sábado, 4 de maio de 2024

GREVE SIM

A greve dos professores nas universidades federais é necessária? SIM

Parar é a maneira de buscar direitos e conservar os duramente conquistados 

Patrícia Valim, 03/05/2024, FSP

Professora do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Docentes e técnicos administrativos estão em greve em mais de 70 universidades e institutos federais. Historicamente, a greve é o principal mecanismo de luta da classe trabalhadora para conquistar direitos: salário mínimo, 13º salário, jornada de 44 horas semanais, seguro-desemprego, férias, horas extras remuneradas, adicionais de insalubridade e periculosidade, aposentadoria.

Mas há também greves de caráter regressivo, isto é, para não perder direitos conquistados, como as que ocorreram durante o governo Jair Bolsonaro: foram 1.118 em 2019 (Dieese, 2020) e 1.067 em 2022, com o funcionalismo público responsável por 59,4% delas (Dieese, 2023).

Ato de professores e estudantes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro nesta segunda-feira (15) - Luis Adolfo

O Andes-SN afirmou que, além da recomposição salarial, existe a necessidade de investimentos públicos nas instituições federais de educação, diante da corrosão desses investimentos no governo passado, sob Jair Bolsonaro (PL).

O MEC (Ministério da Educação) da gestão Lula (PT) diz que busca alternativas de valorização dos servidores da educação. No ano passado, o governo federal promoveu reajuste de 9% para todos os servidores, argumentou a pasta.

Docentes e outros servidores grevistas planejam fazer uma marcha em Brasília na quarta (17).

Equipes do MEC vêm participando, ainda segundo a nota, da mesa nacional de negociação e das mesas específicas de técnicos e docentes instituídas pelo MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) e da mesa setorial que trata de condições de trabalho.

Na última quinta-feira (11), o MEC realizou a primeira reunião da Mesa Setorial de Negociação Permanente. "A carreira de técnico-administrativos será reestruturada neste governo, mas dependemos do espaço fiscal que a junta orçamentária e o governo definirão", disse na ocasião o secretário executivo adjunto do MEC, Gregório Grisa.

Segundo balanço da Andifes (órgão que reúne reitores das universidades) no fim do dia, 18 universidades ainda farão assembleia para decidir sobre adesão e 12 decidiram por não aderir à greve. A organização diz que 15 universidades teriam decidido pela greve até agora: UFV, UFC, UFCA, UFPel, UnB, UFMA, UFCSPA, Unir, Ufop, UFV, UFPR, Unifesspa, UFTP, FURG e UFMG.

A Andifes representa todas as 69 universidades federais e dois centros federais de educação tecnológica. Em nota, a organização diz que acompanha de perto as reivindicações e tem conversado com representantes dos sindicatos.

Já o Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) ainda não tinha balanço completo sobre a adesão nos institutos federais.

Na semana passada, o presidente Lula (PT) cobrou maiores negociações do governo mas defendeu o direito à greve ao comentar sobre as reivindicações salariais dos servidores públicos. Lula disse que a ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) está "fervilhando de problemas", por suas negociações com servidores públicos.

"Ela [Esther] está fervilhando de problemas. Acho até que não devia ter deixado ela vir para cá, devia ficar negociando antes que a gente receba de presente as greves", disse. "A gente pode até não gostar, mas [greves] são direito democrático dos trabalhadores. Não tenho moral para falar contra greve, nasci das greves. Então sou obrigado a reconhecer."

Instituições que já estão em greve, segundo o Andes-SN*

    Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - campi Pouso Alegre e Poços de Caldas;

    Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – campus Rio Grande;

    Universidade Federal do Rio Grande (FURG;

    Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG);

    Instituto Federal do Piauí (IFPI);

    Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB);

    Universidade Federal de Brasília (UnB);

    Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF);

    Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP);

    Universidade Federal de Pelotas (UFPel);

    Universidade Federal de Viçosa (UFV);

    Universidade Federal do Cariri (UFCA);

    Universidade Federal do Ceará (UFC);

    Universidade Federal do Espírito Santo (UFES);

    Universidade Federal do Maranhão (UFMA);

    Universidade Federal do Pará (UFPA);

    Universidade Federal do Paraná (UFPR);

    Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB);

    Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa);

    Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);

    Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Com indicativo/construção de greve aprovada sem data de deflagração

    Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI);

    Universidade Federal da Paraíba (UFPB);

    Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);

    Universidade Federal do Piauí (UFPI);

    Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB);

    Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE);

    Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Deflagração/indicativo de greve após 15/04

    Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ);

    Instituto federal do Rio Grande do Sul (IFRS) - campi Alvorada, Canoas, Osório, Porto Alegre, Restinga, Rolante e Viamão;

    Universidade Federal de Sergipe (UFS);

    Universidade Federal de Uberlândia (UFU);

    Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Em estado de greve

    Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD);

    Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ);

    Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO);

    Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ);

    Universidade Federal de Santa Maria (UFSM);

    Universidade Federal do Pampa (Unipampa);

    Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA);

    Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

*Outras universidades não ligadas ao sindicato também podem parar

E mais

Greve 2024 

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