A cena
Uma mulher (Anna), no Louvre, se aproxima de um quadro de Édouard Manet, Le Suicide. Senta ao lado de um estranho. Depois de um tempo, o diálogo:
O estranho: Você também gosta desse quadro?
Anna: Ele me dá vontade de viver
O quadro de Manet (1880) é mostrado abaixo.
http://www.manet.org/paintings.jsp
31/07/2017
São aquelas cenas
finais de filmes em que resumem tudo sobre a estória narrada. Lembro de caso
semelhante no filme Marcas da violência,
David Cronenberg de 2005.
A estória se passa
em Quedlimburgo, 1919 (pós 1ª guerra) Alemanha. Anna (Paula Beer) encontra o
jovem Adrien (Pierre Niney) frente ao túmulo de seu jovem noivo (Frantz) morto
na guerra. Adrien se apresenta como amigo francês do noivo. A verdade aparece
depois: o soldado Adrien matou o soldado Frantz numa batalha de guerra. O
francês fora a Quedlimburgo devido a remorsos por ter causado a morte do
alemão.
O ambiente era de
feridas não cicatrizadas. Diálogo entre o pai de Frantz e Adrien:
Pai de Frantz: Todo francês é assassino do meu filho. Então desapareça daqui.
Adrien: O senhor tem razão, doutor. Eu também era
soldado e sou mesmo assassino.
O filme é antibélico
e sem apelo sentimentalista trata das cicatrizes advindas dos horrores da guerra.
Adrien ao ser
perguntado por Anna sobre as marcas no corpo, diz: “Minha única cicatriz é
Frantz”. Nessa frase, há muito do termômetro do filme. Mesmo com uma trama
recheada de reviravoltas, Ozon não cede em nome de um roteiro mais veloz.
Frantz – e aqui está sua maior beleza – não é um filme sobre a ferida, mas sim
sobre as cicatrizes (Diogo Guedes, uol.com.br).
Ponto de inflexão
Anna, a mãe e o pai
de Frantz passam a ver Adrien com olhar diferente. A rejeição anterior dá lugar
ao afeto.
Adrien volta a
Paris. E depois de um tempo Anna resolve reencontrar Adrien. Vai até Paris e
depois de procurar muito o encontra noivo com casamento marcado. Decepção. Anna
apaixonada não se desaponta. Fica em Paris e um dia se veste de preto e vai até
o Louvre ver o quadro de Manet.
Tudo se passa como
Anna estivesse de luto novamente.
É o luto pela
segunda perda.
Ele me dá vontade de
viver diz ao estranho
sobre o Le Suicide de Manet.
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