terça-feira, 30 de julho de 2019

Filmes - parte 2

Diários de um cinéfilo

Letter from an Unknown Woman (Carta de uma desconhecida), Max Ophuls, 1948
Ship of Fools, Nau dos insensatos, 1965, Stanley Kramer
Amores expressos, 1994, Kar-Wai Wong
Caesar and Cleopatra, 1945, Gabriel Pascal (com Vivian Leigh), de George Bernard Shaw
Mu-roe-han, (The Shameless), Seung-uk Oh, 2015
Bite the bullet (Risco de uma decisão), 1975, Richard Brooks
Dead End, (Beco sem saída), 1937,  William Wyler com roteiro de Lillian Hellman
Julia, 1977, Fred Zinnemann
The Children's Hour (Infâmia), William Wyler, 1977
El abrazo de la serpiente, O abraço da serpente, 2015, Ciro Guerra
Iyana onna (Girassóis desesperados), Hitomi Kuroki, 2016
O pão nosso (Our Daily Bread), 1934, King Vidor
A turba (The Crowd), 1928, King Vidor
La passion de Jeanne d'Arc (O martírio de Joana d’Arc), 1928, Carl Theodor Dreyer
 Caravaggio – minissérie, 2007, Angelo Longoni
The Professor (O professor), Wayne Roberts, 2018  (com Johnny Depp)
Greta (Obsessão), 2018, Neil Jordan
No man of her own  (Casei-me com um morto),1950, Mitchell Leisen
Forty Guns, Dragões da violência, 1957, Samuel Fuller
Domino, Brian de Palma, 2019
Pájaros de verano (Pássaros de verão), Cristina Gallego e Ciro Guerra,  2018
The kid, Billy the Kid: O fora da Lei, Vincent D'Onofrio, 2019
Run for the high country, Paul Winters, 2018
Red Joan, A espiã vermelha, Trevor Nunn, 2018
Quo Vadis, Mervyn LeRoy e Anthony Mann, 1951
Amem, Costa-Gavras, 2002
Le capital (O Capital), Costa-Gavras, 2012
Samba, Olivier Nakache e Éric Toledano, 2014
Man without star (Homem sem rumo), King Vidor, 1955
Oeste sem lei, 2015, John Maclean
Los perros (Cachorros), 2017, Marcela Said


06/04/2019
Letter from an Unknown Woman (Carta de uma desconhecida), Max Ophuls, 1948


O destino, os amores frustrados e os desencontros são temas recorrentes nos filmes de Ophuls. Em vez de trata-los de modo tristonho ou negativista, o diretor preferia encena-los como uma valsa, fazendo seus pares girarem com suavidade e elegância, combinando melancolia e ironia. (Cassio Starling Carlos, Movimento e repetições combinam estilo e visão do mundo, Max Ophuls – Grandes diretores no cinema, Coleção Folha, Folha de São Paulo, 2018) 

09/04/2019
Ship of Fools, Nau dos insensatos, 1965, Stanley Kramer



Fazer de espaços limitados microcosmos representativos do comportamento da sociedade é um recurso bastante utilizado pela literatura, pelo teatro e, claro, pelo cinema. A Nau dos Insensatos, que Stanley Kramer dirigiu em 1965, pega carona nesse filão. O roteiro de Abby Mann, adaptado do romance de Katherine Anne Porter, nos conduz por uma viagem de navio que dura pouco mais de um mês. A ação se passa no início dos anos 1930 e começa em Vera Cruz, no México, com destino à Bremen, na Alemanha. Dentro da embarcação, os passageiros representam e antecipam ideias, posturas e ações que seriam adotadas pelo nazismo. É curioso constatar que Kramer vinha de Julgamento em Nuremberg, elogiado drama de guerra feito quatro anos antes, e de Deu a Louca no Mundo, comédia maluca de muito sucesso popular, de 1963. Em A Nau dos Insensatos, de certa forma, ele dialoga com o filme de 1961. É como se aqui tivéssemos o prólogo e no outro, o epílogo. Diretor habilidoso, Kramer reuniu um elenco dos mais ecléticos e produziu essa sutil e ao mesmo tempo contundente parábola sobre a natureza humana, vencedora do Oscar nas categorias de direção de arte e fotografia, ambas em preto e branco. 

Vivian Leigh no filme

Simone Signoret (1921 - 1985)

Simone Signoret (1921-1985)

10/04/2019
Amores expressos, 1994, Kar-Wai Wong


Wong Kar Wai foi um dos fortes representantes das modificações no campo cinematográfico que ocorriam no triângulo Hong Kong – China – Taiwan em meados dos anos 80. Seu cinema é pontuado por uma forte vitalidade e estética primorosas, algo que já percebido em sua estreia, Conflito Mortal (1988).
A partir de Dias Selvagens (1990), seu segundo filme, identificamos a presença de uma identidade criativa, não apenas estética, mas também temática. Figurinos estilizados, pessoas comendo, pessoas fumando, a passagem do tempo através de contadores na tela (relógios, calendários), a violência e o amor em todas as suas complicações passaram a ser a alma de suas películas. Essa alma ainda recebe uma inesquecível trilha sonora e uma fotografia notável, elementos que recebem cuidados especiais do diretor, muitas vezes em detrimento do roteiro, o que é uma pena.
Mas engana-se quem acredita que ver um filme de Wong Kar Wai é apenas contemplar um desfile de ingredientes autoriais próprios e escrupulosa realização técnica. Em todas as suas incursões pelo ambiente do amor, o diretor conseguiu trazer uma visão particular para o tema, seja pela continuação do drama de personagens em seus filmes (não vamos nos aprofundar nesse tema, mas Kar Wai é responsável por uma verdadeira saga de indivíduos que atravessam décadas em cada um de seus longas), seja pela abordagem social diferenciada, ou do micro ambiente geográfico em que elas se encontram. (Luiz Santiago,) 

10/04/2019
Caesar and Cleopatra, 1945, Gabriel Pascal (com Vivian Leigh), de George Bernard Shaw




Vale pelo registro e pela Vivien.

11/04/2019
Mu-roe-han (The Shameless), Seung-uk Oh (2015)


Thriller coreano ótimo 

12/04/2019
Bite the bullet (Risco de uma decisão), 1975, Richard Brooks


O vaqueiro Sam Clayton que acaba de ser demitido, seu amigo pistoleiro, uma prostituta que precisa de dinheiro, um cavaleiro, um atleta e outros dois vaqueiros - um velho e um jovem - se inscrevem para competir na mesma corrida de cavalos, patrocinada pelo ex patrão de Clayton. Eles devem percorrer mais de mil km pelo deserto, atravessando todo tipo de obstáculos e submetendo os cavalos a terríveis condições, tudo para conseguir o prêmio final. Weak

Em 1906, o vaqueiro Sam Clayton leva uma égua até uma estação de trem no Colorado, mas no caminho se atrasa e se desencontra de seu patrão, ao salvar um potro que estava perdido. A égua pertence ao dono de um grande jornal de Denver e irá participar de uma corrida de cavalos de 700 milhas (cerca de 1.100 quilômetros) pelo interior, patrocinada por ele. O atraso faz com que Sam seja despedido. Sem nada para fazer, ele resolve se inscrever na corrida. Os outros concorrentes são: seu amigo pistoleiro e jogador Luke Matthews, com quem lutara em Cuba, na guerra contra os Espanhóis; uma prostituta que quer ajudar o marido preso;um esportista inglês; um cavaleiro mexicano com uma terrível dor-de-dente; um velho vaqueiro que chamam de "Mister" e um jovem vaqueiro de má índole e falastrão.

O filme mostra os maus-tratos de animais num faroeste, com cenas de cavalos agonizantes e mortos permeando a narrativa. Baseado num evento verdadeiro, uma corrida de cavalos no interior dos Estados Unidos no início do século XX, o filme teve locações no Novo México e Nevada.

14/04/2019
Dead End, (Beco sem saída), 1937,  William Wyler com roteiro de Lillian Hellman



Toda rua em Nova York termina em um rio. Por muitos anos as margens do Rio East ficaram cobertas pelo lixo vindo dos cortiços, mas os ricos, vendo que o curso do rio era pitoresco, moveram suas moradias na direção leste e assim as varandas de apartamentos grandes têm a vista para as janelas dos cortiços. Após 10 anos de crimes, que envolvem o assassinato de oito pessoas, "Baby Face" Martin (Humphrey Bogart) volta para Nova York para ir até o cortiço onde cresceu até ser mandado para o reformatório, pois quer rever sua mãe (Marjorie Main) e Francey (Claire Trevor), sua ex-namorada. Ele tentou disfarçar a aparência fazendo uma plástica mas não adiantou, pois foi reconhecido por Dave Connell (Joel McCrea), um antigo amigo que escapou da criminalidade e se formou em arquitetura. Porém Dave está frustrado, pois é mais um na lista dos desempregados que luta por alguns dólares. Dave o ter reconhecido não preocupa Martin, pois sabe que ele conserva a boca fechada. Martin está com Hunk (Allen Jenkins), seu guarda-costas, que sempre o relembra que ele é o maioral e que não precisa daquilo. Mas Martin não deixará o local até achar Francey, pois quando achou a mãe ela bateu no seu rosto e o renegou, então precisa fazer com que sua viagem tenha algum sentido. Quando a encontra suas doces lembranças são destruídas, pois ela se tornou uma amarga prostituta.

Filme vale pela direção e Lilian Hellman (roteiro)

15/04/2019
Julia, 1977, Fred Zinnemann


Duas amigas de infância trilham caminhos diferentes: a mais rica, Julia (Vanessa Redgrave), foi estudar em Viena e a outra, Lillian Hellman (Jane Fonda), se tornou escritora, que quando alcança a fama é convidada para ir a União Soviética. Julia, que vive na Europa, lhe pede que contrabandeie dinheiro através da Alemanha para ajudar as vítimas do nazismo, que se encontrava em ascensão meteórica. A missão apresentava perigo, pois Lillian era uma intelectual judia que rumava para a Rússia comunista. As duas têm um rápido encontro e a escritora fica sabendo que Julia tinha uma filha. Logo após retornar para a América do Norte, Lillian fica sabendo que sua rica amiga foi assassinada. Ela então viaja para a Inglaterra na esperança de encontrar a filha de Julia, a quem tinha prometido cuidar.

No início do filme tem a citação clássica de Lilian Hellman:
“À medida que o tempo passa, a tinta velha de uma tela muitas vezes se torna transparente. Quando isso acontece, é possível ver, em alguns quadros, as linhas originais: através de um vestido de mulher surge uma árvore, uma criança dá lugar a um cachorro e um grande barco não está mais em mar em mar aberto. Isso se chama pentimento, porque o pintor se arrependeu, mudou de ideia. Talvez se pudesse dizer que a antiga concepção, substituída por uma imagem ulterior, é uma forma de ver, e ver de novo, mais tarde. Essa é a minha única intenção a respeito das pessoas neste livro. A tinta ficou velha, e quis ver como me pareciam antigamente, e como me parecem agora.” (Lilian Hellman, Pentimento, 3ª edição, Francisco Alves, 1981.)

Sobre o filme? Sensivelmente impecável para quem já conhece ou não conhece Lilian Hellman. 

16/04/2019
The Children's Hour (Infâmia), William Wyler, 1977


Karen Wright (Audrey Hepburn) e Martha Dobie (Shirley MacLaine) são amigas há muitos anos e, juntas, administram um colégio interno só para meninas. Depois de ser punida pelas professoras por contar mentiras, uma aluna reclama com sua avó e inventa que Martha tem ciúmes de Karen, que é noiva do médico Joe Cardin (James Garner). A senhora fica horrorizada e tira a menina da escola, além de espalhar o boato. As duas mulheres começam um batalha contra essas acusações, e suas consequências. (Versatil)

Sobre o filme

25/04/2019
(El abrazo de la serpiente) O abraço da serpente, 2015/

Ver neste Blog O abraço da serpente

26/04/2019
Iyana onna (Girassóis desesperados), Hitomi Kuroki, 2016


Filme bem japonês e muito bom

29/04/2019
O pão nosso (Our Daily Bread), 1934, King Vidor



O próprio King Vidor deu estes detalhes sobre um filme que lhe falava muito ao coração: “A juventude não tem idéia do que foi a crise americana no início dos anos 30, com desemprego e a depressão, as passeatas de fome. Eu quis retomar então os dois personagens de A Turba, como um casal típico americano vivendo esse período difícil. John (Tom Keens) e Mary (Kareen Morley), desempregados numa grande cidade, herdavam uma fazenda em ruinas. Ali se instalavam e, admitindo-se incompetente, John se juntava a um camponês desempregado, um carpinteiro, um pedreiro, um bombeiro, um mecânico, um contador etc. Até o momento em que uma centena de homens tiram seu sustento de uma terra fértil.”
Embora demasiado utópico em suas soluções, o filme era sincero.
Sequencia famosa: a chegada da água sobre a terra a ser irrigada, após longos e difíceis trabalhos. (Georges Sadoul, “Dicionário de filmes”, LPM, 1993, p.300).

Minhas impressões: o filme exala um clima de solidariedade para não dizer socialismo. Clima perceptível na época da depressão nos USA.

30/04/2019
A turba (The Crowd), 1928, King Vidor



Presentación de "Y el mundo marcha" (King Vidor, 1928)

"Este filme sem dúvida muito amargo foi bastante corajoso, mostrando a vida do homem do povo americano. É a obra-prima de Vidor" (Georges Sadoul, “Dicionário de filmes”, LPM, 1993, p.400).


07/05/2019
La passion de Jeanne d'Arc (O martírio de Joana d’Arc), 1928, Carl Theodor Dreyer


O processo de Joana (Marie Falconetti) desde a abertura até a fogueira. O roteiro de Dreyer e Delteil concentrou num dia o processo e a morte. Dreyer baseou a parte mais importante de sua dramaturgia num diálogo tirado das minutas autênticas do processo.
Valerine Hugo disse da atmosfera criada por Dreyer: 
“Essa atmosfera opressora de terror, de processo iníquo, de eterno erro judiciário, nós a sofremos o tempo todo... Vi os atores mais desconfiados, arrebatados pela vontade e a fé do diretor, continuarem encarnado seus papéis inconsistentemente após as tomadas de cena: como o juiz que resmungava, após uma cena na qual parecia sensibilizado pela dor de Joana.”
... “foi particularmente impressionante o dia em que, num silêncio de sala de operação, sob a luz de manhã de execução, rasparam-se os cabelos da Falconetti. Nossa sensibilidade, ainda subjugada a antigos preconceitos, estava tocada, como se a marca da infâmia realmente se aplicasse ali. Os eletricistas e maquinistas retinham a respiração, e os olhos enchiam-se de lágrimas.”  Falconetti chorou de fato: “Então o diretor aproximou-se lentamente da heroína, recolheu com os dedos algumas das lágrimas e levou-as em seguida aos próprios lábios.
Dreyer quis reter apenas o sentido profundamente humano do processo e da morte de Joana D’Arc. A opção pelo realismo, a punjança aguda das imagens, acentuam essa vontade, tanto assim que nada mais surge, desse desenrolar implacável, que o jogo de uma pobre moça inspirada, nobre e infeliz, presa de juízes dispostos a tudo. O tribunal adquire significado simbólico e eleva-se quase à síntese. Sua hipocrisia e baixeza o colocam no banco dos réus, de tal modo que não se tem a impressão de assistir a um processo cuidadosamente situado no tempo, mas, fora de uma época convencional, a um drama do qual se descobriram tantos exemplos mais obscuros na história da luta de classes”.
A verdade desta afirmação foi comprovada pelo fato de que jamais se pode projetar durante 1940 – 1944 este A paixão de Joana D’Arc em nenhum pais da Europa ocupada.
Filme narrado por Pierre Bost. Prefácio de Valentine Hugo, Jean Cocteau, Lacretelle, Paul Morand (Gallimard). 
(Georges Sadoul, “Dicionário de filmes”, LPM, 1993, p. 207 e 208).


Sobre este filme: chocante a dramaticidade. É imperdível. Viva o cinema!! Vale comprar o DVD da Versátil.






09/05/2019
Caravaggio – minissérie, 2007, Angelo Longoni

Sobre esta série ver neste Blog Caravaggio imortal

22/05/2019
The Professor (O professor), Wayne Roberts, 2018  (com Johnny Depp)


Richard (Johnny Depp) é um professor universitário que é diagnosticado com uma doença terminal e tem sua vida transformada da noite pro dia. Se sentindo tão próximo do fim, ele decide jogar todo tipo de convenção pela janela e viver sua vida o mais intensamente e com maior liberdade possível, sem nenhuma preocupação.

Sobre: tem Johnny Depp. Que por sinal vive hoje um inferno astral como neste filme. A vida imitando a arte.

23/05/2019
Greta (Obsessão), 2018, Neil Jordan


Frances (Chloë Grace Moretz) é uma jovem mulher cuja mãe acaba de falecer. Recém-chegada em Manhattan e cheia de problemas com o pai, ela divide apartamento com a amiga Erica (Maika Monroe) e trabalha como garçonete de um luxuoso restaurante. Um dia, voltando para casa, Frances encontra uma bolsa abandonada em um dos assentos do metrô, e, ao devolvê-la, acaba iniciando uma amizade improvável com a dona do acessório, uma senhora viúva chamada Greta (Isabelle Huppert). Os problemas começam a surgir quando Frances percebe que a necessidade de atenção de Greta é muito mais perigosa do que ela imaginava.

Sobre: tem Isabelle Huppert. Já basta.

Seguindo Barbara Stanwyck

26/05/2019
No man of her own  (Casei-me com um morto),1950, Mitchell Leisen 



Dirigido por Mitchell Leisen (A Porta de Ouro e Lembra-te Daquela Noite), traz Stanwick no papel de Helen Ferguson, uma mulher grávida que é abandonada pelo namorado, o mal caráter Stephen (Lyle Bettger). Dispensando-a, Stephen lhe dá dinheiro e uma passagem de trem. Durante a viagem ela conhece o simpático casal Harkness, que viaja de volta para casa. A esposa está grávida e vai conhecer a família pela primeira vez. Fazendo amizade com o casal, Helen prova o anel de Patrice Harknes (Phyllis Thaxter) quando o trem em que viajam descarrilha. Helen acorda em um hospital, e todos pensam que ela é Patrice Harknes. À princípio ela pensa em negar, mas percebendo se tratar de uma boa família decide manter a farsa. Helen é aceita como uma filha e logo passa a ser a querida dos “sogros” e do cunhado Will (John Lund), que logo se apaixona por ela. Como ela nunca conhecera o amor de fato, sente-se totalmente acolhida por todos e pensa viver um dos momentos mais tranquilos de sua vida. Até que ela recebe um bilhete anônimo e sua vida começa a mudar. Stephen a encontra, finalmente, e começa a chantageá-la para receber dinheiro da abastada família. Narrado em flashbacks, No Man of Her Own foi inspirado no livro Married a Dead Man, lançado por Cornell Woolrich em 1948. O livro ainda seria adaptado para as telas duas outras vezes, em 1982 (J’ai Épousé une Ombre) e em 1996, em forma de comédia (Mrs. Winterbourne). O final é bem surpreendente e acaba configurando-o mais como um melodrama do que como um noir, embora possua características de ambos os movimentos.

Sobre: melodrama sim, mas tem Barbara Stanwyck.

Forty Guns, 1957, Samuel Fuller


Eve Brent (1929–2011) vista sob o cano de uma arma

Sobre: tem Barbara Stanwyck, mas o filme é de Samuel Fuller. Não existe cinema sem Samuel Fuller  

05/06/2019
Domino, Brian de Palma, 2019


Sobre: último filme de Brian de Palma. Continua muito bom. A estética de sempre. 

06/06/2019
Pájaros de verano (Pássaros de verão), Cristina Gallego e Ciro Guerra,  2018


Novo longa do cineasta Ciro Guerra (do maravilhoso “O Abraço da Serpente”, indicado ao Oscar 2016), agora em parceria com sua esposa e também realizadora Cristina Gallego, Pássaros de Verão (Pájaros de Verano) retrata o surgimento do tráfico de drogas sob o prisma dos wayúus, um povo indígena que vive da região de Guajira. A história, que se passa entre os anos 60 e 80, tem como personagem principal Rapayet (José Acosta), um wayúu que, depois de passar um tempo longe da sua terra, volta para casar com Zaida (Natalia Reyes). O filme começa com a bela cena do ritual em que a família anuncia que a moça já não é mais uma criança e está pronta para ser desposada. É neste momento que o jovem protagonista se apaixona por ela. Só que ele enfrentará a resistência de Úrsula (Carmiña Martinez), matriarca da Família Pushaina, mãe de Zaida e aquela que tem sonhos proféticos com mortos.
O que vemos na telona é uma autêntica saga familiar, no melhor estilo da trilogia de Francis Ford Coppola ou de “Era Uma Vez na América” (1984), de Sérgio Leone, mas sem abrir mão do viés antropológico existente na obra anterior de Ciro Guerra. Dividido em cinco capítulos, chamados de ‘cantos’, pois cada um deles começa ou termina com uma canção indígena que ajuda a narrar e a contextualizar a história, a película pode até soar didática para alguns, só que este suposto didatismo era necessário face a grande quantidade de elementos culturais estranhos a quem não é da região. Estas particularidades só seriam um problema se, em função delas, a narrativa se tornasse arrastada. O que não acontece. Calcados na exuberância da fotografia e da direção de arte, Guerra e Gallego fizeram um maravilhoso thriller de gângsteres com mortes, corpos e sangue. Era uma vez na Colômbia…


10/06/2019
The kid, Vincent D'Onofrio, 2019


“Só importa a história quando eles se foram.” Nova abordagem sobre Billy the Kid. Vale ver.

23/06/2019
Run for the high country, Paul Winters, 2018


Sobre: um manifesto em defesa dos indígenas.

24/06/19
Red Joan, Trevor Nunn, 2018


Em 1938, a britânica Joan Stanley estudava física em Cambridge quando se apaixonou por um jovem comunista. Na mesma época, ela foi convocada pelo Comitê de Segurança Russo (KGB) para atuar como espiã do Governo de Stalin no Reino Unido. Depois de mais de cinquenta anos de serviço muito bem sucedidos, ela foi descoberta e presa pela Serviço de Inteligência Britânico (MI5).
Este A Espiã Vermelha nos relata, de forma sutilmente ficcional, a saga da espiã inglesa Melita Norwood (1912-2005) que durante os anos de 1937 até 1972 forneceu informação confidencialmente lacrada à Russia e que, em 1992, foi apreendida, após décadas de sua atuação imperdoável aos olhos da Justiça, pelo Ministério de Defesa Britânico, leia-se, Serviço Secreto da Rainha; considerada pela imprensa contemporânea à sua terceira idade como uma “instável simpatizante dos soviéticos e dos comunistas”, ela não chegou a ser condenada por já estar com mais de oitenta anos de idade. (Armando Miranda, )


Sobre: Muito bom. A ver.

08/07/2019
Quo Vadis, Mervyn LeRoy e Anthony Mann, 1951


Sobre: Assisti este filme depois de ver Quo Vadis de 1912 (https://www.youtube.com/watch?v=QfZs-C0E1w0 ). Uma estória clássica vista de duas épocas cinematográficas diferentes.


07/07/2019
Amem, Costa-Gavras, 2002


Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) é um oficial do Terceiro Reich que trabalhou na elaboração do Zyklon B, gás mortífero originalmente desenvolvido para a matança de animais mas usado para exterminar milhares de judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Gerstein se revolta com o que testemunha e tenta informar os aliados sobre as atrocidades nos campos de concentração. Católico, busca chamar a atenção do Vaticano, mas suas denúncias são ignoradas pelo alto clero. Apenas um jovem jesuíta lhe dá ouvidos e o ajuda a organizar uma campanha para que o Papa (Marcel Iures) quebre o silêncio e se manifeste contra as violências ocorridas em nome de uma suposta supremacia racial. (Adorocinema)

Sobre: corajosa viagem de Costa-Gavras pelo mundo nazi. A mesma pegada de Hannah Arendt em “Eichmann em Jerusalém”, livro de 1963


10/07/2019
Le capital (O Capital), Costa-Gavras, 2012


Os cidadãos do século XXI são escravos do Capital: sofrem com os problemas e celebram os triúnfos. Esta é a história da ascensão de um escravo do sistema que transforma-se em seu mestre. O trabalhador Marc Tourneuil (Gad Elmaleh) se aventura no mundo feroz do Capital. Ao mesmo tempo, o chefe de um importante banco de investimentos europeu se apega ao poder, quando uma empresa americana tenta comprá-los. (Adorocinema)

“De maneira bem mais “comportada”, digamos assim, Costa-Gavras vai nos carregando pela mão junto com este Fausto moderno, que não deseja a eterna juventude, mas o eterno poder – ou, enquanto dure. Embora paradoxalmente consciente, Marc se deixa embriagar pelo poder, fechando os olhos para o inferno que lhe aguarda.” Sidnei C. 

12/07/2019
Samba, Olivier Nakache e Éric Toledano, 2014


Samba (Omar Sy) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice (Charlotte Gainsbourg), por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum. (Adorocinema)

Sobre: vale ver.

17/07/19
Man without star (Homem sem rumo), King Vidor, 1955



"Homem sem Rumo" é, basicamente, a história de um cowboy que foge do arame farpado. Todos sabemos que os cowboys fogem da civilização, rumo a uma vida mais livre. É uma das convenções centrais do faroeste. Mas Kirk Douglas (ou Dempsey Rae), aqui, é um pouco mais radical: é do arame farpado que ele foge.
E não pode haver sinal mais agressivo da chegada da civilização que o arame farpado, que designa o direito de propriedade. Quem transgredir, avançando sobre domínios do outro, vai se ferir seriamente.
Isso posto, a tendência de Dempsey é se retirar. Não fugir, pois é um exímio atirador. É também um "bon vivant", aprecia música e mulheres. A diferença entre fugir e retirar-se, no entanto, pode ser diminuta.
Existe uma facilidade em sua atitude básica -botar sua sela num trem e partir tão logo o arame farpado aparece.
Por isso ele é o "homem sem estrela" do título original: não tem estrela a seguir, não tem rumo. Ora, o rumo parece se mostrar na pessoa de Reed Bowman (Jeanne Crain), uma proprietária de gado que chega do Leste trazendo o espírito predatório: seu negócio é usar as terras do governo como pasto, devastá-las em poucos anos, constituir um rebanho enorme, enriquecer e retirar-se.
Ora, sabemos, não é para isso que o Oeste foi criado. E sim para que a terra fosse produtiva, gerasse trabalho e riqueza, geração após geração. O capitalismo predatório não é coisa que um americano aceite facilmente. Menos ainda um americano liberal, como King Vidor.
É em torno disso -como da atitude que Dempsey Rae terá quanto ao arame farpado- que gira a última obra-prima de King Vidor. Filme modesto, em termos de produção, que precede as superproduções ("Guerra e Paz" e "Salomão e a Rainha do Sabá") com que encerraria a carreira, mas às quais é superior em vigor e invenção. "Homem sem Rumo" é um dos grandes faroestes da história.

CRÍTICO DA FOLHA, São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008


24/07/2019
Oeste sem lei, 2015, John Maclean

Um jovem apaixonado viaja em direção às fronteiras dos Estados Unidos em busca da garota que ama. Junto a ele vem o misterioso Silas, um pistoleiro e protetor talentoso, que pode ter os seus próprios objetivos nessa viagem pelo oeste selvagem.
“Todo este apuro estético ganha ainda mais força através das magníficas paisagens da Nova Zelândia, que serviram de locação para representar o oeste americano – assim como as paisagens espanholas e italianas dos spaghetti westerns nas décadas de 1960 e 1970. Neste cenário exuberante, Maclean ainda se permite inserir elementos por puro prazer visual, como a figura do pistoleiro vestido de padre. Talvez a quantidade de conteúdo abordada pelo cineasta seja muito densa para uma obra tão concisa, com menos de uma hora e meia de duração, o que apressa um pouco alguns desenvolvimentos, como a transformação de comportamento de Silas. Felizmente, não é algo que tire a credibilidade da narrativa, especialmente quando chegamos ao seu catártico ato final.” Leonardo Ribeiro

Um faroeste da Nova Zelândia. Não Roliudi. Show de bola.

28/07/2019
Los perros (Cachorros), 2017, Marcela Said


Mariana (Antonia Zegers) faz parte de uma importante família chilena, mas, apesar dos privilégios, encontra-se inteiramente infeliz em sua própria casa. Sentindo-se desprezada pelo pai e pelo marido, ela encontra refúgio nos braços do seu professor de equitação Juan (Alfredo Castro), acusado de diversos crimes durante a ditadura. A partir deste caso amoroso, Mariana contempla o passado de sua família vir à tona.
“A postura da personagem em relação aos homens diz muito sobre seu ponto de vista em relação à História do país. A herdeira já ouviu falar no possível envolvimento do pai na ditadura militar; ela escuta diariamente insinuações de que o professor de equitação seja um coronel assassino, mas prefere fechar os olhos a esses fatos. A mistura de ignorância e alienação na burguesia chilena constitui o tema central de Cachorros. Mariana não é uma mulher pouco inteligente, nem propriamente cínica: ela filtra da realidade aquilo que a interessa, permanecendo na confortável bolha de submissão aos homens e privilégios financeiros.”  Bruno Carmelo

Que bom assistir a um filme (muito bom) chileno. E não é roliude.






































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