a ele e ao modifica-la, ele modifica,ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio (MARX, 2001, p. 149).
Com relação a estas questões, entendemos que no trabalho, o momento teleológico distingue o homem do animal. Neste sentido, afirmamos que a construção humana é diferente da do animal. No trabalho, o ser social age diferente, pois pressupõe um conhecimento concreto, mesmo que jamais este trabalho seja perfeito. Albornoz (1986), também, entende algoque, definitivamente, distingue o trabalho humano do esforço dos animais é:
[...] que no trabalho do homem há liberdade: posso parar de fazer o que estou fazendo, embora seja um servo, embora não me seja reconhecido o direito de greve, e embora ou venha a sofrer por causa deste meu gesto. Posso também fazer meu trabalho de muitas maneiras diferentes, se a máquina não o programar assim como o instinto faz com os outros animais (ALBORNOZ, 1986, p. 12).
O Trabalho é fundamental para o homem, pois é por meiodele que assegura sua sobrevivência e de sua família na sociedade, “[...] é o trabalho que define a essência humana. Isso significa dizer que não é possível ao homem viver sem trabalhar, já que o homem não tem sua existência garantida pela natureza, sem agir sobre ela, transformando-a e adequando-a as suas necessidades, o homem perece” (v). No entanto, com o surgimento da propriedade privada, os proprietários passaram a viver sem trabalhar, ou seja, alguém trabalhava para mantê-los, para que vivessem no ócio.No capitalismo esta situação se aprofunda, com a superexploração da força do trabalho, via extração da mais valia. Ao desenvolver análise sobre esta questão, Marx (2004) (vi) conclui que:
Pois primeiramente o trabalho, a atividade vital, a vida produtiva mesma aparece ao homem apenas como um meio para a satisfação de uma carência, a necessidade de manutenção da existência física. A vida produtiva é, porém, a vida genérica. No modo (Art) da atividade vital encontra-se o caráter inteiro de uma species, seu caráter genérico, e a atividade consciente livre é o caráter genérico do homem. A vida mesma aparece só como meio de vida.
Pelo trabalho e no trabalho, o homem cria coisas úteis. Por meio do trabalho, ocorre uma dupla transformação, o ser social é transformado pelo seu trabalho, os objetos e coisas são transformados, autotransforma, transformando também a natureza. Portanto, na sociedade de classes, o trabalho assume dimensão de trabalho concreto, tornando-se dispêndio, energia física e intelectual. Torna-se importante afirmar que no capitalismo, a única forma do trabalhador sobreviver é vendendo sua força de trabalho, é a única opção de sobrevivência nesta sociedade de classes, pois é a única mercadoria que possui.O trabalho sempre se efetivará como condição eterna do homem de transformar a natureza para satisfazer suas necessidades. Marx (1989) (vii) entende, ainda, que o trabalho do homem adquire forma social.
O processo de trabalho, que descrevemos em seus elementos simples e abstratos, é atividade dirigida com o fim de criar valores-de-uso, de apropriar os elementos naturais às necessidades humanas; é condição necessária do intercâmbio material entre o homem e a natureza; é condição natural eterna da vida humana, sem depender, portanto, de qualquer forma dessavida, sendo antes comum a todas as suas formas sociais. Não foi por isso necessário tratar do trabalhador em sua relação com outros trabalhadores. Bastaram o homem e seu trabalho, de um lado, a natureza e seus elementos materiais, do outro. O gosto do pão não revela quem plantou o trigo, e o processo examinado nada nos diz sobre as condições em que ele se realiza se sob o látego do feitor de escravos ousob o olhar ansioso do capitalista, ou se o executa Cincinato lavrando algumas jeiras de terra ou o selvagem ao abater um animal bravio com uma pedra.
A partir do exposto, entendemos que a alienação se dá no ato da produção, na atividade em si, no desgaste da capacidade física e intelectual do trabalhador, no uso de sua força de trabalho. O produto do trabalho só é exteriorizado, objetivado, coisificado, enfim, alienado.
3. Escola Unitária em Gramsci
Discorremos neste tópico uma análise sobre os pressupostos presentes na proposta de Gramsci sobre escola unitária. Torna-se importante afirmar que para Gramsci o trabalho é vital no desenvolvimento de formação do ser humano. Este filósofo italiano também entende que com uma educação que forme na perspectiva omnilateral o ser humano, possibilitará que o mesmo desperte para o seu papel importante como ser histórico e político na sociedade, para tanto, a educação cumpre a seu ver um papel relevante neste processo. Ao desenvolver análise da educação na Itália, este autor teceu severas críticas às teorias educacionais que dominavam tanto a escolas oficiais quanto as organizações operárias. Este pensador marxista, via na escola pública possibilidades concretas de realizar um trabalho educativo na formação do ser humano em sua plenitude. Em contrapartida, criticava o ensino técnico da época, pois esse nível educacional abarcava apenas o ensino técnico, diferenciando-se da educação oferecida aos filhos da burguesia, de cunho humanista. Para esse filósofo marxista, a escola unitária deveria promover a maturidade intelectual; para tanto, era necessária uma escola que transmitisse o conhecimento em sua totalidade. Esse conhecimento seria fundamental para que o ser humano se desvencilhasse, despertasse para a realidade concreta do mundo em que vive, deixando de ser um ser alienado, mas critico do seu papel enquanto ser social em uma sociedade de classes.
Uma das principais críticas presentes no caderno 12 versa sobre a ideia da separação da formação profissional, com a formação intelectual. Trata-se de uma visão elitista de educação que esteve presente na proposta reformista de Giovanni Gentile (viii). Formação elitista que contribuiria para a manutenção da alienação do trabalhador em seu espaço de trabalho. Gramsci visualizava duas propostas de educação presente, sendo uma voltada para a formação técnica, destituída de formação humanista, apenas para o trabalho e a outra formação plena, humanista, para a formação dos filhos da burguesia italiana, ou seja, uma formação destituída de saber, de conteúdo e fragmentada e outra formação para os filhos da burguesia, demonstrando claramente que o objetivo era manter os trabalhadores submetidos a uma ideologia que os mantivessem alienados no trabalho, sujeitando à exploração do trabalho.
Gramsci elabora sua proposta de escola unitária, justamente para se contrapor a política educacional italiana, defendida por Gentile. Este intelectual italiano percebeu que a escola que transmitia conhecimento elaborado, científico, clássico e humanista, era destinada apenas para os filhos da classe dominante, enquanto que a educação destinada para os filhos da classe trabalhadora era destituída de conhecimento científico, saber elaborado, clássico, mas apenas uma educação;
[...] aligeirada e atrativa, porque que acelerava o ingresso do estudante no mundo da produção industrial, as escolas técnicas concorriam com a tradicional, difusora da cultura humanista, que foi substituída aos poucos. Esta iniciativa, chancelada pela política educacional do governo italiano, adentrou no campo da escola pública substituindo gradativamente a escola clássica e humanista pela oferta da educação técnica. Mantinha, no entanto, a escola clássica para aqueles que não necessitavam se preocupar com a profissionalização imediata, isto é, o ensino humanista e desinteressado era um privilégio dos grupos economicamente privilegiados e hegemônicos (GOMES, 2015, p. 09).
Ao desenvolverem análise referente a essa questão, entendem que Gramsci questiona a;
[...] dualidade do sistema escolar, ou seja, a existência de dois tipos de escola para dois tipos de classes de cidadãos: a escola desinteressada-do-trabalho, para a elite, com um programa humanista, de vasta e moderna cultura universal, destinada àqueles que não precisam se submeter ao imediatismo do mercado profissional; e a escola interessada-do-trabalho, precocemente profissionalizante, com um pragmático e pobre currículo, destinada à parcela majoritária da população, com o intuito de formar jovens para o imediatismo do mercado, sem preocupações com os valores universais. (NOSELLA & AZEVEDO, 2009, p. 27).
Torna importante esclarecermos o que Gramsci entendia por escola “desinteressada”. O termo utilizado por ele significa que a escola deve estar ligada a "[...] uma concepçãode educação que oportunize a absorção e assimilação pelo educando de todo o seu passado cultural acumulado historicamente e que deu origem à sociedade em que o indivíduo esta inserido” (NASCIMENTO; SBARDELOTTO, 2008, p. 282).
Para Gramsci, a maior parte dos estudos deve estar alicerçada em conhecimento amplo, profundo, clássico, possibilitando assim a formação plena do ser humano. Segundo este pensador,
“[...] o estudo ou a maior parte dele deve ser (ou assim aparecer aos discentes) desinteressado, ou seja, não deve ter finalidades práticas imediatas ou muito imediatas, deve ser formativo ainda que ‘instrutivo’, isto é, rico de noções concretas” (GRAMSCI, 2001, p. 49, aspas do autor).
Ao desenvolvermos nosso estudo sobre suas ideias, observamos que o mesmo valoriza o papel da escola neste processo. Neste sentido, é que concordamos com Gomes (2015) (ix), que apresenta este mesmo entendimento sobre a proposta de Gramsci.
Gramsci reconhecia a escola como o principal espaço para formação dos intelectuais e propôsa escola unitária como instrumento de formação de dirigentes. Isto é, de homens plenamente desenvolvidos física e intelectualmente, com capacidade para dominar os processos tecnológicos e organizar a sociedade com base em uma concepção de mundo voltada à emancipação humana.
Entendemos que o papel da escola é fundamental para o despertar do ser social para o seu papel na sociedade, portanto, trata-se de despertar da sua condição de ser alienado e explorado no trabalho. Ao analisar a organização da escola, Gramsci propunha que no interior desta instituição exista uma relação constante entre trabalho intelectual, manual e técnico. Defende um modelo de escola unitária que poderia formar omnilateralmente o ser humano. Essa escola reuniria elementos da cultura humanística e da formação técnico-científica.
Destacamos aqui o nosso entendimento sobre trabalho, ou seja, quando Gramsci trata do intelectual orgânico, está refletindo sobre um tipo de trabalhador que é fundamental neste processo de emancipação política e humana. O papel do formador, do professor, do intelectual que realiza também um trabalho, este trabalho pode ser alienado ou não; pode ser comprometido com a formação plena e critica do ser humano ou não; e, quando se torna um trabalho visando à formação plena do ser humano, é estratégico para que a classe que vende a sua força de trabalho se desperte de sua condição de seres alienados nesta sociedade de classes.
Gramsci argumentava que a organização prática da proposta de “escola unitária” ou de cultura geral dependeria da ampliação de prédios, do material científico e, principalmente, do corpo docente. Ainda segundo esse pensador, a qualidade da relação professor-aluno é muito mais intensa quando se limita o número de alunos por professor. A escola deveria, então, possibilitar condições de estudos, tendo biblioteca equipada, além de sala de aula para trabalhos, local para seminários, dormitórios e refeitórios. A escola unitária deveria corresponder ao período representado hoje pelas escolas primárias e médias, reorganizadas não somente no que diz respeito ao conteúdo e ao método de ensino, como também no que toca à disposição dos vários graus da carreira escolar.
Gramsci (x), ainda, discorria sobre didática na escola, entendendo que tal questão deveria temperar e fecundar a orientação dogmática que não pode deixar de existir nos primeiros anos de escolarização. O restante do curso não deveria durar mais de seis anos, de modo que, por volta de quinze ou dezesseis anos, dever-se-ia poder concluir todos os graus da escola unitária.
Discorrendo sobre sua concepção de escola, o referido autor criticava a forma dogmática e autoritária dos liceus perante a suposta autodisciplina intelectual e a autonomia moral que esse nível de ensino deveria desenvolver nos alunos, que só eram efetivamente alcançadas no âmbito das universidades. Diante desse quadro, considerou decisiva a última fase da escola unitária, em que os alunos poderiam desenvolver disciplina intelectual, autonomia moral e definir as “[...] indicações orgânicas para a orientação profissional” (xi).
O filósofo entendia que a escola deveria ser organizada de modo que as atitudes tomadas seriam equilibradas, e que nela fossem articulados, satisfatoriamente, o trabalho técnico, manual e intelectual. Ao apresentar sua proposta de escola unitária, assevera Gramsci (2001).
A escola unitária requer que o Estado possa assumir as despesas que hoje estão a cargo da família para a manutenção dos escolares, isto é, que se transforme inteiramente o orçamento da educação nacional, ampliando-o de modo extraordinário e tornando-o mais complexo; a inteira função da educação e formação das novas gerações deixa de ser privada e torna-se pública, pois somente assim pode ela envolver todas as gerações, sem distinções de grupo ou de castas (xii).
Ele entendia que a educação deveria ser de responsabilidade do Estado. No entanto, ao analisarmos a sociedade atual, percebemos que a educação é excludente e elitista. Atualmente a escola pública foi universalizada, no entanto sua capacidade de transmissão do saber técnico-científico e humanístico é, deliberadamente, aviltada. É nesse sentido que a proposta da escola unitária se torna um instrumento radical para a crítica da educação profissional em nossa época, rearticulando o trabalho manual, industrial e intelectual, separados sobre a égide do capital. Ainda segundo entendimento deste pensador:
Os fundamentos presentes na escola unitária pressupõe uma formação plena, omnilateral (xiii) do ser humano. Ao discorrer sobre estes fundamentos, Frigotto entende que:
Os fundamentos filosóficos e históricos do desenvolvimento omnilateral do ser humano e da educação ou da formação humana que a ele se vincula, na sua forma mais profunda e radical (que vai à raiz), são encontrados nas análises de Marx, Engels e de outros marxistas, especialmente Gramsci e Lukács. Nestas análises, fica explícito que até o presente momento os seres humanos viveram a sua pré-história porque o desenvolvimento dos sentidos e das potencialidades humanas esteve obstruído pela cisão em classes sociais antagônicas e pela exploração de uma classe sobre as demais (FRIGOTTO, 2012, p. 266).
Ainda segundo Frigotto (xiv):
As possibilidades do desenvolvimento humano omnilateral e da educação omnilateral inscrevem-se, por isso, na disputa de um novo projeto societário um projeto socialista que liberte o trabalho, o conhecimento, a ciência, a tecnologia, a cultura e as relações humanas em seu conjunto dos grilhões da sociedade capitalista; um sistema que submete o conjunto das relações de produção e relações sociais, educação, saúde, cultura, lazer, amor, afeto e, até mesmo, grande parte das crenças religiosas à lógica mercantil.
Este autor, ao questionar esta educação dual, elitista e excludente, apresenta a proposta da escola unitária, com o objetivo de justamente superar esta dicotomia histórica entre trabalho manual e trabalho intelectual. Ao analisar esta escola, Gramsci (2001) (xv) observa que:
[...] em função da crise profunda da tradição cultural e da concepção da vida e do homem, verifica-se um processo de progressiva degenerescência: as escolas de tipo profissional, isto é, preocupadas em satisfazer interesses práticos imediatos, predominam sobre a escola formativa, imediatamente desinteressada. O aspecto mais paradoxal reside em que este novo tipo de escola aparece e é louvada como democrática, quando na realidade, não só é destinado a perpetuar as diferenças sociais, como ainda a cristalizá-las em formas chinesas.
Ao discorrer também sobre a proposta de Gramsci referente a escola unitária, Ramos (2012) entende que a mesma tem como fundamento:
A superação da divisão entre trabalho manual e intelectual estabelecida pela divisão da sociedade em classes. A separação entre conhecimentos de cultura geral e de cultura técnica também seria eliminada na escola unitária. A gênese dessa formulação, porém, está no confronto entre as ideias sobre o papel da escola, que, historicamente, foi tensionada, de um lado, pela concepção humanista, de clara inspiração iluminista, e, de outro, pela economicista. [...] A escola unitária em Gramsci, portanto, não é profissionalizante. Esta finalidade conferida à educação básica na educação brasileira, especialmente ao ensino médio, tem razões sócio-históricas específicas que precisam ser compreendidas (RAMOS, 2012, p. 341-344).
Ao tecer críticas a escola dualista, este pensador entendia que:
A tendência atual é a de abolir qualquer tipo de escola ‘desinteressada’ (não imediatamente interessada) e ‘formativa’, ou de conservar apenas um seu reduzido exemplar, destinado a uma pequena elite de senhores e de mulheres que não devem pensar em preparar-se para um futuro profissional, bem como a de difundir cada vez mais as escolas profissionais especializadas, nas quais o destino do aluno e sua futura atividade são predeterminados [...] (xvi).
Esta formação integral possibilitaria a formação de outro ser social, desalienado, emancipado das ideologias dominantes, contribuindo assim para o processo e emancipação social. A partir do exposto, concordamos com as afirmações de Sbardelotto e Nascimento, que ao analisarem a proposta de escola unitária presente nos Cadernos do Cárcere, entendem que:
A proposta de escola unitária fundamenta-se na busca pela emancipação humana e pela aquisição de maturidade intelectual. Gramsci não concordava com o formato do ensino nos liceus, a última fase escolar antes da universidade em sua época na Itália. Criticava a forma dogmática e autoritária dos liceus em face à suposta autodisciplina intelectual e autonomia moral que este nível de ensino deveria desenvolver nos alunos, que só eram efetivamente alcançados no âmbito das universidades.(xvii)
Portanto, diferente de uma educação fragmentada, elitista, dual, a mesma deve estar fundamentada em pressupostos filosóficos que forme o ser humano para a sua emancipação na sociedade, o que necessariamente, demandará a superação de uma sociedade de classe, por outra sociedade sem exploração. Neste sentido é que concordamos com as observações de Duarte, Oliveira e Koga (2016), ao considerarem que:
A educação deve ser um processo que conscientize o ser humano que a mudança social que buscamos acontecerá quando participamos de forma emancipada dos processos de produção dos bens materiais, e de forma efetiva e democrática nas decisões políticas do nosso tempo, não somente no sentido democrático apresentado na contemporaneidade, mas como sujeitos da mudança para a emancipação de todos os seres humanos [...] Construir a educação como uma práxis política de luta contra o sistema econômico que aliena e oprime a formação integral do ser humano, buscar para essa práxis o diálogo com pensadores que propõem a formação omnilateral como sendo um caminho para construção de um homem livre, são ações constitutivas de um projeto pedagógico que tem no horizonte a questão da formação (DUARTE; OLIVEIRA; KOGA, 2016, p. 2-3).
Este filósofo italiano é incisivo contra uma escola para os pobres e outra para os filhos da burguesia. Este pensador defende que o Estado tem papel fundamental neste processo de formação. A escola deve ser estatal e para todos, tendo como objetivo a formação plena de todos, sem divisão de grupos sociais.
4. Escola Unitária e Intelectuais
Neste tópico, tratamos sobre a importância que Gramsci atribuía aos intelectuais no processo de formação do ser social. O mesmo identificou que a formação “[...] estava ligada de uma forma ou outra à educação escolar”. Ao debruçar sobre esta questão, este pensador destaca “[...] duas categorias de intelectuais que considerou mais relevantes, os tradicionais e os orgânicos” (GOMES, 2015, p. 4).
Entendemos que para Gramsci, os intelectuais têm papel fundamental no processo de educação das massas, ou seja, “[...] dos indivíduos que organizam e difundem a concepção de mundo de uma classe social”. Ao discorrer sobre as impressões do pensamento de Gramsci, Soares entende que “[...] a atividade de educação das massas é realizada, sobretudo através da mediação dos ‘intelectuais’, isto é, dos indivíduos que organizam e difundem a concepção de mundo de uma classe social que, emergindo no terreno da produção econômica, procura exercer o seu governo sobre a sociedade” (SOARES, 2000, p. 191).
Este filósofo italiano também percebeu que não era possível formar este intelectual este intelectual apenas com o “[...] trabalho educativo desenvolvido com os operários” (xviii). Para tanto, seria fundamental iniciar este processo com a “[...] educação escolar das novas gerações”(xix), no entanto, deveria ser uma educação escolar: “[...] diferenciada na qual a educação técnica não seria a base da formação escolar, mas sim um componente constitutivo da base, tornando possível ofertar às novas gerações dos subalternos uma educação escolar cujo objetivo era a emancipação humana”.
Em seus estudos, Gomes (2015), realiza uma interessante síntese do pensamento de Gramsci sobre a escola unitária. Ao analisarmos o entendimento deste filósofo italiano, entendemos, por exemplo, o importante papel dos intelectuais neste processo de formação do ser humano. Gramsci entende que para esta formação, deve existir um novo intelectual, mas
Não aquele que alcança um elevado grau de especialização, nem aquele que possui apenas a eloquência. Para ele o novo intelectual precisa de uma formação ampla, que o torne capaz de dominar a ciência e suas técnicas pela especialização para produzir tecnologias ao mesmo tempo em que é capaz de formular (chegar à) uma concepção de mundo de caráter humanista e histórico.Para Gramsci é a capacidade de formular uma concepção de mundo aliada ao domínio da tecnologia que permite ao intelectual ultrapassar o especialista, tornando-se dirigente (especialista+político).(xx)
Este autor enfatiza a importância de uma sólida formação escolar para a constituição deste novo intelectual. Gomes (2015) entende que esse “[...] novo intelectual, embora possua uma formação técnica, não se caracteriza pelo seu grau de profissionalização ou pela posse do conhecimento técnico”. (xxi)
A formação fornecida pela escola, deve ser “[...] sólida formação escolar que tem como pré-requisito uma educação desinteressada, de base humanista, que propicie a apropriação do legado cultural produzido historicamente pelos diferentes campos do saber, da filosofia à ciência, da produção à política e da arte ao esporte”. (xxii).
Mais uma vez Gramsci deixa claro sua defesa da escola como sendo central no processo de formação dos intelectuais orgânicos das classes subalternas.
A escola é o instrumento para elaborar os intelectuais de diversos níveis. A complexidade da função intelectual nos vários Estados pode ser objetivamente medida pela quantidade das escolas especializadas e pela sua hierarquização: quanto mais extensa for a ‘área’ escolar e quanto mais numeroso forem os ‘graus’ ‘verticais’ da escola, tão mais complexo será o mundo cultural, a civilização, de um determinado Estado (GRAMSCI, 2001,p.19).
A proposta de escola unitária deve ser encampada por toda a classe trabalhadora, pois a mesma representa;“[...] um novo desenvolvimento do conceito socialista de educação e marca uma ruptura dialética com a ideia de ‘instrução geral e politécnica’ ou de ‘escola única do trabalho’, desenvolvida no contexto soviético” (SOARES, 2006, p. 342, aspas da autora).
5. Considerações Finais
A partir dos estudos realizados, entendemos que a proposta da escola unitária, além de ser um projeto que se contrapõe com as propostas burguesas de educação, tornou-se um instrumento para os intelectuais orgânicos das classes subalternas e para toda a classe que vende sua força de trabalho, lutar contra os interesses burgueses de educação e sociedade, além da disputa de hegemonia, lutar para a construção de outra sociedade sem exploração. Neste sentido é que entendemos que Gramsci articula Trabalho e Educação justamente para demonstrar que as mesmas são inseparáveis, pois pensar a educação omnilateral, pressupõe pensar a emancipação das amarras da exploração daqueles que vendem sua força de trabalho. Sendo assim, uma educação que possibilite o acesso ao conhecimento científico, clássico, contribuirá para que o trabalhador compreenda a sociedade em que vive, passando a lutar para que a mesma seja transformada.
A escola unitária é um projeto, portanto de classe, visando neste sentido, garantir a classe trabalhadora ferramentas para o enfrentamento com a classe dominante. Portanto, entendemos que a luta por uma educação de qualidade, plena, clássica, conteudista deve fazer parte da agenda de todos os movimentos sociais que representam os interesses da classe que vende sua força de trabalho.
Vivemos um uma sociedade onde avança assustadoramente as forças conservadoras, devastando o patrimônio público, retirando direitos historicamente conquistas pelos trabalhadores, neste sentido é que consideramos que para a superação da superexploração de uma classe sobre outra, torna-se fundamental o compromisso dos intelectuais orgânicos das classes subalternas na disputa de hegemonia com a classe dominante buscando com isso a construção de outra sociedade. No entanto, entendemos que não basta apenas a educação escolar para que este processo se concretize, mas que tal transformação social somente se darácom o envolvimento de toda a classe que vende a sua força de trabalho, seja na escola, na universidade, no bairro, nos movimentos de luta por moradia, por terra, sindicatos de trabalhadores e partidos progressistas.
Referências
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DEL ROIO, Marcos. Gramsci e a educação do educador. Caderno Cedes, Campinas, vol. 26, n.º 70, p. 311-328, set./dez. 2006. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 02 de abril de2007.
DUARTE, Evandro Santos; OLIVEIRA, Neiva Afonso; KOGA, Lúcia. Escola Unitária e Formação Omnilateral: pensando a relação entre trabalho e educação. In: Reunião Científica da ANPED, Curitiba, 2016.
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Notas
i Antônio Gramsci, italiano da Sardenha, nasceu em 1891. Foi contemporâneo dos grandes acontecimentos históricos do primeiro terço do século XX: Primeira Guerra Mundial, Revolução Bolchevique, a grande crise do capitalismo de 1929 e a ascensão do fascismo. Faleceu em 1937, pouco antes da eclosão da Segunda Grande Guerra. É um seguidor original do marxismo, queele preferiu chamar de Filosofia da Práxis (NOSELLA; AZEVEDO, 2009).
ii O Caderno 12 foi escrito em 1932 e é composto de três notas (§1, §2, §3) registradas em doze páginas. A primeira nota é composta de suas seções nas quais discutiu o papel dos intelectuais na história italiana apresentando como resultado uma ampliação nas concepções de intelectual e escola e expôs um conjunto de aspectos sobre a formação dos intelectuais que considerava necessário investigar mais. (GOMES, 2015, p. 2).
iii MARX, op.cit. p.
iv MARX, op. cit. p. 79.
v SAVIANI, op.cit.p.155.
vi MARX, op.cit.p. 84.
vii MARX, op.cit.p. 218.
viii No final de 1922, Giovanni Gentile com sua concepção de “Estado ético”, assume o Ministério da Instrução Pública e inicia na Itália uma reforma educacional nos moldes fascistas sob o governo Mussolini, sob certo espírito nacionalista que introduz a obrigatoriedade do ensino religioso católico (SOUSA, 2012, p. 112).
ix GOMES, op.cit.p.15.
x GRAMSCI, op.cit.51.
xi GRAMSCI, op.cit. 40.
xii GRAMSCI, op.cit. 36.
xiii Omnilateral é um termo que vem do latim e cuja tradução literal significa “todos os lados ou dimensões”. Educação Omnilateral significa, assim, a concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para o seu pleno desenvolvimento histórico. (FRIGOTTO, 2012, p. 265).
xiv FRIGOTTO, op.cit. 267.
xv GRAMSCI, op.cit. 49.
xvi GRAMSCI, op.cit.p.33.
xvii NASCIMENTO; SBARDELOTTO, op.cit.p.283.
xviii GOMES, op.cit.p.5.
xix Idem.xxGOMES, op.cit.p.6.
xxi Idem, p. 6.
xxii Ibidem, p. 6.
Sobre os autores
Eraldo Leme Batista
Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas -Unicamp, área de pesquisa Filosofia e Historia da Educação e Grupo de Estudos e Pesquisas HISTEDBR (Historia, Sociedade e Educação no Brasil). Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas -Unicamp, na área de Ciências Sociais na Educação e GEPEDISC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diferenciação Sociocultural). Licenciado e Bacharel em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1999), (PUC-CAMPINAS). Licenciado em Pedagogia pela UNINOVE (Universidade Nove de Julho em 2014). Tem experiência docente na área de Educação, com ênfase em História da Educação, Sociologia da Educação, Pensamento Pedagógico, Políticas Educacionais, Pensamento Sociológico, Sociologia do Trabalho, História do Brasil, História Contemporânea, História Social e do Trabalho. Docente no curso de Pedagogia da UNIOESTE, Campus de Cascavel-PR, desde 2014. Membro dos Gruposde Estudos e Pesquisas: HISTEDBR/UNICAMP; GEPPES/UNIOESTE-CASCAVEL-PR; GEPPEIN /UEM; NETSS/UNICAMP.
Angela Mara de Barros Lara
Professora Associada. Aposentada da Universidade Estadual de Maringá. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (1986), mestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (1992), doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000) e pós-doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Pré-Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: educação infantil, Estado, educação, políticas públicas e políticas educacionais.
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