https://www.imdb.com/title/tt4285496/
Logo de início, o preto e branco salta aos olhos. Não apenas pelo inusitado que é ver a floresta amazônica completamente sem cores, mas também pela beleza trazida pela proposta estética implementada pelo diretor Ciro Guerra e o diretor de fotografia David Gallegos. Este, no fim das contas, é um dos grandes trunfos entregues por esta produção colombiana, a primeira do país a conseguir uma vaga entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
De fundo científico, O Abraço da Serpente é baseado nos diários de dois exploradores europeus, que vagaram pela Amazônia decididos a desvendar seus segredos nos primórdios do século XX. Cada um deles estrela uma ponta desta história, que tem no xamã Karamakate o elo de ligação. É ele quem conduz Théo (Jan Bijvoet) em sua jornada febril em busca de uma planta milagrosa, que pode salvá-lo da doença, e também quem, 40 anos depois, é procurado por Evan (Brionne Davis), que deseja seguir os passos de seu antecessor. Ao longo da jornada, é interessante notar a mudança de postura de Karamakate nestes dois momentos, revelada aos poucos.
Com a narrativa vagueando sem parar entre o passado e o presente, O Abraço da Serpentepor vezes confunde o espectador pela ausência de elementos que difereciem cada época. A floresta, incólume na sua ausência de cores, também auxilia nesta dificuldade de percepção, já que a passagem do tempo é perceptível apenas em padrões humanos - os índios e brancos que por lá passeiam são apenas residentes temporários, enquanto a floresta permanece sempre.
Diante desta proposta de valorização da natureza e dos povos que vivem dela, o longa-metragem logo se torna um imenso estudo antropológico, como poucas vezes o cinema já produziu. Questões relevantes como a influência das missões jesuítas são apresentadas com uma crueza impressionante, sem se ter à versão oficial promulgada pela Igreja. Da mesma forma, o preconceito latente do homem branco perante os índios - e até mesmo entre as diferentes tribos - é ampliado à medida que a loucura da selva toma conta dos forasteiros. Isto sem deixar de lado os costumes indígenas, seja através de Karamakate ou de personagens menores que povoam a história.
Visualmente impressionante, O Abraço da Serpente demonstra força ao trazer uma jornada que explore também crenças e descobertas, sejam estas físicas ou de espírito. Se em certos momentos apresenta-se confuso, isto é também pela proposta narrativa fora do convencional e, de certa forma, ousada.
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-236295/criticas-adorocinema/ 25/04/2019
Considerações sobre
De fundo científico, O Abraço da Serpente é baseado nos diários de dois exploradores europeus, que vagaram pela Amazônia decididos a desvendar seus segredos nos primórdios do século XX. Cada um deles estrela uma ponta desta história, que tem no xamã Karamakate o elo de ligação. É ele quem conduz Théo (Jan Bijvoet) em sua jornada febril em busca de uma planta milagrosa, que pode salvá-lo da doença, e também quem, 40 anos depois, é procurado por Evan (Brionne Davis), que deseja seguir os passos de seu antecessor. Ao longo da jornada, é interessante notar a mudança de postura de Karamakate nestes dois momentos, revelada aos poucos.
Com a narrativa vagueando sem parar entre o passado e o presente, O Abraço da Serpentepor vezes confunde o espectador pela ausência de elementos que difereciem cada época. A floresta, incólume na sua ausência de cores, também auxilia nesta dificuldade de percepção, já que a passagem do tempo é perceptível apenas em padrões humanos - os índios e brancos que por lá passeiam são apenas residentes temporários, enquanto a floresta permanece sempre.
Diante desta proposta de valorização da natureza e dos povos que vivem dela, o longa-metragem logo se torna um imenso estudo antropológico, como poucas vezes o cinema já produziu. Questões relevantes como a influência das missões jesuítas são apresentadas com uma crueza impressionante, sem se ter à versão oficial promulgada pela Igreja. Da mesma forma, o preconceito latente do homem branco perante os índios - e até mesmo entre as diferentes tribos - é ampliado à medida que a loucura da selva toma conta dos forasteiros. Isto sem deixar de lado os costumes indígenas, seja através de Karamakate ou de personagens menores que povoam a história.
Visualmente impressionante, O Abraço da Serpente demonstra força ao trazer uma jornada que explore também crenças e descobertas, sejam estas físicas ou de espírito. Se em certos momentos apresenta-se confuso, isto é também pela proposta narrativa fora do convencional e, de certa forma, ousada.
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-236295/criticas-adorocinema/ 25/04/2019
Considerações sobre
Primeiro
Cayahuari Yacu, the jungle Indians call this country, the land where God did not finish Creation. They believe only after man has disappeared will He return to finish His work.
(do filme Fitzcarraldo), Terra inacabada
Esta citação do filme Fitzcarraldo, 1982, de Werner Herzog, tem a ver com o tema do filme "Abraço da Serpente". Novamente os conflitos entre o estrangeiro, o estranho no mundo dos povos originários, na época provocados, também, pelo ciclo da borracha na floresta amazônica. Além da intervenção deletéria dos jesuítas. A personagem principal: a natureza. Questão ainda presente na década de 2010, infelizmente.
Segundo
Outra semelhança: “Coração das trevas” (Heart of Darkness) de Joseph Conrad (1857 – 1924). Muda o espaço, mas o tempo é o mesmo. Congo, África, colônia da Bélgica, início do século XXI. Sai a borracha, entra o marfim. Os conflitos? Parecidos. Na floresta amazônica do “Abraço da serpente” tem a personagem insana El Mesias (Nicolás Cancino) que, por sinal, fala em português / brasileiro. No “Coração das trevas” tem Kurtz. El Mesias e Kurtz são feitos um para o outro.
Terceiro
“Abraço da serpente” é um filme obrigatório
Nenhum comentário:
Postar um comentário