Na live do Farol Brasil (ver aqui), de 17.10.2025, Clarice Ferraz do Instituto Ilumina da UFRJ, nos dá explicações e análises sobre o problema do excesso de geração de energia elétrica no Brasil.
Porque pode voltar a ocorrência de apagão por excesso de geração? E as questões socioambientais dos grandes parques de geração das energias eólica e solar?
Abaixo a matriz energética de 2025 e a previsão para 2029.
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Explicando as siglas da tabela
Microgeração e da Minigeração Distribuídas de Energia Elétrica – MMGD
Definição de Geração Não Despachável
A geração não despachável é composta por fontes de energia que dependem de fatores externos e não podem ser ligadas ou desligadas conforme a demanda. Exemplos típicos incluem:
Energia Solar: A geração depende da incidência de luz solar, que varia ao longo do dia e das estações.
Energia Eólica: A produção de energia é influenciada pela intensidade e direção do vento, que também são variáveis e imprevisíveis
A geração despachável refere-se a fontes de energia que podem ser controladas e programadas para atender à demanda energética em determinado momento. Exemplos de fontes despacháveis incluem hidrelétricas, biomassa e geotérmicas.
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Transcrição de parte do vídeo
O gerenciamento do sistema elétrico um um critério de confiabilidade chamado N2, que existe assim, essa é a regra do sistema. Se duas unidades importantes falharem, mesmo assim o sistema continua. Por conta da deterioração, da detonação do sistema elétrico brasileiro, o que era N2 virou N1. Então, se uma unidade falha, o sistema se mantém. Só que agora uma falhou e o sistema foi para o fundo do poço e aí apagão no país inteiro na madrugada de terça-feira passada. (14.10.2025)
Clarice Ferraz:
Vamos começar primeiro pelo evento desta semana em que o ministro das Minas e Energia diz que foi um evento menor e que a rigor não deveria ter apagado. Segundo ele não apagou nada na manhã daquele dia, depois se soube que apagou o país inteiro. Que aconteceu neste evento, neste apagão? A gente tem que aguardar o relatório, que analisa, é o relatório de análise de perturbação que é publicado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Então, vamos fazer uma uma apuração mais detalhada e isso leva um tempinho. Mas o que a gente já sabe é que queimou um equipamento. No caso do Amapá, quando queimou aquele transformador e ficaram quase um mês sem luz lá, era o quê? Falta de manutenção. E, na verdade, a empresa tinha comprado um transformador super vagabundo, pelo fundo lá responsável e queima? Então aqui tem duas explicações muito prováveis? Ou o equipamento é de baixa qualidade ou a manutenção é inadequada. Não vai ter uma queima espontânea de um equipamento assim dessa forma. Ainda mais não estava tendo raios e tudo certamente teriam corrido para nos dizer não, mas foi uma tempestade e foi isso que aconteceu.
Então é muito provavelmente ligado a isso, aquela questão do trabalho que é consequência das privatizações. E a gente estava esperando essas coisas acontecerem e agora elas se materializam. Aqui então não tem necessariamente a ver com excesso de sol ou excesso de vento. Aqui é um problema de infraestrutura. Agora, contrariamente ao que diz o ministro, isso é gravíssimo. E a infraestrutura do setor elétrico é o coração do setor elétrico. Quer dizer, com a um problema de infraestrutura, um problema menor, entendeu? Não, mas como é que chega a eletricidade na sua casa se não é através da infraestrutura? A infraestrutura é a estrutura do setor elétrico. Então, se há um problema de infraestrutura no setor elétrico, há um problema no setor elétrico. Problema de setor elétrico, de energia. É como fazer a energia, ser gerada, ser transportada, ser distribuída, chegar até o consumidor pra gente poder ter segurança de abastecimento, pra gente poder usar a eletricidade quando a gente precisa. Então, se há um problema de infraestrutura, isso é uma coisa gravíssima, porque um problema de infraestrutura no setor elétrico impede que a eletricidade chegue na sua casa, impede que a eletricidade chegue na indústria. Então minimizar é o contrário. Quer dizer, se a estrutura tá deficiente, você pode gerar, você pode fazer o que você quiser, a eletricidade não vai chegar. Então é grave se tem um problema de infraestrutura no setor elétrico. Não é uma coisa pontual, gente tá vendo os problemas se sucedendo. Isso não é absolutamente pontual e problema de infraestrutura no setor elétrico é uma coisa gravíssima.
Mauro Lopes:
Queria que você explicasse esta diferença. O que o apagão do dia dos pais (09.08.2025) foi por um motivo e este agora aparentemente por outro. A gente não teve o apagão no dia dos pais. A gente quase teve. E se tivesse sido ali, teria sido muito severo, porque justamente ia cair tudo por um excesso de energia entrando.
Clarice Ferraz:
O operador nacional do sistema, que é quem controla, fica de mãos atadas porque não estava no nível dele o problema. ONS só pode controlar sobre as linhas de transmissão. A gente fala que é a rede básica. Quando a gente tá falando de geração distribuída e outras coisas que se conectam na distribuição, o ONS não tem acesso. Então ele vai administrando, ele corta, ele manda ligar uma termelétrica e tal para manter esse equilíbrio, mas ele cuida dessa parte dos grandes troncos que a gente fala, a parte da distribuição ele não pode administrar.
Acabou de sair uma resolução da ANEEL ontem (16.10.2025), anteontem. que diz que as distribuidoras vão poder fazer corte também, porque justamente é a injeção direta na linha de distribuição.
Como é que é? Não entendi.
O ONS só corta aqui na transmissão, só que tá entrando muita, muita energia direto na distribuição onde ele não atua. E aí foi o caso do Dia dos Pais. Ele falou: "Olha, quase teve um apagão e eu não poderia ter feito nada, porque eu fiz tudo que eu pude no nível da transmissão, dos altos troncos, grandes volumes e lá embaixo, na distribuição a energia continuava entrando, os sistemas fotovoltaicos, sobretudo os têm o painel da casa das pessoas, gente, mas não é só o painel justamente da casa das pessoas. É, isso aí eles falam muito até para vilanizar essa questão. Tem estacionamentos inteiros, empreendimentos muito grandes que até se fracionam dizendo para entrar num limite de geração distribuída. E aí quando você entra nesse limite de geração distribuída, pelo tamanho da sua instalação, você escapa, de uma de uma série de controles.
Mas então então o que que aconteceu? Dizem no mundo todo, que a gente também precisa de mecanismo de controle no nível da distribuição, porque agora justamente a energia não vem só das grandes usinas, ela tá vindo muito de empreendimentos que estão aqui no nível da distribuição de estacionamento, mercado. E não necessariamente pequenininho. Mas tá entrando na distribuição. Tem usinas de pequena central hidrelétrica que entra direto na distribuição. Inclusive os cortes começam aí os primeiros. A decisão é, não vai cortar telhado residencial de ninguém nesse primeiro momento. Não é você que tem seu painel na sua casa que vai ser cortado. Mas algumas alguns empreendimentos um pouco maiores que tão conectados na distribuição, vai a distribuidora pode cortar, por exemplo, tem uma uma região que tá entrando muita energia, a distribuidora vai poder cortar uma pessoa que tá injetando muito para poder justamente equilibrar a rede no nível da distribuição.
Mauro Lopes:
Clarice, deixa eu entender do alto da minha ignorância. Então me ajude, a ONS é que dá a ordem de cortar.
Clarice Ferraz:
É, não é a distribuidora ou a geradora que toma a iniciativa de cortar, é a ONS que dá ordem, corta. Eu eu preciso ler direito como é que tá, porque foi ontem. Mas é isso, quer dizer, vai ter corte no nível da distribuição. Eu não sei se vai ser o ONS que vai mandar a distribuidora, se a distribuidora vai ter essa autonomia de decisão. Acho difícil. Acho que alguém tem que fiscalizar isso. Porque senão a distribuidora vai ficar escolhendo carga. Enfim, espera que haja um controle. Mas eu realmente não examinei, não estudei com cuidado ainda, sabe Mauro?
Mas é só para introduzir, agora vai ter corte na distribuição também. E do ponto de vista da organização técnica do sistema elétrico basta a decisão regulamentar, que do ponto de vista técnico não tem problema nenhum, pode implementar imediatamente, por exemplo, essa ordem da distribuidora cortar, é tranquilo, não precisa montar um sistema, um esquema.
Mauro Lopes:
Você me mandou, Clarice, eu queria entrar no tema mais geral em relação ao que nos espera, que você me mandou duas tabelas Quer falar delas agora? [Tabelas 1 e 2]
Um grande problema que a gente tá tendo que endereçar agora é o quê? Falta de planejamento, ficou crescendo solto, eólica e solar. O avanço é muito muito rápido. E aí o que que acontece? Quando tem sol tá sobrando, quando não tem sol às vezes pode faltar. Tanto que a gente tá pagando a bandeira vermelha. Não tá sobrando energia no Brasil, tá sobrando na hora que tem sol. E aí, como é que o operador, e é isso aqui é importante, o cortailment, é esse corte do excedente. E aí o operador classifica esse corte. Olha, eu vou te cortar porque justamente não tá cabendo na linha de transmissão. Então não é um problema da usina, tá funcionando, mas não cabe na na linha.
É, esse seria indisponibilidade. E aí esse tá todo mundo dizendo, ai tem que puxar mais transmissão, vamos fazer investimentos em transmissão, mais bilhões, mais bilhões e mais bilhões. O segundo ponto, a segunda razão é um problema de confiabilidade, eu tenho um problema elétrico. Então isso aqui pode me dar um desequilíbrio. Não vou poder entrar com você variável porque minha rede tá oscilando. Eu tô precisando estabilizar. Tô precisando colocar você aqui na minha rede. Então pode ser um problema de confiabilidade. Confiabilidade. Aí o último é a razão energética. Ninguém para consumir.
É realmente um cara que produziu 10 vezes mais do que precisava. Um mercado tem lá 10 consumidores de sapato, ele produziu 100. 90 ficam sem venda. Então, se der tudo certo, 90 vai ser excedente. Então, a razão energética é isso. Na verdade, é um excesso mesmo de energia, quer dizer, é uma ineficiência, tem uma má avaliação aqui do mercado, tá entrando energia demais, então a gente vai cortar. E aí aqui não é uma falta de linha de transmissão.
É falta mesmo de demanda. E é para ter demanda. É só para parar de gerar em excesso mesmo. A discussão é qual é a classificação desse corte, porque a partir da classificação desse corte, de novo, é dinheiro que importa, é quem vai ser indenizado e para quem vai cair esse custo. Quer dizer, o gerador vai assumir, eu vou jogar na tarifa do consumidor, então a briga agora é para jogar na nossa tarifa.
Estou falando de 5 bilhões já esse ano, não é uma coisa marginal. Então a disputa é essa, é quem vai pagar esta conta. Não tem uma discussão assim, vamos limitar o curtailment, vamos introduzir planejamento de eólica e solar a partir de agora, vamos rever as outorgas que estão concedidas, vamos botar outros critérios, vamos ver como é que evolui as coisas. Não, não tá acontecendo nada. A discussão é como e quem vai pagar a conta e que o problema aumentando porque já tem outorga concedida, então vai ter mais geração solar entrando.
E aí é isso que a gente pode então passar para a tabelinha (Tabela 1), porque aí a gente vê o que que acontece. E por que que a nossa tarifa não para de aumentar e por que isso aqui é uma ineficiência que não tem nada a ver com o histórico do setor elétrico brasileiro.
E aí o que a gente tá vendo aqui, pessoal, olha como é que tá crescendo. Isso aqui é uma previsão. Como é que a gente tá hoje em 2025 de capacidade instalada. E como é que a gente deve estar em 2029. E aí vamos só nos percentuais pra gente não ficar então mais aqui para pro cantinho direito. Então você vê hoje quanto é que a gente tem de hidrelétrica, 43% da participação, ela deve cair ainda mais.
Nós já fomos 80, já fomos 85%. Então a participação hidrelétrica, ela continua se reduzindo. Na matriz elétrica brasileira já foi 80%, Clarissa, já foi mais de 90. Já foi mais de 90, na verdade. E aí quando quando o pessoal falava que o Brasil tinha energia limpa.
E aí a gente tinha um armazenamento, não conversa de bateria e tal, a gente tinha um armazenamento gigantesco, né? E era o armazenamento plurianual, não era para dar conta de uma seca de um ano, não, dava conta de várias. No começo a gente tinha armazenamento para 5 anos, aí depois a gente estava já em três meses. E como é que vai apagar amanhã? Então essa perda da participação da hidráulica, ela faz o quê? É uma grande perda de capacidade de regularização do setor inteiro. Porque a hidrelétrica a gente liga, a gente sabe se tem água no reservatório ou não, ajuda já no planejamento. Então eu tô perdendo muitas coisas boas. Quando eu perco essa participação aqui, a termelétrica tá muito alta e a gente vê um crescimento, porque eu não tô falando de crescimento, tô dizendo como tá hoje, mas se você vê de um ano pro outro, do ano passado e para esse a termelétrica cresceu mais de 20% a geração. Por quê? para dar conta dessa entrada de tanta variável.
E aí, só um parênteses, entrou tanta renovável que eu tive que botar muita termelétrica e o que que aconteceu com as minhas emissões poluentes no balanço final com a entrada bem grande do solar, aumentou porque você para compensar teve que despachar mais térmica. Então a conta não fecha, isso não faz sentido nenhum. Inclusive que depois eu queria falar uma coisinha sobre desmatamento que esse pessoal tá fazendo também.
Mas então veja, então reduz a participação hidrelétrica, vai reduzir um pouco a térmica, a ver. Porque justamente nas operações de emergência e tudo é sempre termoelétrica. A eólica se reduz um pouco. Então por isso essa passada vê um um pessoal da eólica muito agressivo em ter e ela são representados pela Elbia (Elbia Gannoum), presidente da ABC (ABEEólica) é a associação que representa as empresas do setor. Ela é foi representante da COP para área de energia. Vocês aí olha que tem impacto ambiental terrível aqui. E tá lá tá no concelhão do Lula. Élbia vem desde o governo Dilma.
Reconhecida mundialmente pelos serviços que ela presta a indústria eólica mundial. Como as petroleiras não são empresas brasileiras. São empresas estrangeiras com suas grandes torres, seus grandes aerogeradores.
Tá tendo problema em todo lugar do mundo. Tá, o mundo tá em crise eólica. A gente tá vendo que não é a maravilha que se esperava que fosse. Então é isso, tem o seu lugar, tem o seu tamanho, não vai ser tudo eólico também, não vai ser tudo solar. E esse pessoal quer manter taxas de crescimento de quando ainda era uma coisa em expansão, quer garantir benefício e tal. Então, pessoal da eólica diante disso, ainda mais na concorrência com a Solar que tá passando por cima dele, então ele agora é uma disputa muito grande, sabe. Então você vê a eólica já cai, você tem uma guerra entre o pessoal da energia solar e o pessoal da energia eólica nesse momento. Aí podem se unir em alguns momentos para como vai ser o tratamento das renováveis. Mas claro, é disputa, todo mundo tá disputando, setor elétrico em disputa. Porque aí é benefício, é subsídio. Essa galera não se viabiliza pelo mercado. Todo mundo quer política pública. Vem falar de Mercado Livre, todo mundo quer subvenção. E vejam o que acontece com a solar, de 7,78% para 8,95%. Isso aqui é do total da matriz.
MMGD cresce muito também (de 18,47% para 24,23%), é micro e mini geração distribuída. Aí é desde o seu painelzinho individual até um um empreendimento maior, tipo um parquão, até 3 MW. É bem grande, é uma usina mesmo. Então isso é muito errado de dar o mesmo tratamento a uma pessoa, por exemplo, pobre, que conseguiu botar um painel solar na sua casa e um cara que tem um estacionamento gigantesco ou fez um parque enorme, dizendo que vai ter o mesmo tratamento?
Passando agora pra parte de baixo da tabela, essa diferenciação aqui, despachável e não despachável. Despachável quer dizer eu controlo, eu posso ligar, desligar, eu tenho a o recurso, eu tenho a capacidade de gerar o não despachar, geração despachável que tá controlada no sistema. Controla. Por exemplo, uma termoelétrica, uma hidrelétrica, liga, desliga, abre e fecha, aumenta a vazão, diminui. Então isso aqui eu vou controlando do jeito que eu quero é o que te permite garantir estabilidade, qualquer problema que eu tenho Eu posso controlar essa esse tipo de geração. A gente sempre trabalhou com isso. Agora a não despachável é que é justamente a novidade que é eólico e solar. Você não controla. Ou é quando tem sol ou é quando tem vento. Eu quero que agora tenha sol, eu quero que não. Não é assim. É quando tem.
Então, a gente tá indo para um sistema que tá ficando quase 50% sem controle, literalmente. Será que os outros 50% dá para estabilizar? Dá pra gente consumir de noite? Dá pra gente consumir quando não tem sol, quando não tem vento? Então, no dia dos pais era 37% e quase apagou tudo. A gente tá indo de 30 para 46. Então, o risco de apagão explode. Então é isso aqui que explode o nosso risco de apagão. E esse aqui, a geração não despachável subindo desse jeito. É porque você não controla, você não tem controle.
E aí, olha só o que acontece aqui. Excedente de geração. Não tem ninguém consumindo. Gente, tá colocando torre, tá desmatando para botar painel para não consumir, é só para assinar contrato. Então, a gente tá jogando fora 43,15% da energia que tá sendo gerada hoje. E o pior, tá aumentando as emissões poluentes. E e aí no máximo vai evoluir para 40, mas a ver. Porque se a coisa continua sem controle desse jeito, isso aqui pode até piorar. E aí aqui ele faz essa discriminação quer dizendo, se fosse só a geração distribuída ou sem a geração distribuída, como é que fica? Então desse excedente total aqui, se eu tiro justamente o o pessoal que entra direto na transmissão, quanto eu ainda teria de excedente? Porque tem muita gente, sobretudo dos grandes empreendimentos, que eles estão diz tendo assim, o pessoal do solar. E aí é até interessante que você tem o solar de larga escala e você tem o solar de pequeno MMGD. Aí o cara de larga escala falou assim: "Eu estou estando discriminado com relação a essas pessoas que usam a mesma tecnologia que eu, porque o corte vem só para mim e eles não são cortados."
Então, por isso que aí já também entra questões econômicas também. E aí você vê e aí ele fala: "Não, se não tivesse geração distribuída, eu já ouvi isso inúmeras vezes, não haveria o problema de corte. Problema de corte é só porque entrou geração distribuída? Mesmo se tirasse a geração distribuída, ia continuar com um excedente é inaceitável como é que eu estou jogando fora 25% de energia que eu estou gerando.
Então esse é um retrato bem tristinho, do que tá acontecendo, mas que ajuda a gente a entender por que que é caro, por que que tem tanto apagão. Porque tá difícil operar esse negócio. Sobra numa hora, falta em outra. no balanço total tá é sobrando mesmo. E o consumidor é que tá sendo chamado a pagar a conta, tanto pelo excesso, tanto pela ineficiência.
Mauro Lopes:
A Associação dos Empregados da Eletrobras fez ao final daquela nota que diz assim: "Estará de volta à temporada de apagões?
Clarice Ferraz:
Difícil dizer, Mauro, mas que terá outros vai. É inevitável. Agora é assim, isso aqui vai desandar completamente, vocês vão continuar deixando isso aqui correndo solto ou a gente vai fazer alguma coisa? Porque se for fazer alguma coisa, é algo que a gente vai tentando justamente limitar. Então vamos regular melhor o corte, mas não é o sinal que o Alexandre Silveira (Ministro de Minas e Energia) dá. Ao contrário, ele tá ele tá mergulhando nessa lógica atual acenando para todos os lados. Então tá todo mundo falando de renováveis. Aí ele vai para Santa Catarina, ele diz que apoia o carvão. Então são muitos conflitos. Não há uma coordenação do que deve ser feito, como é que a gente faz. E não é um problema de linha de transmissão, a gente tem uma geração em excesso mesmo. A única resposta que se dá é justamente a criação das grandes cargas.
E aí tem um problema, Mauro, queria até chamar sua atenção que é essa questão das grandes cargas aí no Piauí vocês estão ameaçados de problema de água e energia também. Então, se grandes cargas, grande carga é grande consumidor, que é o quê? O data center que você fala. E o o hidrogênio, a geração de hidrogênio. E tem esse projetão para para produzir hidrogênio aí no Piauí, tá perto do Delta do Parnaíba, puxando água do lado de uma APA (Áreas de Proteção Ambiental ).
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Apagões constantes expõem crise energética no Brasil | Clarice Ferraz
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