sábado, 20 de dezembro de 2025

A gravidade da realidade é pesada demais

Casa grande e senzala

Numa universidade federal do sudeste brasileiro trabalham 3.740 servidores e servidoras: docentes, técnicos administrativos (TA) e técnicos terceirizados (TT). Nesta universidade estudam 18.473 estudantes.

A pirâmide

Docentes: remuneração de 20 salários mínimos (sm) [30%], 10 sm [60%]

TA: 4 sm [30%], 3 sm [60%]

TT: 3 sm [20%], 2 sm [70%]

Entreato

Virgínia (2 sm) trabalha na universidade há 5 anos. O marido (3 sm), idem. O casal tem uma filha e um filho de 6 e 8 anos respectivamente. Moram na periferia da cidade. Por enquanto sobrevivem.

Aline, docente (20 sm), convida Virgínia para conversa em sua sala. 

Estamos no fim de ano e gostaria de te presentear, disse Aline. O que você quer de Natal?

Na lata a resposta de Virgínia: salário.

Pelo menos um quarto do que a senhora ganha, completou.

Silêncio na sala. 

Virgínia saiu pistola.


A gravidade da realidade é pesada demais


Onda modulada pela inteligência

Depois de rever a série chinesa "Três Corpos (San ti)", 2023 (disponível no site Rakuten Viki), lembrei disso: "Cayahuari Yacu, the jungle Indians call this country, the land where God did not finish Creation. They believe only after man has disappeared will He return to finish His work." (do filme Fitzcarraldo) ou  “é uma terra que Deus, se ele existir, criou com raiva. É a única terra onde a criação está inacabada ainda.

Explicando

A trilogia (ficção científica) de Cixin Liu, em que a série "Três Corpos (San ti)" se baseia: O problema dos três corpos (vol. 1), A floresta sombria (vol. 2) e O fim da morte (vol. 3). Publicação da editora Suma com tradução de Leonardo Alves, em 2016, 17 e 19, respectivamente.

O contexto na obra de Cixin Liu, no volume 1, transita entre o paradoxo de Fermi (a aparente contradição entre as altas estimativas de probabilidade de existência de civilizações extraterrestres e a falta de evidências para, ou contato com, tais civilizações) e o pessimismo sobre continuidade da existência do planeta Terra face ao inerente poder autodestrutivo dos humanos. Uma denuncia sobre as questões ambientais, guerras, bombas atômica e de hidrogênio. E uma contundente reflexão sobre o desenvolvimento da ciência e tecnologia. 

A tecnologia não é boa nem má, mas ela não é neutra.

A vinda de alienígenas salvaria a Terra? Taí o nó górdio.

Duas citações:

(1)

Somos pessoas que vivem neste planeta aproveitando as facilidades que a ciência nos traz e suportando os perigos que ela nos causa. (Episódio 13 - Mu Xing (Rong Yang) a jornalista)

___

(2)

Eu me tornei a morte

- Eu me tornei a morte, o destruidor dos mundos! - exclamou Allen

- O que?! - Rey Diaz virou a cabeça de repente, como alguém tivesse disparado em suas costas.

- Oppenheimer proferiu essas palavras quando viu a primeira explosão nuclear. Acho que é uma frase do Bhagavad Gita.

O disco no leste se expandiu rapidamente, lançando uma teia dourada de luz sobre a Terra. O mesmo Sol estava presente naquela manhã em que Ye Wenjie sintonizara a antena da Costa Vermelha, e antes, muito antes, o mesmo Sol havia iluminado a poeira baixando após a primeira explosão nuclear. Os australopiteco de um milhão de anos atrás e os dinossauros de cem milhões de anos atrás haviam voltado seus olhos ignorantes para o mesmíssimo Sol, e antes, muito antes, a luz difusa que havia penetrado a superfície do oceano primitivo e fora sentida pela primeira célula viva fora emitida pelo mesmo Sol.

- E então - continuou Allen - um homem chamado Bainbridge rebateu a declaração de Oppenheimer com outra, que não tinha absolutamente nada de poética: "Agora nós somos todos uns filhos da puta". (p. 135, vol. 2)

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No volume 3 (O fim da morte), Cixin Liu, dá o veredito e caminhamos para o buraco infinito do fim.


A gravidade da realidade é pesada demais









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