previu confronto com Israel em 2023
Ricardo Kotscho, UOL, 19/11/2023
Em dezembro do ano passado, durante as celebrações de 35 anos do grupo islâmico, no momento em que Benjamim Netanyahu se preparava para assumir novo mandato em coalizão com a extrema direita, Yahva Sinwar, o chefe do Hamas na Faixa de Gaza, previu um confronto aberto com Israel em 2023.
No dia 7 de outubro deste ano, o Hamas invadiu Israel, matou mais de mil pessoas e sequestrou mais de 200, dando início a uma nova guerra do Oriente Médio. Os serviços de inteligência de Israel e dos seus aliados ocidentais, Estados Unidos à frente, não devem ter prestado atenção na ameaça que Sinwar fez em seu discurso:
"Temos que dar a oportunidade de reascender a resistência na Cisjordânia", anunciou o líder do Hamas, ao criticar a gestão do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, de quem quase ninguém mais fala nesta guerra.
Encontrei esta informação na matéria de Sandra Cohen, publicada no Globo, três dias após o ataque do Hamas, ao pesquisar sobre quem era o homólogo do sempre citado primeiro ministro Benjamim Netanyahu do lado palestino, ou seja, o pior inimigo de Israel.
Intrigava-me não encontrar o nome do principal líder do Hamas no noticiário sobre a guerra, embora já tenham sido publicados os de várias outras lideranças mortas por Israel durante os conflitos. Até me perguntava quantos líderes teria o Hamas.
Uma guerra não costuma começar por acaso. Há sempre razões pretéritas a motivar o primeiro ataque. Yahya Ibrahim Hassan Sinwar, 61 anos, nasceu num campo de refugiados em Kan Yuinis, quando estava sob domínio egípcio e, em 1948, a família se mudou para a Faixa de Gaza.
Sinwar assumiu o posto de Ismail Haniyeh, o líder político do Hamas, que hoje está baseado no Catar, em fevereiro de 2017. No mês seguinte, criou um comitê administrativo para a Faixa de Gaza, opondo-se a qualquer compartilhamento de poder com a Autoridade Palestina. Ele foi um dos fundadores do aparato de segurança do Hamas e é a segunda figura mais poderosa na hierarquia da organização terrorista.
Antes disso, o comandante do Hamas em Gaza passou 23 anos em prisões de Israel e foi condenado a quatro prisões perpétuas, em 1989, pela morte de dois soldados israelenses e de quatro palestinos considerados espiões de Israel.
O único que vi citar o nome dele no noticiário foi Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense: "Yahya Sinwar, o líder do Hamas no conflito entre a Palestina e Israel, é um homem morto". Poderá vir a ser, provavelmente, mas ainda não há notícia de que isso tenha sido consumado.
Motivos não faltam. Foi dele o planejamento da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, que infiltrou centenas de terroristas armados em território israelense, responsáveis pelos assassinatos e sequestros no dia da invasão.
Se e quando um dia esse conflito acabar, ainda não se sabe quem tomará conta da Faixa de Gaza, hoje ainda controlada em parte pelo Hamas de Sinwar. Mas uma coisa parece certa: não será Benjamim Netaniyahu, que não deverá sobreviver um dia no cargo de primeiro-ministro, ao final da guerra, tamanha é a crescente oposição interna e externa que enfrenta. Por isso, ele não quer que a guerra acabe...
Vida que segue
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