Bruna, mulher trans de Paraisópolis, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, tem 23 anos e estudou na Escola de Comunicações e Artes da USP. Teve vida escolar sempre no ensino público. Hoje, trabalha numa empresa de publicidade. Tem um relacionamento estável com uma mulher cis. É de uma família pobre que ela tem muito orgulho: o pai, a mãe e dois irmãos.
Quem é Bruna?
Uma mulher sobrevivente. Sobrevivente da discriminação, da desigualdade e da ferocidade destruidora do capitalismo.
E a Bruna social?
Minha vida social está nas quebradas de Paraisópolis. Quando tenho tempo, sempre estou por lá. Em reuniões na comunidade, em bailes funk e sempre com minha família.
O que você pensa sobre Erika Hilton, deputada federal pelo PSOL?
Votei nela e tenho orgulho deste voto. Mas tenho pena dela naquele antro de supremacistas brancos que ela enfrenta em Brasília. Érika é um mulherão.
Uma cantora e uma música.
Liniker. Uma música? Psiu. Outra? Caju
O que você pensa desta polêmica sobre o filme Emíla Perez?
Gostei muito do filme. Karla Sofía Gascon, deveria ganhar o Oscar de melhor atriz. Chance? 1%. Um delírio meu: Karla ganhando e o discurso dela: Aí cabron (Trump), estamos aqui. Além de mulher e homem, tem transexuais, lésbicas, gays, bissexuais, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais. LGBTQIAPN+ presente.
Não tem como ver esta polêmica sem mencionar uma escabrosa, terrível e tenebrosa constatação. Tem muito, muito e muito de transfobia.
E o futuro, Bruna?
A expectativa de vida, segundo o IBGE de 2023, é a seguinte: Mulheres: 79,7. Homens: 73,1. E das pessoas trans: 35*.
Hoje tenho 23 anos. Então tenho que matar a morte em pelo menos 56,7 (79,7 - 23) anos para atingir a expectativa de vida das mulheres.
Mas tenho esperanças de dias melhores.
* este dado precisa ser atualizado, não é IBGE, espero que para +
Nenhum comentário:
Postar um comentário