terça-feira, 12 de março de 2019

Roma - o filme

A SINUOSA NATUREZA DO AMOR EM 'ROMA'
Filme de Alfonso Cuarón, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor diretor, narra a tocante história de Cleo, que ama os filhos dos patrões mais que à sua própria filha

Alma Guillermoprieto, para The New York Review of Books,
com tradução de Mariana Nântua 21/02/2019

A água invade a tela em ondas por longos minutos na abertura do filme. Fora da tela, ouvimos o esfregar de uma escova de cerdas de palha, enquanto espuma de sabão flutua para dentro e para fora de cena. Finalmente, o quadro abre e revela uma jovem, com um balde de metal numa mão e um rodo de cabo longo na outra.
A área de azulejo embaixo da escova é a garagem de uma casa em uma das partes mais antigas da Cidade do México, e, se você é um espectador mexicano, saberá na hora que a pessoa segurando o balde é uma empregada, fazendo a limpeza matinal diária. Você saberá sua profissão mesmo antes de ver seu rosto, porque sua pele é escura, porque suas roupas são pobres demais para que ela seja qualquer outra coisa numa casa daquele tamanho e porque ela irradia um ar de calma e paciência intrínseca. O que você não necessariamente vai perceber é que ela, Cleo, é a protagonista do filme, porque nenhum filme mexicano, com exceção das comédias ridículas e ofensivas estreladas pela India María, jamais colocou uma empregada doméstica no centro de sua narrativa.
(Apenas mais tarde compreenderemos que aquilo que Cleo está a limpar tão ocupada é a mais imunda de todas as imundícies: m... de cachorro, ofertada em grandes quantidades por Borras, um vira-lata alegre que é o cão de guarda, mas não exatamente o animal de estimação. Animais de estimação no estilo americano não existiam no México em 1970, ano em que o filme começa.)
Para um espectador americano — ou pelo menos para aqueles espectadores que nunca conheceram ou foram empregados domésticos, nunca conheceram patrões de um empregado em tempo integral ou em meio período ou nunca contrataram uma mulher que oferecesse ajuda doméstica —, entender a personagem de Cleo e, por extensão, seus empregadores é talvez ainda mais complicado. Mas comecemos analisando a casa com cuidado: ela fica no outrora elegante bairro de Roma. Grande, mas não enorme, e um pouco precária, certamente não é luxuosa. Além de Cleo e de sua melhor amiga, a cozinheira da casa, sete pessoas moram ali: quatro crianças, que dividem dois quartos; o pai, um médico; sua esposa, uma química; e a mãe da esposa. Os móveis, pesados e escuros, provavelmente pertencem à mãe da esposa, e é possível que o resto da casa também. (Como eu sei disso? Porque, nos anos 60, pessoas com os empregos dos patrões de Cleo viviam em casas no subúrbio mais novas e confortáveis ou em apartamentos mais baratos e fáceis de cuidar.)
Essa é a casa em que Alfonso Cuarón, o diretor de Roma, cresceu. Ou pelo menos é a recriação, meticulosa a ponto de ser insana, daquela casa. E essa é a história de uma memória de Cuarón de um tempo turbulento de sua infância. A obra é filmada paralela à ação, como se a câmera fosse o fantasma do diretor revisitando sua infância e olhando-a silenciosamente, com a compaixão e a distância que às vezes somos sortudos o suficiente de conseguir sentir por nossa juventude pecaminosa e pela de nossos pais. A heroína, entretanto, é Cleo, a babá cujo afeto, ao contrário do caso dos pais, nunca oscila ou é desconcertante e que, diferentemente de uma outra babá infinitamente desagradável em outras telas pela cidade, realiza verdadeiros milagres. Ela está há anos na cabeça de Cuarón: em sua antiga obra-prima, E sua mãe também (2001), percebe-se de relance Liboria Rodríguez — a pessoa real na qual a personagem Cleo é baseada — carregando uma bandeja de comida, por um longo lance de escadas, para o menino rico interpretado por Diego Luna e entregando-a a ele com um tapinha afetuoso. (O personagem de Luna quase ignora o cuidado dela, sua jornada cheia de esforço pelas escadas, seu amor por ele, seu trabalho árduo. Quase, mas não completamente; mais tarde, no filme, enquanto o carro em que ele está passa por uma placa apontando o caminho de Tepelmeme — a cidade natal de Liboria na vida real —, o personagem de Luna percebe e pondera que aquele é o lugar de onde veio a babá que um dia ele chamou de mamá.)


 A cena em que a empregada salva os filhos da patroa do afogamento

Então, quem é Cleo? A legenda nos diz que a língua que ela usa com Adela, a cozinheira, é o mixteco, então sabemos que ela vem de uma área montanhosa desesperadamente pobre dos estados de Puebla e Oaxaca, no Sul do México. Sua estatura pequena e o formato de sua face também nos indicam isso, porque as dezenas de nacionalidades, línguas e costumes dos primeiros povos mexicanos eram tão diferentes quanto aquelas dos europeus; havia, entre outros, apaches de longos ossos no Norte, purépechas e mexicas no meio e os delicados zapotecas, maias e mixtecos no Sul. (Tanto a Liboria da vida real quanto a atriz estreante que a retrata em Roma, Yalitza Aparicio, uma professora de pré-escola recém-graduada, são mixtecas. Aparicio morava em sua vila nativa nas montanhas de Oaxaca quando Cuarón recrutou-a para interpretar Cleo.)
Por último, Cleo é parte de uma família; ou melhor, de duas. Ela pertence a uma em sua cidade natal, claro, mas Roma aborda aquela para a qual trabalha e com a qual vive. Em todo lugar, babás geralmente são consideradas parte da família, e as famílias costumam refletir a sociedade que ajudam a formar. Neste caso em particular, Cleo é e permanecerá por todo o filme — e, sabemos, para além dele, como a Libo da vida real tem sido até hoje — parte de uma família mexicana hierárquica, exploradora, desigual, instável e, no entanto, generosamente leal e, sim, afetuosa.
Tanto a personagem de Cleo quanto a atriz que a representa, Yalitza Aparicio, são mixtecas — oriundas de uma área montanhosa muito pobre do Sul do México.

Tanto a personagem de Cleo quanto a atriz que a representa, Yalitza Aparicio, são mixtecas — oriundas de uma área montanhosa muito pobre do Sul do México.

Cleo e Adela — interpretada com tranquila autoridade por outra atriz mixteca não profissional, Nancy García — são provavelmente parentes.
 Adela, a mais velha das duas, talvez tenha emigrado primeiro para a cidade, buscando, assim como Cleo, uma vida melhor do que a subsistência parca que ela e sua família levavam em sua cidade natal, com a carga de trabalho árdua de dias intermináveis que transformava mulheres em velhas rabugentas antes de completarem 40 anos. Mas Cuarón não quer retratar Cleo antropologicamente: ele quer nos mostrar o que ela era para ele, contar a história da Cidade do México e o que aconteceu com Cleo no ano em que a família dele se despedaçou.
A vida na capital é tão emocionante quanto aprazível para a tímida Cleo e para sua amiga mais ousada. Elas dividem um quarto entulhado na parte de trás da casa de seus patrões — é tão solitário dormir só! O trabalho é agradavelmente fácil comparado com a punição que elas deixaram para trás em casa, o dinheiro é melhor — elas podem comprar um sanduíche e beber refrigerante sempre que quiserem! E tiveram a sorte de encontrar bons patrones — elas têm um dia de folga toda semana. Como toda babá que vive em casa — como toda dona de casa, inclusive —, os dias de Cleo são tão longos quanto os das quatro crianças das quais ela cuida. Ela canta até elas dormirem, acorda-as com carinhos, sente-se nutrida pela maneira com que os olhos delas se derretem de amor ao lhe desejarem boa noite. Cleo não fala muito quando está com elas, em parte porque seu espanhol é incerto, mas, sozinha com Adela, as duas tagarelam e riem sem parar em mixteco sobre namorados, os patrones e as crianças.
A emoção de ver filmes com frequência nos cinemas bem decorados que salpicavam a cidade naquela época só é suplantada pelo frenesi do romance. Cleo se apaixona por um “capitalino” antenado, Fermín. Deveríamos perceber que ele não é flor que se cheire quando engole o refrigerante dela furtivamente antes de voltar a acompanhá-la no encontro, mas, assim como ela, ficamos deslumbrados com sua graça e beleza pura. Fermín fala para Cleo o que Cuarón necessita que saibamos; ele é uma criança de uma favela dos arredores do leste da cidade, Nezahualcóyotl. Hoje, é uma cidade de verdade, com 1 milhão de pessoas, mas na época em que se passa o filme era uma vasta extensão de lama fedorenta — sem ruas pavimentadas, iluminação, água ou linha telefônica —, onde muitas vezes imigrantes do desesperado interior encontravam um primeiro apoio.
Fermín bebia muito, cheirava cola, sua vida era desordenada, ele diz a Cleo, mas então descobriu as artes marciais — e nos dá uma demonstração estonteante. Ele é um homem diferente, mais poderoso agora. É claro que ele engravida Cleo. É claro que ele a abandona assim que ela conta para ele. É claro que, no dia em que ela viaja até Nezahualcóyotl, onde ele faz parte de um grupo que luta kung fu com bastão, Fermín nega que o filho possa ser seu e chama Cleo de p... Enquanto isso, vendo caminhões de lixo estacionados atrás do campo onde ele estave treinando, percebemos que Fermín é um gari.
E então, agora que fomos apresentados aos personagens principais de Roma, calmamente e com alguns, mas não tantos, detalhes, a ação segue em frente como um tanque que demora um bom tempo até ganhar velocidade, mas que, quando alcança, é quase impossível de parar. Os eventos cruciais acontecem no feriado de Corpus Christi, uma festa que celebra a transubstanciação do corpo de Cristo e que, em 1971, caiu no dia 10 de junho. Cleo, bastante grávida, e a matriarca da família de seus patrões vão juntas a uma loja de móveis comprar um berço para o bebê que ela espera. Na recriação obsessiva de Cuarón dos eventos reais desse Corpus Christi, vemos as duas mulheres passarem por uma cena que os habitantes da Cidade do México conhecem bem: ruas com veículos militares blindados enfileirados, carros de polícia, policiais fortemente armados e homens tensos à paisana portando armas nem tão escondidas.
Também está andando em direção à larga Avenida Ribera de San Cosme um número cada vez maior de jovens, a caminho da manifestação que se reúne numa encruzilhada a duas quadras dali. Na vida real, tinham-se passado menos de três anos do horrível massacre dos Jogos Olímpicos na “plaza” de Tlatelolco, e a marcha de Corpus Christi era o maior protesto desde aquele evento. No começo da marcha, os manifestantes cantaram o hino nacional, que, na paisagem sonora brilhante do filme, conseguimos ouvir se aproximando fora da tela. Um murmúrio de pânico crescente vindo das ruas atrai os compradores na loja de móveis para as janelas.
Pasmos, eles assistem ao protesto se dissolver sob os ataques de homens manejando bastões pesados e armas de fogo. Manifestantes se dispersam como uma coluna de formigas ameaçada por uma tocha, e agora seu pânico absoluto é levado para dentro da loja, até a fronteira do corpo de Cleo: um grupo de assassinos à paisana irrompe no salão, armas apontadas para um manifestante aterrorizado. O jovem leva um tiro e cai, morto; outra arma é apontada para Cleo e, do outro lado, está um rosto talhado de tanta adrenalina que parece uma fera: Fermín. É claro, aqueles que se lembram da história do massacre de Corpus Christi sabem que muitos dos homens que atacaram os manifestantes, matando dezenas, eram garis controlados e treinados para a ocasião por capangas do partido no poder — e, insinua o filme, agentes americanos. No choque de reconhecimento, Fermín sai em retirada, a bolsa de Cleo estoura, o caos toma conta.
Quando eu era criança, sempre havia uma babá. Meus pais muitas vezes não tinham dinheiro — o café da manhã e jantar eram com frequência pão e café preto —, mas sempre havia uma babá, e, não importa quão esporadicamente a pagássemos, ela nunca partiu: era a ordem das coisas. Carmela me dava café da manhã quando meus pais não estavam. Ela me levava aonde fosse: ao mercado, para comprar a refeição do dia; à loja de conserto de sapatos; ao parque, onde nos sentávamos num banco para olhar os pombos enquanto eu me agarrava a ela, fazendo perguntas; e até a longínqua Xochimilco, onde ela tinha parentes e onde, numa rua empoeirada no meio de plantações de milho e canais estreitos, eu vi meu primeiro funeral — uma entoada tremida no ar, uma dúzia de enlutados, os homens de chapéu de caubói de palha, as mulheres envoltas em “rebozos”, todos segurando uma flor ou uma vela à luz do final da tarde, e, no centro, um pequeno caixão branco levando o “angelito”, a criança morta.

O diretor mexicano Alfonso Cuarón dirige Yalitza Aparicio em Roma, 
o filme com dez indicações ao Oscar.

Também há uma criança morta em Roma, natimorta, mas perfeita, que Cleo, exausta, observa enquanto é cuidadosamente enrolada em sua pequena mortalha. Antigamente, angelitos fugiam com tanta frequência de suas mães que era uma ocorrência comum. Minha própria avó deu à luz 12 crianças, das quais seis sobreviveram. As mulheres estavam sempre grávidas, e ficava a cargo do pai, se o casamento era estável, encontrar maneiras de alimentar cinco, oito ou 12 filhos. Ou a mulher morria jovem, frequentemente no parto. Muito provavelmente o pai se casaria uma segunda vez, e a nova esposa poderia querer garantir sustento para a nova família ao vincular o marido mais a sua própria prole do que à da união prévia.
Famílias são coisas frágeis e até perigosas, Cleo aprende: durante toda a sua gravidez, ela assistiu ao colapso do casamento de seus patrões. O marido, que vemos pela primeira vez chegando em casa ostentando um Ford Galaxie quase grande demais para a garagem, encontrou um novo amor: seu coração comanda-o a abandonar sua esposa e família, e ele obedece às ordens. (Cuarón, dirigindo o filme da vida de Cleo, que também é o de sua vida quando criança, exerce uma pequena vingança: o Galaxie passa por cima de um monte de cocô negligenciado, e o próprio pai pisa em outro esforço do cachorro ao sair de casa pela última vez.)
Como produtor, roteirista, cinegrafista, editor e diretor, Cuarón pode ter se perguntado, quando começou a conceber esse filme, quanto a canção de amor para sua babá seria compreendida fora de seu país ou se um comentário — uma tradução, na verdade — seria um complemento necessário para alguns espectadores. Está evidente que ele não fez concessões a audiências estrangeiras, para as quais cada segundo do filme é inevitavelmente menos transparente do que para espectadores mexicanos — ou a quem o filme talvez não forneça informação suficiente para ver que o problema central com que Cuarón está lidando é a sinuosa natureza do amor.
Uma vez entrevistei duas dúzias de empregadas domésticas sobre seus trabalhos. Foi difícil conseguir que jovens “empleadas” falassem comigo, principalmente se fossem do interior: o medo de soar ignorante, de dizer a coisa errada, de perder o emprego, de falar fez com que a maioria das jovens mulheres que abordei virasse as costas para mim. Mas as mais velhas tinham muito o que dizer. Um número surpreendente delas disse que era feliz com suas famílias; uma coincidente maioria fez sonoras reclamações sobre seu salário. Mas o que ouvi com mais frequência foi a raiva que sentiam de patrões antigos que as demitiram sem aviso ou sem pensar em seus sentimentos. “E as crianças?”, perguntavam. “Eles nos demitem, temos de abandoná-las e depois você tem de aprender a amar um novo grupo de crianças, sempre com medo de ser demitida novamente e perdê-las.” Uma mulher chorou enquanto explicava isso. “Eles nunca pensam que amamos as crianças”, disse.
O que ninguém falou sem que eu perguntasse, e ainda assim falou pouco, foi o seguinte: se elas eram babás que moravam nas casas, a maioria delas tinha seus próprios filhos, que estavam sendo criados em casa nas distantes Oaxaca, Hidalgo ou Guerrero, por avós e tias.
Como, eu me perguntei depois, o coração da mulher se desdobra uma vez que se encontra nesse impossível dilema? Ela está trabalhando para garantir ao filho um futuro melhor que o seu, mas, enquanto ele está em casa comendo carne fibrosa e sopa aguada, ela come como uma imperatriz. A criança de quem ela cuida exige aos berros o mais novo modelo de celular todo ano, enquanto na casa dela um único telefone com a tela quebrada pode ser compartilhado por uma família inteira. Os filhos de seus patrões estudarão em grandes universidades, aprenderão coisas inteligentes, se moverão facilmente pelo mundo; seus filhos tentam alcançar educação suficiente para se graduar dos empregos serviçais dos pais. Ela conhece as crianças da família intimamente; seus filhos mal a conhecem direito. Ela se ressente dos filhos de seus patrões por essa diferença monstruosa? Ou — encaremos as coisas — ela os ama mais do que a seus próprios? Que essas mulheres entrevistadas pudessem amar as crianças de que cuidavam — e amá-las a ponto de ficarem de coração partido — era, para mim, nada menos do que milagroso.
E é assim que Cleo ama as quatro crianças de sua família. Ela realiza um milagre por eles, inclusive, salvando dois que quase se afogaram durante uma viagem à praia, embora nunca tenha visto o mar antes e não saiba como nadar. Mas aqui está aquilo que Cleo pode finalmente admitir: ela não queria seu bebê, a criança natimorta do assassino Fermín, e a culpa estava ameaçando afogá-la. Não queria dá-la à luz, “pobrecita”, pobre criancinha, fala de repente depois de realizar seu milagre redentor. Ford Galaxie “No la queria”. Ela ama mais as quatro crianças.
Acontecem muitas coisas em Roma. O filme transborda vida, vida mexicana! Gansos copulam numa festa de Ano-Novo, homens voam de canhões, cachorros cagam e pulam de alegria, vendedores ambulantes gritam suas mercadorias, noruegueses cantam, milho cresce, jovens são assassinados, ricos dançam conga e uma pobre menina da região mixteca perde o bebê que ela não queria, salva duas crianças, perdoa a si e sobe uma escada do lado de fora caindo aos pedaços até o tanque na cobertura para lavar a roupa da família após uma viagem transformadora. Quando eu vi o filme em Nova York, todos os espectadores permaneceram em silêncio enquanto os créditos rolavam sobre uma sequência longa e meditativa das escadas e do céu, até a tela escurecer por cima do título. Então suspiraram e seguiram em frente.

A atriz Yalitza Aparicio
interpreta a empregada que cuida do personagem de Marco Graf, o filho da patroa

https://epoca.globo.com/a-sinuosa-natureza-do-amor-em-roma-23469241?GLBID=1fd138d4272422a9482ddb15b68e4373f6d6b3372483641624b6c6c51376131565453723468475056765258594d49764a316a4f542d7a636d73343956654166416a79645835463862545854466443657a414a795576754b487452594b6f654e6d7a41767046673d3d3a303a6564736f6e2e636172646f736f5f32303132

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