John Huston (1906 - 1987) tem uma vasta participação na história do cinema. Como diretor são 47 filmes, ator, 54 e roteirista, 40.
Filmes obrigatórios (dentre muitos) na cinematografia de Huston:
Reflections in a Golden Eye (Os pecados de todos nós) de 1967, The night of Iguana (Noite do Iguana) de 1964, The misfits (Os desajustados) de 1961, Fat city (Cidade das ilusões) de 1972, The red badge of courage (Gloria de um covarde) de 1951.
Um filme fora desta lista é a superprodução A bíblia (The bible: in the beginning...) de 1966. São notáveis algumas cenas do filme: a criação (Gênese), a arca de Noé e a parte que mostra Abraão e Sarah. A bíblia de Huston termina em Abraão.
Jornalistas que acompanharam as filmagens de A bíblia tinham duas perguntas recorrentes. E Huston respondeu assim:
Sobre a Bíblia
Perguntaram se eu acreditava na Bíblia. Em geral eu respondia que o Gênese representava uma transposição do Mito, quando a criatura humana, perante a Criação e outros mistérios insondáveis, inventava explicações para o inexplicável; da Lenda, quando atribuía aos ancestrais qualidades heroicas de liderança, bravura e sabedoria; e da História, quando, tendo saído do Mito e da Lenda, descrições de proezas verdadeiras e acontecimentos vividos passavam de pai para filho antes do registro da palavra escrita.
Sobre Deus
A pergunta inevitável: eu acreditava em Deus? Minha resposta se resumia mais ou menos no seguinte: a princípio o Senhor se apaixonou pela humanidade e ficou, consequentemente, ciumento. Estava sempre pedindo provas de nossa afeição: vendo, por exemplo, se Abraão seria capaz de degolar o próprio filho. Mas depois, com o correr dos séculos, Seu ardor esfriou e Ele assumiu um novo papel – o de uma divindade generosa. Bastava o pecador se confessar e dizer que estava arrependido para Deus perdoa-lo. Essa foi a segunda etapa. Agora, ao que parece, Ele se esqueceu totalmente da humanidade. Passou, talvez, a se ocupar com a vida noutras partes do universo, noutros planetas. É como se tivéssemos deixado de existir, no que Lhe diz respeito. Pode ser até que tenhamos.
A verdade é que não professo nenhuma crença, no sentido ortodoxo do termo. O mistério da vida me parece muito grande, muito vasto e profundo, para provocar mais do que assombro. Pretender ir mais longe do que isso seria, no meu entender, uma impertinência.
Referência: John Huston, um livro aberto, LPM, 1980,
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