segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Telma e Ricardo

Os graves distúrbios de dois dias atrás em Vancouver, após a derrota do time de hóquei dos Canucks diante do Boston Bruins, não apenas deixaram imagens de violência e destruição, mas também uma que já entrou para a história dos mistérios... E a violenta noite não deixou só imagens de pessoas alteradas ateando fogo a tudo que encontravam, ou de policiais atacando. A noite que viveu Vancouver deixou um sem-fim de imagens curiosas, pouco habituais em acontecimentos deste tipo. http://esportes.terra.com.br 17/06/2011
 
  
Duas amigas conversando.

Telma
estou numa crise existencial ferrada. O que faço agora que já me formei?

Clara
esquenta não, Telma. Tens tempo. Você está com apenas 23 anos, dá para pensar direito no que fazer agora.

Agorinha estou a fim de um chopinho, vamos? Arrematou Clara.

E lá foram as duas para o 8 Bar continuar a conversa. Foi neste Bar que Telma conheceu Ricardo. Meio que por acaso os três iniciaram uma conversa sobre coisas mundanas tipo música, Brasil, futuro e outros papos triviais.

Ricardo
estou na mesma, Telma. Não sei o que faço agora. Um vagal seria a melhor definição pra mim. Meus pai já estão me enchendo o saco porque fico o dia inteiro ouvindo Sex Pistol e fumando um back.

Telma
você se formou?

Ricardo
acabei o curso de Comunicações na USP.

Clara
satisfeito?

Ricardo
Porra nenhuma. Uma merda de curso. Os caras só vomitam semiótica sem saber o que estão falando.

Telma
comigo foi parecido. Fiz história na PUC. Gostei. Mas desconfio que quem ama a história não estuda história.

Clara
caramba? Que infelizes pimpolhos!

Ricardo
sai dessa, ô meu. E você? É feliz?

Clara
Não

O papo terminou com a proposta de se encontrarem dois dias depois no show da banda Pitanga em pé de amora no Ibirapuera. Já ouviu do dito popular: o cara está mais por fora que pitanga em pé de amora? Pois é, foi lá que Telma e Ricardo tiveram o segundo encontro.

Foi implacavelmente bom o reencontro. Já na quarta música (Meu caminho), Telma e Ricardo se beijavam com ardor. E a coisa rolou madrugada adentro até o com sono vamos dormir. Conheciam de cor e salteado o Kama Sutra.

Musicalmente Telma e Ricardo são do hard rock. Telma ouve muito Nirvana e Pearl Jam. E se veste como uma bela grunge. Ricardo é punk do Sex Pistol e Dead Fish. Nos intervalos ouviam a música das bandas brasileiras do estilo Pitanga em pé de amora. Mas o que une os dois é Legião Urbana. Cantam a música Faroeste Caboclo todinha. Para quem não sabe esta música tem 42 estrofes com 4 versos cada.

E sobre o mundo, o que pensam? São anarquistas. Não conhecem qualquer manual de escoteiros. Quando vinha o tédio da graduação na USP, Ricardo se enfurnava dias e dias nos textos de Bakunin e Kropotkin (que morreu em 1921). Aliás, deste último descobriu esta pérola: o desenvolvimento das tecnologias das comunicações e informação seria um meio que poderia nos conduzir ao nascedouro da anarquia. Tem sentido.

Telma, também tinha seus devaneios anárquicos. É versada em Emma Goldman, russa, falecida em 1940, que teve uma vida digna de anarquista e feminista. Uma rebelde que esteve com os bolcheviques (de quem mais tarde discordou ferozmente), na guerra civil espanhola e por aí vai. O filme Reds, de 1981, dirigido por Warren Beaty, tem a Emma interpretada por Maureen Stapleton. Telma assistiu a este filme várias vezes por causa da Emma.

Junho de 2011.

Telma conseguiu se matricular num curso de especialização em Vancouver. E se mandou para o Canadá. Não me pergunte que curso é este. Na verdade ela queria aventuras novas. Ricardo foi ao seu encontro movido pela saudade e porque estava de saco cheio de não fazer coisa alguma.

Coincidência ou não Telma e Ricardo presenciaram a porradaria que aconteceu depois do jogo de hóquei dos Canucks e do Boston Bruins em Vancouver. Polícia é polícia em qualquer canto. Não tem jeito. Legião Urbana (Veraneio vascaína) que o diga.

Cuidado, pessoal, lá vem vindo a veraneio
Toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho
Com números do lado, dentro dois ou três tarados
Assassinos armados, uniformizados

E onde estavam Telma e Ricardo quando da confusão generalizada? Veja abaixo. E acredite se quiser.



Lembrando Moacyr Scliar.

Edson Pereira Cardoso, Agosto de 2011.

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