quarta-feira, 25 de junho de 2014

Eleonora


Não me ame tanto. Não posso suportar um amor que é mais do que eu sinto por dentro.

Este foi o torpedo recebido pelo smartphone do Adolfo, em março de 2013. Eleonora, sua namorada na época, ouvia muito as músicas de Karina Buhr.

Depois do acontecido Eleonora considera o amor um vício acrescido de ciúme, um absurdo total.

O acontecido

“Amor, porque você não faz aquilo outra vez. Vem cá meu cabritinho!”. Era Eleonora clamando por Adolfo beijar seus seios e massagear freneticamente seu clitóris. Ela por sua vez com pinto dele enrijecido na mão. A seguir ruidosos orgasmos.  Estavam num motel lá pelos idos de 2011.

Um vulcão no sexo. “Na cama sou uma puta” dizia ela para as amigas. Personalidade forte, determinada, independente, segura, dedicada no trabalho, líder de grupo e uma incontrolável libido. Assim é Eleonora.

Adolfo conheceu Eleonora na balada. Não deu outra, ele se apaixonou por aquela mulher vulcão. No começo um mar de rosas. Viam-se dia sim dia não. Ele entrou de cabeça na relação e ela, apesar de apaixonada, com a cabeça no lugar.

“Você é sagrada para mim. Todo meu desejo incendeia com a tua presença. Não sei jamais o que se passa comigo quando estou contigo; parece que a minha alma se revolve em todos os meus nervos”. Foi o torpedo recebido de Adolfo. Um delírio digno do jovem Werther de Goethe. “Lindo! Um beijo flamejante” respondeu Eleonora.

Numa manhã chuvosa no apartamento do Adolfo. Ainda com uma ressaca da noite anterior ele diz: “Eleonora, porque não nos casamos?” Eleonora: “calma cabritinho, porque mudar? Está tão bom assim.” Ele, de uma família tradicional de Vitória, pensava no casamento como o coroamento de um amor eterno. Ela não. Onde começa o casamento acaba a relação homem mulher (Rose Marie Muraro).

Foi na balada que Eleonora conheceu o lado sombrio do namorado. Estavam numa boate em Vila Velha. Ela já com umas doses de vodca na cabeça começou a dançar com um amigo. Dançavam pra lá do trivial. Adolfo não gostou e partiu para o ataque. Agrediu o amigo e rolou um sapeca-iaiá no salão. Sobrou para a Eleonora que levou uns tabefes em pleno salão.

De todos os tormentos que afligem a alma o ciúme é o mais intolerável. Eleonora conheceu, naquela noite, o que significa conviver com a estupidez chamada ciúme.

O estopim.  Adolfo soube que Eleonora estava num motel. Como descobriu? Sem ela saber os celulares de ambos tinham o Foursquare, rede social que permite ao utilizador indicar onde se encontra. Eleonora estava no Status, motel tradicional situado na região de Vitória. A explosão veio a seguir. Discutiram dentro do carro e ela confessou que estava no Status.  Com uma amiga. Não deu outra. Adolfo deu um tapa na cara de Eleonora. Na hora ela parou o carro. Estava na direção e no meio da 3ª Ponte que liga Vila Velha e Vitória. Atracaram-se, mas ela tinha vantagem. Recuperou os golpes de judô que aprendera quando adolescente. Com uma chave de braço esganou Adolfo. Pensou em mata-lo. Mas desistiu. Ele saiu do carro cambaleando, tonto e com aquela coragem irresponsável se jogou no mar. Depois de 70 metros em queda livre se espatifou na água. Morreu. Em março de 2013.

Na polícia Eleonora declarou terem discutido e depois do tapa na cara se defendeu da agressão. A iniciativa de sair do automóvel foi do namorado.

Epílogo

Atualmente Eleonora mora em Salvador. Está grávida de 5 meses e será mãe solteira. Já tem o nome para a filha: Beatrix.

Ela continua com os cabritinhos e continua tendo problemas com amor demais.

 

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