quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Bruna e como matar a morte

Bruna, mulher trans de Paraisópolis, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, tem 23 anos e estudou na Escola de Comunicações e Artes da USP. Teve vida escolar sempre no ensino público. Hoje, trabalha numa empresa de publicidade. Tem um relacionamento estável com uma mulher cis. É de uma família pobre que ela tem muito orgulho: o pai, a mãe e dois irmãos.

Quem é Bruna?

Uma mulher sobrevivente. Sobrevivente da discriminação, da desigualdade e da ferocidade destruidora do capitalismo.

E a Bruna social?

Minha vida social está nas quebradas de Paraisópolis. Quando tenho tempo, sempre estou por lá. Em reuniões na comunidade, em bailes funk e sempre com minha família.

O que você pensa sobre Erika Hilton, deputada federal pelo PSOL?

Votei nela e tenho orgulho deste voto. Mas tenho pena dela naquele antro de supremacistas brancos que ela enfrenta em Brasília. Érika é um mulherão.

Uma cantora e uma música.

Liniker. Uma música? Psiu. Outra? Caju

O que você pensa desta polêmica sobre o filme Emíla Perez?

Gostei muito do filme. Karla Sofía Gascon, deveria ganhar o Oscar de melhor atriz. Chance? 1%. Um delírio meu: Karla ganhando e o discurso dela: Aí cabron (Trump), estamos aqui. Além de mulher e homem, tem transexuais, lésbicas, gays, bissexuais, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais. LGBTQIAPN+ presente. 

Não tem como ver esta polêmica sem mencionar uma escabrosa, terrível e tenebrosa constatação. Tem muito, muito e muito de transfobia.

E o futuro, Bruna?

A expectativa de vida, segundo o IBGE de 2023, é a seguinte: Mulheres: 79,7. Homens: 73,1. E das pessoas trans: 35*. 

Hoje tenho 23 anos. Então tenho que matar a morte em pelo menos 56,7 (79,7 - 23) anos para atingir a expectativa de vida das mulheres.

Mas tenho esperanças de dias melhores.


* este dado precisa ser atualizado, não é IBGE, espero que para +

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